Às vésperas de eleição, esposa de vice de Covas diz que 'esqueceu BO'. Oi?
Você já registrou um boletim ocorrência por violência doméstica? Eu já. E uma coisa eu posso garantir: isso é uma coisa que nunca se esquece. É um trauma. Regina Carnovale, esposa do vereador Ricardo Nunes, candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Bruno Covas, também já passou por essa situação horrível.
Em 2011, ela registrou um Boletim de Ocorrência contra o marido por violência doméstica, ameaça e injúria. O caso foi revelado pela Folha de S.Paulo em outubro. Segundo o documento policial a que a Folha teve acesso, ela relatou à polícia que estava sendo perseguida e ameaçada. Ou seja, ela parece realmente ter passado por um momento difícil. Mas, agora, nas vésperas de eleições, Regina diz que não se lembra. Como assim?
A esposa do candidato tem mudados as versões sobre o caso. Em 15 de outubro, ela disse, em uma carta enviada à Folha de S. Paulo, que "estava em um momento difícil e que escreveu coisas que não eram reais." Agora, em entrevista ao Estado de S. Paulo, dada na quinta-feira, ao lado do marido, ela disse que não se recorda de ter feito o BO. "Se eu tivesse ido a delegacia, eu iria lembrar do delegado, de quem me atendeu, enfim." Mas... o BO foi feito. E, sim, é impossível esquecer uma coisa dessas.
Campanhas políticas são ambientes tensos, do tipo salve-se quem puder. Ainda mais na reta final. É natural que a esposa do candidato esteja sendo orientada sobre o que falar nas entrevistas (inclusive, todos os candidatos e familiares recebem esse tipo de orientação de marketeiros). Isso é normal e faz parte do processo.
Dá para supor que ela está sendo orientada para dar essas declarações (e não há nada de errado nisso). Complicado é pensar que uma mulher pode estar sendo silenciada e que uma acusação de violência doméstica possa estar sendo tratada como um "deslize", um "problema de campanha."
Não, violência doméstica é um problema terrível, ainda mais no Brasil, um país que vive uma espécie de epidemia desse tipo de agressão. Casos de agressão à mulher são comuns no Brasil, onde mais de 500 mulheres são agredidas por hora, segundo levantamento do Datafolha.
Violência não é "coisa de casal"
No país que carrega esses números recordes, não é a primeira vez que um candidato é acusado de agredir uma mulher. Nas eleições passadas, o então candidato Pedro Paulo, do PMDB, tentou criar uma imagem de "amigo das mulheres" depois que a imprensa descobriu que ele tinha sido acusado de agredir a esposa.
Quando os documentos foram descobertos, Pedro Paulo, então secretário do governo, disse o seguinte: "Quem que não tem uma briga dentro de casa? Quem que não tem um descontrole? Quem não exagera numa discussão? Sabe, eu acho que nós somos um casal como qualquer outro",
Não, não são todos os casais que têm registros de agressão e isso não é algo que possa ser banalizado. E violência contra mulher não é "descontrole"... É violência contra mulher, mesmo.
Atenção, políticos, tratem isso com seriedade!
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