Sem interesse sexual: assexualidade não é o mesmo que demissexualidade

Na coluna da semana passada, falamos sobre a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank ter revelado em um podcast ser demissexual. Depois da declaração, surgiram muitos comentários nas redes sociais sobre os pontos que diferem a demissexualidade da assexualidade.

Enquanto na demissexualidade a atração sexual tende a se manifestar só quando há um laço afetivo ou emocional, na assexualidade há uma diminuição ou até nenhum interesse sexual, mesmo quando existe um envolvimento emocional. Dentro da assexualidade existe ainda a classificação dos assexuais estritos, que é a orientação em que a pessoa não sente ou nunca sentiu atração sexual por ninguém.

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Para entender mais sobre esse tema, conversei com o advogado paulistano Walter Mastelaro, 35 anos. Assexual estrito, ele me contou que no início demorou para se entender.

Primeiro, eu nem sabia que isso era possível. Sempre me disseram que a gente era ou hétero ou homossexual, no máximo bi. Então, na adolescência, o mais próximo que conseguia me sentir era bi. Mas, ainda assim, o meu desinteresse por sexo era algo que me diferenciava muito das outras pessoas. Foi só bem mais velho, aos 22, 23 anos, que encontrei uma explicação a respeito da assexualidade.

A falta de informação motivou o advogado a falar sobre o assunto. "Lá atrás, pouquíssimas pessoas conversavam sobre esse tema. Se hoje as pessoas ainda têm uma falsa ideia sobre assexualidade, antigamente era bem pior. Sempre achei que minha vida teria sido mais fácil se tivessem me explicado a possibilidade de ser assexual."

Walter explica ainda que existem quatro orientações que englobam a assexualidade e "que possuem internamente algumas microidentidades". Segundo ele, essa divisão busca explicar melhor experiências individuais e facilitar a comunicação de experiências dentro da comunidade. Seriam as seguintes:

• Assexualidade estrita: pessoas que não sentem ou nunca sentiram atração sexual;
• Demissexualidade: caso da atriz e apresentadora Giovana Ewbank, quando o interesse sexual é condicionado à existência de um vínculo ou uma conexão afetiva;
• Grayssexualidade: conhecida também como área cinza, define pessoas que sentem atração sexual em algum nível;
• Assexualidade fluída: define pessoas que flutuam entre a demissexualidade e a grayssexualidade; muito comum no Brasil, segundo o advogado.

Mastelaro lista, ainda, os três maiores mal-entendidos quando o assunto é assexualidade:

1º. Achar que assexualidade significa não gostar de sexo.
2º. Achar que a assexualidade é um trauma ou uma doença.
3º. Achar que a assexualidade significa frieza e distanciamento afetivo.

Você conhecia a assexualidade? Me conte aqui nos comentários!