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Nina Lemos

Escândalo nas filas das vacinas: ricos sem noção lançam a "corrupselfie"

Irmãs Lins comemoram vacina contra covid-19 - Reprodução
Irmãs Lins comemoram vacina contra covid-19 Imagem: Reprodução

Colunista de Universa

21/01/2021 15h55

Difícil imaginar algo mais vergonhoso do que furar a fila de vacinação no meio de uma pandemia. Esse é um comportamento amoral. Afinal, quem faz isso tira a vacina de quem está trabalhando diariamente na linha de frente, arriscando a si mesmo e sua família.

Ou seja, furar fila da vacina, além de ser corrupção, não deixa de ser uma forma de homicídio doloso.

Alguns jovens de Manaus estão sendo acusados de ter praticado esse crime horrendo, o que acabou causando um caos no sistema de vacinação da cidade (que já vive um momento de catástrofe, com os hospitais colapsados e com falta de oxigênio).

Explico. Desde o início da vacinação na cidade, alguns filhos de "bacanas" locais começaram a postar fotos em redes sociais tomando vacina.

O que parece é que seus pais se aproveitaram da influência local para vacinar a família. E os jovens não resistiram a dar aquela ostentada no Instagram. Ou seja, além de não terem noção de ética, esses jovens mostraram uma certa inabilidade ao cometer atos ilícitos. Afinal, quem os entregou? Eles mesmos...

No momento, a vacinação foi paralisada em Manaus para que os desvios e casos de fila furada sejam apurados. Sim, jovens ricos e sem noção conseguiram parar o sistema de vacinação de uma cidade que vive uma tragédia. Espera-se que a vacinação seja retomada nessa sexta-feira, dessa vez sem "jeitinhos".

Assim que o escândalo veio à tona, o prefeito da cidade apareceu com uma ideia "genial". Ele disse que proibiria as fotos durante a vacina.

Seria engraçado se não fosse trágico. Pelo jeito, é mais fácil banir selfies do que convencer as pessoas de que não, elas não podem furar a fila da vacina.

Uma das denúncias que causou mais escândalo na cidade foi a que envolveu as irmãs Gabrielle e Isabelli Lins, formadas em medicina ano passado, e ativas em redes sociais como influencers. Elas exibiram nas redes fotos do momento em que eram vacinadas. Detalhe, uma delas, Gabrielle, foi contratada no mesmo dia em que as vacinas chegaram. As duas trabalham em uma UBS que leva o nome do pai, um empresário de educação.

O fato virou um escândalo e símbolo dos "jeitinhos" dados para furar vacina. Mas elas negam e afirmam trabalhar na linha de frente.

Em todo caso, quem dá esses jeitinhos, em geral, não acha que está fazendo algo de errado, pelo contrário, acha que "merece". O fato de postarem nas redes é outra prova disso.

Infelizmente, não é só em Manaus que esse tipo de absurdo acontece. Já existem denúncias de gente furando fila e postando em redes sociais a prova do crime em outras cidades, como em Campina Grande, na Paraíba. Quem diria, a vacinação nem começou direito e o Brasil já lança uma tendência macabra: a "corrupselfie"...