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De jantar a sexo: o que rola num date virtual

A DJ gaúcha Sabrina Bastos, 24, que fez risoto no primeiro date virtual - Arquivo pessoal
A DJ gaúcha Sabrina Bastos, 24, que fez risoto no primeiro date virtual Imagem: Arquivo pessoal

Colunista do UOL

01/12/2020 17h57

No primeiro date virtual da vida, Sabrina preparou um risoto de shimeji. E ela nunca tinha feito esse prato antes. "A gente combinou o que iria cozinhar juntas. Eu não sabia fazer risoto, ela sabia. Marcamos e, conforme ela foi cozinhando, deixamos a câmera ligada e jantamos juntas, como se fosse um date real", conta a DJ gaúcha Sabrina Bastos, 24, radicada em São Paulo.

Dates virtuais se tornaram populares na quarentena. Conexões e novas experiências com pessoas de todas as partes do mundo acabaram trazendo algum alento em meio ao caos.

"A parte mais legal foi a que seria num date 'normal': conversar com a pessoa, conhecer e fazer uma coisa nova. A ruim é porque é por telefone", expõe.

A crush da DJ era de outra cidade e, apesar do encontro online ter sido positivo, a história das duas ficou só no jantar. "A gente se conheceu e tudo o mais, mas não rolou porque sou muito chata. É muito difícil eu conseguir ir além, aí paramos de nos falar. Mas eu gostei, foi legal."

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"No início da quarentena as pessoas estavam xavecando geral, fiquei com preguiça. Agora acho que tá mais suave, cada um na sua", diz Sabrina
Imagem: Arquivo Pessoal

"Até sexo virtual já rolou"

Com mais experiências virtuais no currículo, a publicitária carioca Paola Príncipe, 33, ensina o caminho das pedras:

"Troca umas mensagens, e aí marca. Escolhe o aplicativo de preferência e toma uns bons drinks na frente do telefone. Se tiver ruim, finge que a internet caiu. E se tiver bom, evolui."

Paola conta que os encontros virtuais costumam acontecer entre pessoas que já se conhecem por algum aplicativo, mas não se encontraram pessoalmente. "Pode ser Instagram, Facebook... até Tinder e afins. Tá valendo! Eu dou sorte, é impressionante! Mas sei que não é a realidade das pessoas. Acho que tenho um filtro pessoal bom. Fiz poucos dates virtuais nessa quarentena, mas foram ótimos. Papos que rendiam horas e horas. Até sexo virtual já rolou. Mas foi uma coisa meio estranha transar virtualmente com uma pessoa que não conheço de verdade. Não na hora, mas depois me peguei pensando. Parecia que tinha sido coisa da imaginação, sabe? Não parecia real", reflete.

Um dos dates de Paola foi com um crush apresentado por amigas em comum. "Estávamos longe um do outro. Se tivesse perto, tinha mandado o Uber buscar. Ele mora na Irlanda (a 9 mil km de onde moro). Como você pode ver, as pessoas no meu raio de alcance não costumam ser meu target", brinca a publicitária.

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"O lance virtual aconteceu na pandemia. A coisa que eu mais amo é sair, flertar... Saudades", diz a publicitária Paola Príncipe
Imagem: Arquivo Pessoal

"O curioso é que as pessoas acham date virtual estranho, perda de tempo. 'Vou gastar minha internet pra bater papo?' O que indica muito que as pessoas só querem transar. E conhecer as pessoas (mesmo que superficialmente, porque é o que dá pra fazer em um date), fica em segundo plano. Não que eu não queira transar, sempre quero, mas quero principalmente conhecer as pessoas. Gosto dos primeiros encontros, de ver o que a pessoa quer me apresentar, o que a gente vai ter em comum, os assuntos que vão virar debates. E consegui fazer isso nesses dates virtuais. Conversei bastante e chamei os amigos pra conversar junto, como se fosse mesa de bar", conta a carioca.

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Paola e a companheirinha de isolamento, Mel Aparecida
Imagem: Arquivo Pessoal

A mãe tá on: dicas de paquera

Provando que entende de amor e de humor, a publicitária explica que antes de marcar um date virtual, fazer perguntas básicas como "onde você gosta de ir?" e "qual sua posição política?", é imprescindível. "Sim, eu pergunto sobre política e qualquer argumentação de direita/liberal me deixa seca!", diverte-se.

"E aí o assunto flui: 'praia ou mato?', 'mundo corporativo ou start up?', 'start up ou miçanga na praia?'. E eu pergunto sempre se a pessoa ronca. É o maior quebra-gelo. E ainda garanto de não ter uma máquina agrícola dormindo comigo depois de transar. A pergunta do ronco sempre ganha a simpatia de quem não é morto por dentro".

"Eu passo 14 horas por dia em calls. Não vou passar mais duas horinhas bebendo uma cerveja e conhecendo uma pessoa? Ah, vouuuuu! Só se vive uma vez."