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Numa Kombi, ela desbrava o Brasil ao lado da cachorrinha: 'Amo essa vida'
Anos atrás, se alguém dissesse para a vaidosa Mariana que ela moraria numa Kombi, a carioca teria gargalhado. Fã de cílios postiços, unhas compridas, babyliss e salto alto, ela encararia a 'previsão' como uma piada. Só que as coisas mudam.
Um dia, o então marido, Pedro, comentou sobre casais que ganhavam o mundo viajando em motorhomes, e, aos poucos, o que era só uma possibilidade foi ganhando espaço no coração dos dois.
"No Rio, a gente não tem muito essa cultura de motorhome. Isso era tão fora da minha bolha que eu não conseguia imaginar, mas já tinha uma vontade de viver viajando, e essa era uma forma acessível pra gente, então eu quis arriscar", conta a editora de vídeo Mariana Pereira de Rezende da Costa, de 33 anos.
"Quando a gente realmente foi, me encontrei tanto!.. Eu falo que quando você vê, é impossível desver. Hoje não consigo imaginar outro estilo de vida", revela.
"Quando eu tô dentro da Kombi, sinto que é a minha casa mesmo"
Decididos, Mariana e Pedro passaram um ano e meio preparando o veículo azul-claro para a estrada. Carinhosamente apelidada de 'Mozão', a kombihome foi o lar itinerante da família por um ano e meio, inclusive durante a pandemia.
E a aventura do trio: Mariana, Pedro e a cadelinha Dublin, começou a ser documentada no YouTube, no canal 'Deixando o Amor Guiar', que conquistou 60 mil inscritos.
Mas um dia Mariana e Pedro quiseram seguir caminhos diferentes.
"Quando me separei foi um choque, foi bem inesperado. Ele perguntou o que eu queria fazer, e eu quis continuar, não via outro caminho. Eu nunca tinha dirigido a Kombi, era sempre o Pedro que dirigia, mas sabe quando você quer muito uma coisa? E então eu falei: 'Vou encarar!'. E fui surpreendida pela minha coragem."
"Agora é muito mais desafiador. Eu vim de uma mentalidade viajando em casal. Quando me vi sozinha dentro da Kombi, me senti muito vulnerável e exposta. Até pra pedir uma ajuda, analiso bem pra quem, porque vou mostrar pra pessoa que eu tô ali sozinha. Por mais que eu tenha a Dublin, ela é quase um bibelô. Estou sempre em alerta, na defensiva, e pensando em todos os cenários que podem acontecer e como vou sair daquela situação."
Para ganhar as estradas, Mari conta que estar conectada faz toda a diferença. "O aplicativo queridinho dos viajantes é o iOverlander, que mostra pontos de parada onde tem banheiro e lugar para dormir de forma segura. Além dele, tem o MaCamp, que mostra os campings por perto. E, claro, faço parte de grupos de viajantes no WhatsApp e no Facebook da galera que está sempre viajando. As pessoas se ajudam muito."
Com a fiel escudeira Dublin, que pesa apenas um quilo, Mariana já explorou rotas no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ainda na capital catarinense, Florianópolis, agora ela quer descer até o Rio Grande do Sul, e, depois, aproveitar o sol no Norte e Nordeste.
"A gente só sabe da nossa força e coragem quando encara aquilo, sabe? Eu sou muito contra essa coisa de largar tudo e ver o que acontece, deixar a vida muito incerta. Sou bastante pé no chão. Pras mulheres que têm esse sonho, a dica é começar aos pouquinhos: faz uma viagem sozinha, vai pra determinado estado com um lugar pra ficar, algo meio planejado, e dali pensa em ir para outro. Sai um pouco do roteiro e vê o que acontece. É diferente viver na estrada e viajar sozinha pra um lugar com roteiro planejado. Eu amo viver na estrada, mas são muitos imprevistos, e às vezes dá um esgotamento mental", alerta.
Mari também pontua que, para viver na estrada, entender de mecânica faz toda a diferença. Além disso, pra ela, praticar o desapego é fundamental.
"Aprendi que menos é mais. Eu tinha muitos sapatos, muita roupa, muita maquiagem, cabelo comprido... Foi uma adaptação. Hoje tenho quatro calçados: dois tênis, um chinelo e uma sandália - e acho até muito, na verdade. Aos poucos você vai se adaptando pro dia a dia, mas é um choque. Hoje, todas as minhas roupas cabem numa caixa."
A terceira dica de ouro, para ela, é acreditar na intuição.
"Quem vive na estrada tem muito isso. Se você não se sentir bem em algum momento, se chegar num lugar e pensar 'não sei se eu devo ficar', não fique. Se não se sentir confortável num lugar, sai e procura outro. Por ser mulher, já passei por várias situações, mas a gente é capaz. Tem muitas mulheres incríveis que a gente encontra no caminho, homens também, que estão dispostos a ajudar", diz.
As dores e as delícias desses quase três anos on the road, ela compartilha no YouTube e também no Instagram, onde tem 50 mil seguidores.
A mãe, o pai e o irmão da Mari, que ficaram no Rio, são os maiores apoiadores da aventura dela. "Foi uma surpresa pra mim o quanto me incentivaram. Eles falaram: 'Tem certeza de que é o que quer? Então vai, tenha essa vida. A gente tá aqui pro que der e vier'. São meus maiores incentivadores, meus pais e meu irmão, e isso me deixa muito feliz. Meu irmão, então, acha que sou muito louca, que tenho a vida dos sonhos, que sou incrível! Eles são tudo pra mim", finaliza, com um sorriso largo, sua marca registrada.
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