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OPINIÃO

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Musa lésbica do TikTok abraça rótulo de 'sapatop': 'Causo ódio ou amor'

Colunista do UOL

24/08/2022 04h00

Mesmo que você não seja um dos mais de 2 milhões de fãs que a pernambucana Joelly Menezes, de 26 anos, tem nas redes, é bem provável que já tenha visto, em algum lugar, pelo menos um vídeo dela.

Nascida e criada em São Joaquim do Monte, cidade com pouco mais de 21 mil habitantes, Joelly trabalhava como balconista em uma farmácia quando começou a postar dancinhas e flertes fazendo caras e bocas no TikTok. E aí, o que começou com uma brincadeira no início do ano de 2020, uma distração durante a pandemia, bombou.

"A Joelly do TikTok é um personagem, é a Joelly que eu não consigo ser com as pessoas. Sou tímida. Criei aquela personagem e conseguia me soltar, dançar, brincar... Coisas que eu não consigo fazer pessoalmente. E foi crescendo muito rápido, em um ano eu bati 1 milhão de seguidores", conta a influenciadora.

Pra se ter uma ideia da popularidade dela, só no TikTok seus vídeos têm mais de 23 milhões de curtidas, além da miríade de compartilhamentos em todas as outras plataformas. Mas nem tudo são flores.

"Quando comecei, o pessoal perguntava se eu era a menina do TikTok e eu negava, morria de vergonha. Falava que não era, depois falava que era, porque foi algo muito louco. É surreal receber o amor das meninas e meninos em geral, mas também tem muito hater. O pessoal critica muito e fala coisas do tipo 'ah, Joelly 'sapatop', 'hétero top', sei o que lá...', e isso acabava me retraindo."

"Sapatop"


"Me chamam de 'sapatop' por dançar, sensualizar para a câmera ali. Acho que é muito 'hétero top'. Só que quando comecei a fazer isso, vi que tinha gente que odiava e que amava. São reações. Isso leva o vídeo para mais pessoas, e era o que eu queria. Tem vídeos em que exagero ainda mais e acabam viralizando. Nesse agora, tem a Joelly 'sapatão' e a Joelly 'fem', em que eu mostrei um lado feminino", diverte-se.

Conseguir falar com tanta leveza sobre a própria sexualidade, entretanto, nem sempre foi fácil assim.

"Sempre me entendi como homossexual, desde criança. Quando tinha amiguinhos e, em vez de se apaixonar pelo amiguinho, se apaixonava pela amiguinha? Eu era assim. Sempre me entendi, mas tive medo e não aceitava. Não queria aquilo para mim porque achava que era errado, até por questão de religiosidade. Frequentava a igreja evangélica, então não me aceitava muito. Meu maior obstáculo não foi minha família, mas eu mesma. Quando me assumi, tive a minha família do meu lado, principalmente a minha mãe. Ela e minha irmã me abraçaram, me amaram e me apoiaram, independentemente da minha sexualidade."

Acostumada a lidar com as críticas na internet, ela conta que as que mais a atingem são as publicadas por pessoas da comunidade LGBTQIA+.

"Tem muitos comentários, principalmente no Twitter, em que o pessoal pesa a mão. Mexe comigo sofrer preconceito do próprio grupo LGBT, fico assustada. Mas depois eu penso que se o pessoal está falando, é isso que importa. É o meu trabalho, é isso que me mantém, então eu tenho que causar ou ódio ou amor. Estou aqui para isso."


A cara do Mário?


Lembra do Mário Júnior? Aquele que ficou conhecido como 'o galã do TikTok' pelos vídeos em que ora flertava com a câmera, ora exaltava as mulheres? Joelly diz que já foi muito comparada com o influenciador e revela que, sim, pode haver algo em comum entre os dois.

"Não acho que fisicamente sejamos parecidos. Talvez as pessoas achem pelos vídeos, pelos trejeitos que eu invento. Ele começou na mesma época. Vi muitos vídeos dele e talvez eu tenha pegado um pedacinho dele ali pra fazer", entrega.


Musa lésbica do TikTok


O boom nas redes mudou completamente a vida e a rotina de Joelly, que também é estudante universitária, está no quarto período de direito. Depois de estourar como musa lésbica do TikTok, ela deixou a cidade pequena onde morava e o trabalho como balconista e se mudou para São Paulo.

Na capital paulista, além de produzir conteúdo divertido para a internet, a influenciadora passou a licenciar produtos com seu nome, de roupas a produtos de beleza.

"Vim para São Paulo com o sonho de crescer ainda mais nas redes. Aqui, comecei a entender que, bem ou mal, falarem de mim é o que importa. Hoje, se o pessoal reconhece, seja fã ou hater, eu vou lá e abraço, tiro foto. Já estou menos tímida."