Rebecca: versão pop de obra de Hitchcock tem tudo para virar um sucesso
"Um filme que não devia ser feito", "desnecessário". Estas estão sendo as reações de parte da crítica ao filme "Rebecca, a Mulher Inesquecível", que estreou hoje (21/10) na Netflix. Motivo: a obra é uma versão pop do clássico de Hitchcock de 1940 e é estrelado por Lily James.
Esqueça os críticos. Se você encarar o filme como entretenimento, ele é uma ótima diversão para esses tempos de confinamento.
"Rebecca, a Mulher Inesquecível" é baseado no livro de Daphne du Maurier de 1938 e é uma espécie de "releitura" do clássico homônimo de Hitchcock, uma obra-prima lançada em 1940, estrelado por Laurence Olivier e Joan Fontaine, O filme original rendeu dois Oscars para o cineasta, inclusive o de Melhor Filme. Só "mexer nisso" já seria um motivo para polêmica.
Sim, "a mulher inesquecível" de Hitchcock é um clássico. Mas a versão da Netflix tem tudo para ser um sucesso.
A obra conta a história de uma jovem (Lily James) dos anos 30 que trabalha como acompanhante de uma senhora e conhece um milionário viúvo, Max de Winter (Armie Hammer), com que se casa. Ao mudar para a mansão dele, ela, que se torna a "Senhora de Winter", tem que encarar os "fantasmas" deixados pela ex-mulher, a primeira "Senhora De Winter", morta de forma misteriosa.
Uma das partes centrais do filme é o embate entre duas mulheres. A jovem interpretada por Lily e a governanta da casa (vivida por Kristin Scott Thomas), amiga da ex-patroa, que tenta sabotar o começo de vida a dois da jovem.
As duas estão atuando bem, o figurino e o cenário são de primeira.
A personagem principal de Rebecca lembra um pouco as heroínas dos romances de Jane Austen (diverte, entretém, e tem uma mensagem política também).
Outro fato interessante da obra é o fato das duas personagens principais serem um tipo bastante retratado nos romances de época: é uma "fraulein", "uma governanta", exemplos de alguns dos únicos trabalhos feitos por mulheres na época e uma espécie de estereótipo de mulher independente e destemida daqueles tempos.
E o feminismo? Bem, a obra não é um panfleto militante, de jeito algum. É um filme de ficção. O tom feminista (que é, inclusive, um dos motivos para o filme ser polêmico) está presente em alguns diálogos entre as duas mulheres, que dizem coisas do estilo:
"Você sabe como é a vida de uma mulher, ou ela é casada ou é empregada. Eu estou velha para os dois."
"As mulheres não podem ser livres."
"Como mulher não posso escolher."
Só o fato de colocar uma pitada de feminismo e mexer na obra de Hitchcock já é uma heresia para muitos. Mas, desculpem, o filme, que é aguardado com expectativa por fãs de Lily James, deve agradar o público.
Sim, a nova versão de "Rebecca" está longe de ser um clássico. Mas isso também não é um problema. A personagem de Lily James tem tudo para virar uma "heroína" das garotas de 2020.
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