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A bordo de Kombi, namoradas partiram pra estrada e já faturaram R$ 1 milhão
Quando decidiram colocar os pés na estrada, as namoradas Ana Osterloh, 26, e Joice Schaufhauser, 33, não sabiam exatamente o que as esperava. A ideia era conhecer alguns estados do Brasil e, depois, viajar pela América do Sul até o Atacama, no Chile.
Do ponto de origem das duas, Rio Negro, uma cidade com 34 mil habitantes no interior do Paraná, até o deserto mais alto e mais árido do mundo são quase 2.000 km em linha reta, mas elas já rodaram muito mais do que isso.
"A gente não tinha muita ideia do que tava fazendo. Acho que é por isso que foi tão rápido e deu certo, não ficamos pensando nos pontos negativos de como seria essa aventura. A gente simplesmente caiu na estrada e foi vivendo e se moldando conforme o que foi acontecendo."
Antes, Joice fotografava casamentos. Ane trabalhava em uma multinacional e atendia 150 produtores rurais da região. E foi depois de uma viagem de férias no Chile que as duas decidiram que iriam voltar para lá. Mas de um jeito bem diferente.
Com R$ 10 mil elas compraram a primeira Kombi que encontraram, fizeram alguns reparos e ainda tinham uma pequena reserva financeira que pagaria as contas por dois meses, no máximo. A epopeia começou no finalzinho de 2019.
Na época, sem nenhuma experiência e sem referências, pois não conheciam outros viajantes de Kombi e motorhome, as duas adaptaram o veículo como puderam.
"A Kombi não tinha frigobar, não tinha placa solar, não tinha um guarda-roupinha. Tinha uma cama gigante dentro dela, uma pia e um fogão. E era isso", conta Joice.
"O que chama muito a atenção das pessoas é o tempo que a gente preparou tudo e saiu pra estrada. O nosso planejamento aconteceu em três meses. E, na verdade, não foi bem um planejamento, foi o tempo pra arrumar a Kombi, a Formosa. O planejamento financeiro e tudo o mais a gente foi construindo na estrada", revela Ane.
Foi justamente a pouca estrutura e o orçamento enxuto que fizeram toda a diferença na experiência do casal.
"Numa das primeiras viagens, falei pra Joice: 'Para neste posto que vou tentar um almoço pra nós'. Desci lá e falei pra moça que a gente tinha um projeto que se chamava Meninas da Kombi e perguntei se ela aceitaria uma troca. Na época, a gente tinha 1.000 seguidores no Instagram. Ela aceitou. A gente almoçou e, em contrapartida, fez a divulgação pra ela. Depois, a gente foi pra um parque aquático onde fez uma parceria também. E não parou mais."
Para ter renda, as Meninas da Kombi já venderam brigadeiro, maçã do amor e até quentão nas cidades por onde passaram. Depois, entenderam que era possível monetizar o conteúdo que produziam pras redes, tanto pelas visualizações no YouTube quanto pelos selos das lives. E pelo aumento crescente do número de fãs —que só no Instagram já são mais de 77 mil—, desenvolveram produtos como canecas, camisetas e moletons com a marca delas.
Nesses quase três anos, entre patrocínios, parcerias e produtos, elas já rentabilizaram R$ 1 milhão.
"A gente acabou fazendo coisas que não faria se tivesse grana naquele momento. Ficaríamos muito presas naqueles rótulos do dia a dia, do que fazer pra ganhar dinheiro. No começo, a gente fez como deu e foi incrível. Na estrada, a gente não vendia o brigadeiro, a gente vendia a nossa história. Tivemos experiências maravilhosas, conhecemos muitas pessoas, foi muito legal!"
Entre boas surpresas e contratempos, a intensa rotina na estrada acabou fortalecendo ainda mais os laços de parceria e cumplicidade entre as duas.
"A gente não divide só a nossa rotina ou a viagem, mas tudo. O projeto, a parte financeira, as dificuldades do dia a dia. Com o tempo, aprendemos a ter mais paciência, tolerância e a entender e respeitar mais a outra. Hoje a gente pode dizer, com certeza, que briga menos do que brigava antes."
A bordo da Formosa, o casal já percorreu Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Na Argentina, dirigiu por toda a Ruta 3, que liga Buenos Aires a Ushuaia, no extremo sul do país, e estacionou em Bariloche, onde a Formosa ficou para alguns reparos. Ana e Joice voltaram para Rio Negro, onde permanecem por algumas semanas com as famílias, até retornarem de bicicleta para Bariloche, a 3.000 km de distância.
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