Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como Sarah do BBB: não dá mais para passar pano para amigo negacionista
Na noite de quarta-feira, Sarah Andrade, uma das participantes mais populares do BBB, fez uma confissão. Ela contou em uma conversa, como se não fosse nada demais, que chegou a ser questionada pela produção do programa no processo de seleção, a respeito de seu comportamento na pandemia.
"Quando eu fiz a entrevista, eles falaram pra mim: 'a pandemia não existe pra você? Ninguém tá morrendo pra você?'. Eu disse: 'uai, eu não tô sentindo nada''', contou Sarah. Opa, milhares de pessoas morrendo e ela não está sentindo nada? Sarah se entregou. E logo surgiram confirmações de que ela foi uma daquelas pessoas que frequentam baladas durante o verão do coronavírus (e ainda postaram no Instagram).
Ou seja, Sarah é um dos piores tipos de negacionista de carteirinha, aqueles que nem têm vergonha do seu comportamento. Esses curtem a vida adoidado sem pensar nos outros e nem sentem remorso.
Se você é fã da moça, desculpe. Mas depois de ouvir essa declaração peguei implicância e passei a achar que ela não merece ganhar o BBB e nem nada. Sim, eu a "cancelei" simplesmente porque não consigo tolerar esse comportamento mais.
Virei uma pessoa intolerante? Não sei, mas no atual momento, com quase 3.000 pessoas morrendo por dia e UTIs colapsando país afora, não consigo ser nobre o suficiente para acolher quem faz pouco do que tem sido chamado por cientistas de "a maior tragédia sanitária da história do país". E isso não vale só para um programa de televisão, mas também para amigos.
Todos nós temos amigos que são, pelo menos em parte, negacionistas. Esses acham que nada de ruim pode acontecer com eles, se acham super-heróis, abençoados o suficiente para não pegarem o vírus. Nem todos são tão assumidos no negacionismo como Sarah, que ainda disse no BBB que não pegou covid porque Deus a ama muito!
Na teoria, até dá para entender que se achar abençoado e acima dos riscos de uma pessoa comum seja um jeito de lidar com esse momento pavoroso. Agora, que a amizade fica abalada, isso fica.
É difícil aguentar -no momento em que, repito, existem filas de espera de UTI pelo país todo- pessoas que continuam fazendo encontrinhos, mas com "tudo dentro do protocolo". Bem, o protocolo, no momento, como os cientistas berram diariamente, é ficar em casa o máximo possível.
Claro, a maioria das pessoas ainda tem que sair para trabalhar, ir ao mercado. O resto não é para fazer. Paciência.
Os cientistas dizem que a tragédia ainda vai piorar. Mas mesmo assim ainda não se sabe se a ficha de alguns negacionistas vai cair. Enquanto isso, acho que vale, sim, apavorar os amigos que ainda não perceberam que a situação é grave. Amigo íntimo dá bronca. Talvez você ganhe fama de chato. Mas, em época de pandemia, quem liga?