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OPINIÃO

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Influenciadora fala sobre adoção e maternidade: 'Engravidei no coração' 

A influenciadora Carina Machado de Jesus, 31, o gerente comercial Bartolomeu Moura de Jesus, 38, e o filho, Levi - Arquivo pessoal
A influenciadora Carina Machado de Jesus, 31, o gerente comercial Bartolomeu Moura de Jesus, 38, e o filho, Levi Imagem: Arquivo pessoal

Colunista de Universa

15/12/2021 04h00

Casados há 13 anos, Carina e Bartolomeu sonhavam com o dia em que se tornariam pais. "Perdi as contas de quantos testes de gravidez fiz, de quantas vezes me olhei no espelho procurando alguma mudança no meu corpo, de quantas vezes entrei no Google para esclarecer algo sempre que surgia uma mínima esperança de estar grávida", conta a influenciadora Carina Machado de Jesus, de 31 anos.

Com o passar do tempo, a dificuldade para engravidar fez com que o casal de Paulínia, no interior de São Paulo, se consultasse com médicos em busca de respostas. Foi quando Barto foi diagnosticado com azoospermia, que é a ausência total de espermatozoides. Ela pode ocorrer tanto por uma obstrução no trato reprodutivo quanto por produção insuficiente de esperma. A doença afeta de 1% a 2% dos brasileiros.

De acordo com o médico do casal, a azoospermia pode ter razões genéticas ou ter sido causada pela quimioterapia, por exemplo. Barto enfrentou um câncer na adolescência. Os exames indicavam que as chances do casal engravidar por fertilização in vitro — uma possibilidade em alguns casos de azoospermia — eram nulas.

"Não queria adotar para substituir o filho biológico que não veio"

"Na época, em 2012, essa notícia causou uma dor muito grande, nos deixou bastante abalados. No ano seguinte, conversamos sobre adotarmos. Eu não queria adotar para substituir o filho biológico que não veio, afinal, na adoção o foco principal deve ser o bem-estar da criança. Eu tinha muitas dúvidas e medo de não estar psicologicamente preparada", conta Carina.

O casal esperou por três longos anos até que Barto resolveu arrumar toda a papelada e eles deram início ao processo de adoção. "Esse tempo foi necessário para estarmos seguros e preparados para receber o nosso futuro filho. Eu estava super animada, comecei a acompanhar outras pessoas que adotaram e estava cada vez mais apaixonada pela ideia."

Sem contato próximo com famílias que tinham adotado, Carina e Barto passaram a acompanhar a rotina das que não estavam fisicamente perto, mas que produziam conteúdo para a internet. "Acredito que isso levou a gente a compartilhar a nossa história no Instagram também, até porque a gente se beneficiou de outras famílias que faziam isso. Falar sobre adoção, além de trazer esclarecimento, pode ser uma motivação pra quem tá em dúvida e tem medo."

Para se habilitar à adoção é necessário ter mais de 18 anos. O processo é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima da residência de quem deseja adotar. Outros detalhes podem ser obtidos no site do Conselho Nacional de Justiça. No Brasil, há 4.080 crianças aguardando adoção.

"Adoção não é uma aventura"

Carina explica que a escolha do perfil do filho a ser adotado não é simples. "Precisamos ser muito sinceros e avaliar as nossas expectativas. Para algumas pessoas, viver a primeira infância com seu filho é muito importante; outras já preferem ter uma criança maior, com certa autonomia. Deve-se pensar também a respeito de grupos de irmãos que não devem ser separados e crianças com doenças não tratáveis. Adoção não é uma aventura, e sim escolhas responsáveis que nos acompanharão por toda a vida", pondera.

Para ela e Barto, a espera acabou no ano passado, com a vinda de Levi. "Após alguns, anos fomos habilitados no Cadastro Nacional de Adoção. Em 2020, em meio à pandemia, recebemos a ligação mais aguardada das nossas vidas: a chegada do nosso milagre. Desde então nossa vida mudou muito e os esforços foram todos voltados para o novo membro da família."

Carina, Barto e Levi - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
"Desde que conhecemos o Levi, há 1 ano e 3 meses, estávamos na expectativa da conclusão do processo. Quando soubemos do parecer favorável do juiz autorizando a adoção foi uma festa", conta Carina
Imagem: Arquivo pessoal

"Engravidei no coração. O que fazer enquanto meu filho não chega?"

Para a influenciadora, ler livros e ver filmes com essa temática, além de acompanhar outras famílias que se formaram pela adoção, faz toda a diferença durante o processo. Tirar fotos, fazer vídeos e confeccionar álbuns que contem a história da espera também.

De um jeito leve e informativo, Carina fala sobre maternidade, adoção e compartilha o dia a dia da família no Instagram, onde tem mais de 24 mil seguidores.

"A maior recompensa é ver outras pessoas se identificando com a nossa história e se abrindo, falando coisas que nunca falaram pra ninguém, dizendo que não se sentem sozinhas nessa estrada. Pessoas que estão passando por momentos difíceis de luto, de infertilidade ou outras que têm esse desejo de adotar mesmo já tendo filhos biológicos. Nossa maior motivação é ter esse feedback e ajudar outras famílias a se formarem."