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Em trabalho inédito, fotógrafa revela 102 histórias de amor entre mulheres
"Durante a pandemia, eu estava estudando temas LGBTs e senti um apagamento muito grande da história das mulheres. Não encontrei relatos, não encontrei histórias, e assim surgiu a ideia do Documentadas", explica a fotógrafa e comunicadora visual Fernanda Piccolo, de 25 anos, idealizadora da plataforma.
Lançada há um ano e meio, o Documentadas é a primeira base de registro e de documentação do amor entre mulheres do mundo. "Esse projeto vai na contramão de muita coisa. A gente fala de amor num momento de ódio. E vive algo mais calmo num momento de coisas aceleradas de TikTok. O Documentadas é uma escuta, uma conversa", fala Fernanda.
Até o momento, o projeto já registrou mais de 102 histórias reais de 204 mulheres lésbicas e bissexuais em todo o Brasil. As fotos e os relatos dos casais são publicados no Instagram e no site, o www.documentadas.com.
Além de representatividade, os dois canais fomentam o networking entre mulheres. No site, por exemplo, além da ferramenta de busca por cidade, a troca de mensagens diretas é facilitada.
"Semana passada eu estava em Rio das Ostras (RJ), e documentei duas mulheres de 50 anos, que são duas professoras de escola pública, vivendo um amor maravilhoso e se descobrindo através dele. Esse amor é muito revolucionário. Descobrir esses olhares através do Documentadas e descobrir tudo o que a gente pode ser é muito importante."
O trabalho de Fernanda, aliás, é intrinsecamente ligado à sua vida pessoal.
Nascida em Criciúma, cidade no extremo sul de Santa Catarina e que hoje tem pouco mais de 200 mil habitantes, ela saiu de casa cedo, aos 16 anos, e se mudou para Porto Alegre.
Na capital gaúcha, um "oásis", ela entendeu que além da faculdade de fotografia e comunicação visual, também podia viver plenamente sua sexualidade.
"Sou de uma cidade do interior, e eu acho que isso era uma questão pra mim, ser de uma cidade muito pequena gostando de mulheres. Fico com mulheres desde os 14 anos, desde quando comecei a me entender enquanto gente. Na primeira oportunidade que eu tive de sair de Criciúma, eu saí. Eu não ia conseguir ser o que eu era lá. Hoje em dia eu faço questão de voltar com o Documentadas em cidades menores justamente para que o Documentadas tenha essas representações."
Depois de viver cinco anos em Porto Alegre, a fotógrafa se mudou para o Rio de Janeiro, onde mora há quatro.
"Se existisse uma Fernanda na cidade dela, com 15 anos de idade, e ela entrasse num Documentadas, por exemplo, ela poderia chegar à barrinha de pesquisa do site, colocar 'Criciúma', e achar histórias de mulheres lá de Criciúma. E ia ver que ela não tava sozinha lá. E ver que existem mulheres que se amam, são felizes, e vivem uma vida completamente digna juntas. Ela veria que é possível ser uma mulher lésbica naquela cidade, e não precisaria sair, ir pra uma capital, e enfrentar tudo o que enfrentou sozinha. Eu acho que representatividade é muito importante", comenta a fotógrafa, sobre o trabalho visceral que realiza.
"Agora eu tento voltar, levar o Documentadas pra casa", pontua Fernanda, que pretende, em breve, amplificar o alcance da plataforma publicando os registros em livro, vídeo-documentário e podcast.
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