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Nina Lemos

Rebecca: versão pop de obra de Hitchcock tem tudo para virar um sucesso

Cena do filme "Rebecca, a mulher inesquecível"  -  Netflix/Divulgação
Cena do filme 'Rebecca, a mulher inesquecível' Imagem: Netflix/Divulgação

Colunista do UOL

21/10/2020 10h53

"Um filme que não devia ser feito", "desnecessário". Estas estão sendo as reações de parte da crítica ao filme "Rebecca, a Mulher Inesquecível", que estreou hoje (21/10) na Netflix. Motivo: a obra é uma versão pop do clássico de Hitchcock de 1940 e é estrelado por Lily James.

Esqueça os críticos. Se você encarar o filme como entretenimento, ele é uma ótima diversão para esses tempos de confinamento.

"Rebecca, a Mulher Inesquecível" é baseado no livro de Daphne du Maurier de 1938 e é uma espécie de "releitura" do clássico homônimo de Hitchcock, uma obra-prima lançada em 1940, estrelado por Laurence Olivier e Joan Fontaine, O filme original rendeu dois Oscars para o cineasta, inclusive o de Melhor Filme. Só "mexer nisso" já seria um motivo para polêmica.

Sim, "a mulher inesquecível" de Hitchcock é um clássico. Mas a versão da Netflix tem tudo para ser um sucesso.

A obra conta a história de uma jovem (Lily James) dos anos 30 que trabalha como acompanhante de uma senhora e conhece um milionário viúvo, Max de Winter (Armie Hammer), com que se casa. Ao mudar para a mansão dele, ela, que se torna a "Senhora de Winter", tem que encarar os "fantasmas" deixados pela ex-mulher, a primeira "Senhora De Winter", morta de forma misteriosa.

Uma das partes centrais do filme é o embate entre duas mulheres. A jovem interpretada por Lily e a governanta da casa (vivida por Kristin Scott Thomas), amiga da ex-patroa, que tenta sabotar o começo de vida a dois da jovem.

As duas estão atuando bem, o figurino e o cenário são de primeira.

A personagem principal de Rebecca lembra um pouco as heroínas dos romances de Jane Austen (diverte, entretém, e tem uma mensagem política também).

Outro fato interessante da obra é o fato das duas personagens principais serem um tipo bastante retratado nos romances de época: é uma "fraulein", "uma governanta", exemplos de alguns dos únicos trabalhos feitos por mulheres na época e uma espécie de estereótipo de mulher independente e destemida daqueles tempos.

E o feminismo? Bem, a obra não é um panfleto militante, de jeito algum. É um filme de ficção. O tom feminista (que é, inclusive, um dos motivos para o filme ser polêmico) está presente em alguns diálogos entre as duas mulheres, que dizem coisas do estilo:

"Você sabe como é a vida de uma mulher, ou ela é casada ou é empregada. Eu estou velha para os dois."

"As mulheres não podem ser livres."

"Como mulher não posso escolher."

Só o fato de colocar uma pitada de feminismo e mexer na obra de Hitchcock já é uma heresia para muitos. Mas, desculpem, o filme, que é aguardado com expectativa por fãs de Lily James, deve agradar o público.

Sim, a nova versão de "Rebecca" está longe de ser um clássico. Mas isso também não é um problema. A personagem de Lily James tem tudo para virar uma "heroína" das garotas de 2020.