COVID-19: Segunda onda na Europa tem apelo de Merkel e medo de lockdown
"Nós estamos em risco de perder tudo que conquistamos até agora. Por isso, eu faço um apelo a vocês: sigam as regras que precisam ser aplicadas até o futuro próximo. Todos nós, cidadãos, precisamos prestar mais atenção uns nos outros." O pedido foi feito por Angela Merkel no parlamento alemão na terça-feira.
A chanceler deixou seu estilo calmo de lado e foi emocional: "eu também sinto falta de contato pessoal, eu também sou humana". Motivo para o tom: o aumento dos casos de Coronavírus na Alemanha. O país, considerado um exemplo no controle da doença, tem visto um aumento exponencial no número de infectados pelo vírus.
Na quinta-feira, foram registrados 2.503 casos novos, número semelhante a abril, quando o país estava em lockdown. Na véspera do discurso, a chanceler afirmou que se o crescimento continuar na mesma velocidade, em dezembro a Alemanha poderá ter mais de 19 mil casos novos diários.
O clima de medo no país onde moro é justificado quando olhamos para outros lugares da Europa. No momento, a França registra uma média de 10 mil novos casos por dia. Na Espanha foram registrados 11 mil casos novos na quinta-feira, 43% deles em Madri. No Reino Unido foram cerca 7 mil casos só ontem.
A temida segunda onda chegou com tudo na Europa, como era previsto. Segundo o Roberto Koch Institut em Berlim, esta situação pode estar relacionada às voltas das férias (sim, as viagens foram liberadas) no início de agosto. Atualmente, os pesquisadores afirmam que os locais de maior transmissão são eventos, bares e festas. Celebrações de família, como um casamento ou simples almoço de domingo também espalham o vírus.
Mas um lockdown "geral", nesse momento, só será adotado em último caso, e seria aplicado em regiões. Na Alemanha e outros países da Europa, a maioria das medidas são regionais, baseadas em números de casos.
Em Berlim, os números são preocupantes e acenderam o alerta vermelho na quarta-feira (são mais de 30 casos por 100 mil registrados em uma semana seguida). Por isso, a partir de segunda-feira as regras mudaram: máscaras devem ser usadas em escritórios. Eventos privados com mais de 25 pessoas (do lado de dentro) e mais de 50 (do lado de fora) estão proibidos.
Em toda a Alemanha, cientes que frequentam bares e restaurantes devem deixar seus telefones para que, o caso uma infecção seja notada, todos sejam avisados e testados. Quem der endereço errado pode ser multado. O mesmo vale para os donos de restaurantes.
Fashion Week em estado de emergência
Em outros países da Europa, as regras já são muito mais restritas. Na Inglaterra, desde o começo de setembro, encontros de mais de seis pessoas estão proibidos. Em algumas áreas, a partir de segunda-feira, as pessoas só poderão socializar com pessoas da mesma casa em que moram. Isso porque, nessas regiões, o número de casos passou de 100 por 100 mil habitantes. Nessas localidades, bares e restaurantes têm que ser fechados entre 22h e 6h.
Ontem foi anunciado que em Madri as viagens seriam controladas. As pessoas só devem viajar com bons motivos justificáveis. Entradas e saídas da cidade serão controladas. A entrada de visitantes também seria restringida. Outras medidas podem ser anunciadas e um lockdown não está descartado.
As mudanças rápidas nos números e medidas criam muitas situações distópicas e geram muita incerteza. Tudo pode mudar muito rápido. Em Paris, por exemplo, acontece no momento a famosa Paris Fashion Week, com 16 desfiles presenciais. Fashionistas tiram fotos de máscara e fazem carão, enquanto os números na cidade chegam perto do alerta de emergência máximo.
O governo de Paris fez uma reunião de emergência na quinta-feira por causa do aumento dos casos e vai decidir na segunda-feira se decreta ou não estado de emergência. "Estamos no suspense se vai virar alerta máximo nos próximos dias", diz minha amiga Márcia Bechara, que mora em Paris. Detalhe: a semana de moda acaba dia 6 de outubro. Sim, os habitantes do mundo estão vendo desfiles e festas enquanto uma cidade se prepara para entrar em alerta máximo...
Sim, o novo normal não é bacana. No momento, para nós que aqui estamos, é caótico, cheio de mudanças e de apreensões.
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