Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Angel e Giovanna se pegando em 'Verdades Secretas': onde mora o prazer?
Duas cenas marcantes não saem da minha cabeça: Rebeca, personagem de Andréa Beltrão, se masturbando em "Um Lugar ao Sol", e Angel (Camila Queiroz) e Giovanna (Agatha Moreira) se pegando com vontade em "Verdades Secretas 2", ambas na TV Globo.
As tramas — coerentes ou não — já deixaram um legado. Quando foi a última vez que você viu algo parecido em horário nobre, numa emissora aberta de televisão?
Aliás, quando foi a última vez que ouviu falar de siririca de forma tão explícita? Ou que viu duas mulheres se atracando com tanto desejo?
Por que, para os garotos, a masturbação é incentivada desde a adolescência e, para as garotas, não se fala com a mesma naturalidade sobre "demorar demais no banho"? Por que a imagem de duas mulheres juntas na cama ainda é mais interpretada como um fetiche masculino do que como parte inerente da sexualidade de tantas mulheres?
A gente acha que é livre, mas não é. Dogmas religiosos e estigmas culturais moldam nossos pensamentos e permeiam nossas escolhas, ainda que inconscientemente.
Abaixo os padrões limitantes
Me entender lésbica na adolescência, por volta dos 16, foi um processo. Senti medo, culpa, remorso. A posse integral sobre o meu corpo só aconteceu muito tempo depois, quando eu já tinha mais de 30. Até então, o que eu fazia na cama não era exatamente o que eu queria, mas o que eu tinha sido condicionada a acreditar que queria.
Por um lado, eu tinha rompido os laços com a heteronormatividade compulsória, o que foi um passo significativo. Por outro, me deparava com padrões limitantes. "Você não gosta de homem, então não gosta de pau", foi uma das frases que mais escutei — e acatei por anos, sem pensar muito a respeito.
Comprar um pau? Transar de cintaralho? Fora de cogitação. Usar cinta-liga e outros acessórios? Jamais! "Não preciso, me garanto, tá bom como tá", eu pensava, do auge da minha ignorância.
A gente tende a achar que sabe tudo quando é jovem. As coisas começam a mudar quando a gente passa a admitir que não sabe. A jornada é individual. Referências, todas possíveis, ajudam a pavimentar o caminho. E é isso o que vemos nas duas cenas marcantes que eu citei acima. Que venham outras!
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.