Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Sarah x Rodolffo: país passa pano para a homofobia com "ele tiramos depois"
"Eu tenho a minha vida superbem resolvida com relação à minha heterossexualidade. Eu gosto demais de um monte de gays. Não tenho preconceito para estar junto, bater papo, dar risada. E, aliás, uma das criaturas que mais me faz dar risada é a criatura gay."
Esse é o teor de um dos vídeos que o cantor Rodolffo deixou, antes de ser confinado no BBB 21, para vir à tona durante a jornada dele no reality — numa tentativa de copiar a estratégia de marketing de Manu Gavassi, no ano passado, que deixou conteúdos para serem publicados ao longo da atração. O problema é que, neste caso, não deu certo.
A fala homofóbica de Rodolffo, pois desumaniza um ser humano e o reduz a uma caricatura, foi uma tentativa torta de demonstrar simpatia à causa LGBTQIA+.
Na prática, o comportamento do cantor goiano no reality segue na contramão desse pretenso apoio. "Se vocês ficarem de tititi aí vocês vão ver", disse Rodolffo para Gil e Lucas na noite em que os dois protagonizaram o primeiro beijo gay entre homens da história do BBB.
Só quem é LGBTQIA+ entende o peso de um "vocês vão ver", uma ameaça velada. Rodolffo não "gosta demais da 'criatura gay', tampouco consegue disfarçar o mal-estar em dividir o mesmo ambiente que Gil. Olha de soslaio, sai de perto, bufa, reclama — que são formas de machucar sem agredir fisicamente.
"Ele a gente tira depois", foi a justificativa do público para eliminar Carla Diaz ao invés do sertanejo, no paredão da semana passada.
O cantor foi indicado pelo líder, Gil, que é gay, por causa de comentários homofóbicos que ele fez para Fiuk pelo fato dele usar vestido e maquiagem. Gil, que até então era amigo de Rodolffo, deixou a amizade de lado para marcar sua posição de não tolerar a homofobia.
O que pesou então contra Carla Diaz? O "crime" de a atriz desperdiçar a chance que teve de permanecer no programa se ajoelhando aos pés de um homem que não a merecia: o crossfiteiro Arthur Picoli de Conduru — que não foi seu parceiro no jogo, muito menos no amor.
Mas "ele (Rodolffo) a gente tira depois", prometeram os fãs do reality. E isso deveria, em tese, acontecer nesta terça (30). Só que aparentemente não vai. Se o resultado da enquete do UOL se confirmar, o público deve eliminar Sarah, que debochou da pandemia mais de uma vez dentro da casa e brigou com Juliette, e, de novo, deixar Rodolffo para depois.
"Tiramos depois" segue lógica de "se não der certo, a gente tira ele"
"Eu tô sendo invejado pela minha personalidade. O meu povo que tá me vendo... Eu tô cem por cento tranquilo. Eu sou assim lá fora", disse Rodolffo, após ter sido indicado ao paredão na semana passada por seu comentário homofóbico.
E "o povo" a quem Rodolffo se refere são as pessoas que compartilham de sua ideologia. "O voto é secreto, mas eu vim aqui tornar o meu público. Vou votar em Jair Bolsonaro", publicou o goiano, em 2018.
Rodolffo e Sarah, que duelam nesta berlinda, têm em comum a admiração pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na casa, a brasiliense declarou seu apreço pelo político e, recentemente, fez diversos comentários minimizando a gravidade da pandemia de coronavírus que já vitimou mais de 314 mil pessoas no país.
Desde então o favoritismo da consultora de marketing, que já foi cotada como uma das favoritas, despencou.
Mas, afinal, por que parece haver dois pesos e duas medidas no julgamento entre Rodolffo e Sarah? Numa resposta simplista: porque às mulheres não é permitido errar. Já os homens são vistos como eternos meninos em evolução.
É possível enxergar, nos resultados dos paredões do BBB, o reflexo da sociedade machista, misógina e racista em que vivemos.
"Ele a gente tira depois" tem a mesma energia de "se não der certo, a gente tira ele". E estamos onde estamos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.