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Após amputação por pneumonia, ela faz sucesso nas redes e fala sobre sexo
"Vamos quebrar esse tabu e falar sobre sexo com pessoas com deficiência? Tenho cara de criança, mas já estou na beira dos 30. Já me relacionei com outras pessoas depois da minha amputação. Mas como que é ter relações sendo deficiente? É igual! Não muda nada. A prótese é como se fosse um sapato. Você não faz sexo de sapato. Então tiro a prótese pra fazer."
Despachada e bem-humorada, a influenciadora paulistana Leticia Fabri, de 28 anos, é um sucesso nas redes. No TikTok, tem quase meio milhão de seguidores. No Instagram, são 168 mil. Com números tão expressivos, é até difícil imaginar que o conteúdo dela começou a viralizar justamente num dos momentos mais delicados de sua vida.
Em 2018, após sentir-se mal no trabalho —na época, um escritório de agenciamento de palestras—, ela procurou um hospital. Lá, foi diagnosticada com pneumonia bacteriana. Era dia 5 de março, uma segunda-feira.
Leticia precisou ser intubada e passou três meses internada. Seu estado de saúde era extremamente grave. Durante esse período, ela teve uma sepse, uma infecção generalizada que, entre outros efeitos, provocou a necrose e, consequentemente, a amputação de seus dois pés.
"Por causa da pneumonia bacteriana, também perdi a audição dos dois ouvidos. Uso aparelho auditivo. E a minha visão também foi afetada, para enxergar uso óculos. Sem eles fica tudo muito embaçado."
Antes e depois
"Minha vida mudou totalmente, virou de cabeça pra baixo, mas é aquela frase clichê que as pessoas falam: 'A gente descobre que de cabeça pra baixo é o nosso lado mesmo'. Parece que aquela Leticia antes da amputação não era eu de fato. Senti que comecei a escrever a minha história, a entender de verdade quem eu era, depois da amputação. Criei uma maturidade muito diferente depois de tudo o que aconteceu e me encontrei na minha deficiência", revela.
Na época, aos 24, Leticia mantinha um relacionamento de três anos. Entre amputações e perdas, o que mais doeu, conta ela, foi a ausência do namorado.
"O que mais me atingiu foi o término de relacionamento da forma como aconteceu. No momento mais difícil da minha vida, a única coisa que eu queria era uma pessoa pra me apoiar caso um dia eu estivesse mal e quisesse conversar, me distrair, estar junto, receber um carinho diferente. E não teve. Essa pessoa simplesmente se mandou, deu as costas. Acho que, se não fosse a minha família comigo, eu não teria suportado tudo que suportei."
Quando recebeu alta, Letícia quis gravar um vídeo para atualizar amigos e colegas e tranquilizá-los sobre seu estado de saúde. O que ela não esperava é que o jeito leve de tratar um assunto tão complicado faria com que o conteúdo fosse compartilhado por tanta gente que ela nem conhecia.
A virada
"Muitas pessoas começaram a compartilhar, me seguir, mandar mensagem e ficar impactadas com a história. É o meu jeito de falar, sabe?
Leticia e o irmão mais velho têm uma doença autoimune chamada trombocitopenia, que é rara e causa uma queda no número de plaquetas no sangue. Por isso, os dois foram submetidos a uma rotina hospitalar intensa desde a infância.
"Levei isso muito de boa e com alto-astral porque aprendi a agir assim desde pequena, com humor, pra conseguir encarar tudo. Não foi uma vida fácil, mas com muita brincadeira conseguimos chegar até aqui. E isso chamou a atenção das pessoas de imediato, e elas começaram a querer acompanhar a minha rotina", diz.
"Garota amputada, com os dois pés na cova e deficiente auditiva", é como Letícia se apresenta nas redes, com o humor peculiar que ela garante ter herdado do pai, que faleceu em 2017, um ano antes da internação dela.
"Sempre fui muito brincalhona porque o meu pai sempre fez muita piada de tudo na vida. Éramos assim em casa. Depois de tudo o que aconteceu, a minha cabeça mudou muito e passei a perceber o que era mais importante, mais necessário: as pessoas que eu deveria de fato valorizar. A vida muda muito, mas penso que mudou de uma forma muito boa e muito positiva", conclui.
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