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Em biografia, Sharon Stone revela vida como sex symbol: abuso e humilhação
Todo mundo se lembra da cena. No filme "Instinto Selvagem" (1992), a atriz Sharon Stone, que interpreta uma serial killer, cruza as pernas durante uma entrevista, deixando aparecer que estava sem calcinha. Essa é considerada uma das cenas mais sexies do cinema na história e alçou a atriz ao posto de símbolo sexual.
O que a gente não sabia, a cena foi incluída no filme sem o consentimento da atriz. Sim, um momento icônico do cinema só foi realizado porque uma mulher foi enganada. Que tal? Esse "detalhe", e muitas outras histórias chocantes estão na biografia de Sharon Stone, "The Beauty of living Twice", que foi lançada ontem (30) nos Estados Unidos.
Sobre a cena de "Instinto Selvagem", ela escreve: "Depois de filmarmos, fui chamada para ver. Não sozinha com o diretor, mas em uma sala cheia de agentes e advogados, pessoas que não tinham nada a ver com o projeto. Foi assim que vi a cena da minha vagina pela primeira vez. Quando gravamos falaram: Não está aparecendo nada, mas a gente só precisa que você tire sua calcinha, pois o branco está criando reflexo."
Ou seja, ela foi enganada. Sharon conta que reagiu ao abuso dando um tapa na cara do diretor, Paul Verhoeven.
No livro a atriz relata também que, durante as filmagens, recebeu um pedido da produção para que transasse com um dos atores e assim eles tivessem mais química em cena. Pelo jeito, ser símbolo sexual em Hollywood não é nada fácil.
De acordo com Sharon, essa "posição" na verdade faz com que mulheres passem por mais constrangimentos. Um desses momentos contados por ela é bizarro. Ao fazer uma plástica em 2001, para reconstruir os seios depois da retirada de tumores benignos, ela acordou com implantes maiores do que imaginava porque o médico achava que "combinava com ela", o que a fez se sentir violada (e com razão).
A atriz já tinha contado que foi assediada por um diretor, que pediu que ela "sentasse no seu colo".
Assédio é praticamente uma regra em Hollywood. Desde 2017, com o movimento "Me Too", celebridades de todas as idades passaram a relatar assédios, como Helen Mirren, Angelina Jolie, Jane Fonda, Mira Sorvino, Laura Dern. A lista é gigantesca.
Agora, Sharon nos lembra que até algumas cenas marcantes e históricas do cinema foram feitas em cima de assédio. Também nesse caso, Sharon não é a única que já sofreu violência no set.
Em 2007, a atriz Maria Schneider revelou que foi estuprada ao gravar uma cena de "O Último Tango em Paris". No filme, de 72, ela é estuprada por Marlon Brando. O diretor Bernardo Bertolucci assumiu que a atriz, então com 19 anos, foi violentada sexualmente no set para que a cena fosse "realista". Chocante.
Esses casos são antigos. Hoje, muitas atrizes tentam mudar as coisas. Não vai ser fácil, pelo jeito. Violência contra mulher parece estar impregnada no tapete vermelho.
*Diferentemente do publicado, a atriz não teria sido penetrada, mas, de todo modo, sofreu violência sexual. Alteramos o conteúdo.