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Como age o psicólogo do BBB? Leka, Ana Paula e mais sisters contam
Tortura psicológica, bullying, racismo. A tal casa do Big Brother Brasil nunca foi tão tóxica. No meio de tanto horror, uma outra personagem é protagonista esse ano: "a psicóloga". Vez ou outra um dos participantes fala sobre essa profissional. Claro que alguém que participa de um programa como esse precisa de apoio. Ainda mais na edição do ódio.
Talvez o BBB 21 seja o mais tóxico de toda a história do programa. Mas o reality nunca foi um programa "saudável" e não é a primeira vez em que participantes têm crises de ansiedade e outros problemas psicológicos dentro do tal "experimento social".
A coluna conversou com três mulheres que participaram do BBB que tiveram problemas dentro da casa para saber como funciona o tal atendimento psicológico e encontrou três experiências muito diferentes. Leka Begliomini participou do BBB 1, sofria de bulimia e chegou a ter crises na casa. Ana Paula Renault foi expulsa do programa, na edição 16, depois de dar um tapa em um colega de confinamento em uma briga. Tessália Serighelli, do BBB 10, saiu do programa com síndrome do pânico e transtorno pós-traumático e só agora consegue falar do programa sem problemas.
Leia os depoimentos abaixo:
"A psicóloga me desrespeitou".
"Existia um serviço psicológico quando entrei no BBB. A gente poderia pedir uma sessão se tivesse necessidade. Mas a psicóloga tinha tido uma atitude horrível comigo em uma das dinâmicas que a gente faz no processo de seleção para o programa. Ela virou e disse: "você não trabalha, você não vai ter força para participar de um BBB". Achei que ela foi extremamente preconceituosa, anti-profissional. Então, como eu procuraria essa psicóloga quando tinha problema? O pior é que essa atitude da profissional era a mesma que as pessoas na casa tinham. Muitos achavam que eu era patricinha, que não conseguiria me virar. Vivenciei tudo, mas não sentia firmeza na psicóloga. Teve até uma vez que eu pedi para sair e falaram: "fala amanhã com a psicóloga". Eu disse: "eu, heim, falar com aquela mulher que não acredita em mim?". E quem estava vendo pelo "pay per view" ouviu.
Esse ano, por exemplo, o Boninho disse em um áudio que o Lucas tinha problemas com álcool. Se não perceberam isso antes do programa, isso foi erro da psicóloga, não? Não sei se foi a mesma, mas pela minha experiência, esse apoio não funciona." Ana Paula Renault participou do BBB 16 e é apresentadora do SBT
"Me sinto uma sobrevivente do que o BBB pode causar"
"Fui convidada para participar do BBB, mas isso não me excluiu de participar de todos os processos para entrar na casa, que incluíam conversa com um psicólogo também. Foi uma coisa rápida, não acho que dava para saber se a gente tinha algo, inclusive porque quem tem algum distúrbio tende a tentar esconder.
O tempo que a gente passa no hotel, antes de entrar na casa, é muito difícil. Passamos três dias sem nenhuma comunicação com o mundo, TV, nada.
Tive um ataque de pânico pesado nessa parte do confinamento. Ninguém me perguntou se eu estava bem antes de entrar na casa, nada. O que senti foi que era assim: "se segurou essa onda, se teve ataque de pânico sozinha, vai se virar na casa''. Esse foi o meu caso.
Em nenhum momento foi me dito que eu teria acesso a psicólogo, que eu poderia chamar. O que acontecia era te chamarem ao confessionário para falar com a produção. Mas não tive momento algum com psicólogo, nem durante e nem depois.
A saída é muito difícil também: você sai, fala com jornalistas e depois saí do Projac. Não me perguntaram como eu estava. E eu saí com rejeição alta, com fama de vilã e não tive apoio nenhum.
Vi que o Thiago (Leifert) disse que ligou para o Lucas (Penteado, que saiu do programa no domingo depois de sofrer ataques). Acho pouco. Deveria haver uma avaliação psicológica.
No meu caso, minha cabeça entrou em parafuso na saída. Acredito que o número de ex-BBBs que saem do programa com transtornos e que precisam de terapia deve ser grande. A gente quando entra não sabe o que pode perder. E quando a gente perde a saúde mental, nossa, isso é uma coisa muito difícil de recuperar. Hoje, consigo falar do programa e me sinto uma sobrevivente do que o Big Brother pode causar na cabeça das pessoas." Tessália Serighelli participou do BBB 10 e hoje mora em Londres.
"Surtei e me senti acolhida"
"Tínhamos, desde a primeira edição, um psicanalista com quem fazíamos sessões semanais. A gente ia para o confessionário e sabia que esse era o único momento que não seria exibido para o público, isso estava até no contrato.
Uma vez por semana o psicanalista ia para o confessionário. Ele não entrava, a gente tinha apenas um retorno de áudio, mas era uma terapia como qualquer sessão de psicólogo ou psiquiatra.
No caso da minha bulimia (Leka expôs o distúrbio na casa e hoje faz campanha de conscientização contra a doença), eles já sabiam que eu tinha o distúrbio. Mas eu não tinha a menor ideia, nem eles, de como eu reagiria lá dentro. O que aconteceu foi que tive surtos. Eu tinha muita vergonha do meu corpo, era muito difícil estar me expondo em rede nacional. Mas preciso dizer: tive todo o acompanhamento necessário. O psicanalista entrou várias vezes no confessionário em momentos em que me senti mais vulnerável.
Por exemplo, tinha uma prova em que a gente tinha que engordar não sei quantos quilos. E eu tinha que me pesar! Isso era uma tortura para mim. Até hoje tenho problemas para me pesar, não me peso nem na frente da minha filha. Eles não sabiam que isso ia mexer comigo desse jeito.
No dia seguinte, o psicanalista estava lá, me chamando para fazer uma terapia. Não posso reclamar. Não esperava que a bulimia seria o tema central da minha participação e acabou sendo. Mas eles tentaram me amparar da melhor maneira possível. O que eles podiam me dar de apoio, me deram, inclusive mantive algumas seções com o mesmo psicanalista quando saí. Estou acompanhando essa edição, eles armam o circo, né? E vão dando esse suporte. Para mim ajudou e muito." Leka Begliomini é empresária e participou do BBB 1