Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Marina Sena: quando uma mulher faz sucesso e é xingada até querer desistir
A cantora Marina Sena está em um momento ótimo em sua carreira. Em um mundo normal, ela estaria comemorando seus feitos feliz da vida. Motivos não faltam. Sua faixa "Per supuesto" já teve mais de 30 milhões de reproduções no Spotify. E semana passada, para completar, ela ganhou um dos troféus mais disputados do Prêmio Multishow, o de de Cantora Revelação.
Apesar desses motivos para comemorar, Marina passou os últimos dias chorando e pensando que fazer sucesso é uma roubada, segundo declarou em entrevista a Universa. E ela tem motivos para isso. Logo depois de ganhar o prêmio, seu nome foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter, onde muitos faziam piada com a sua voz e, em seguida, sua conta no Instagram foi derrubada por haters. É muito ataque. "Estou preparada para lidar com o sucesso. Com os haters, não", ela disse na entrevista.
Dá para entender o desespero de Marina. Alguém está preparado para lidar com a onda de ódio que atinge as mulheres nas redes sociais? Sim, somos as maiores vítimas. E, quanto mais famosa uma mulher fica, maior é o risco de sofrer um ataque de grandes proporções.
Uma pesquisa realizada ano passado pela ONG Plan International concluiu que 8 entre 10 mulheres brasileiras já sofreram ataques online. É muito. E se você for famosa, esses ataques vêm aos milhares. Entre as fobias contemporâneas devia constar o medo de parar nos Trend Topics (assuntos mais comentados) do Twitter. Raramente quando uma mulher ocupa tal espaço ela não está sendo atacada. E é o que aconteceu com Marina.
E o que a cantora fez para receber tais ataques? Nada. Assim como a maioria das mulheres vítimas de ataques online, ela existe, logo, incomoda. Sim, o simples fato de existirmos e ousarmos ter uma voz causa horror em muitos, afinal, "Como elas ousam?".
No caso de Marina, parte dos ataques miram literalmente a sua voz, que seria "irritante" e "estridente demais". Ao ler isso, lembrei dos ataques sofridos pela cineasta Petra Costa na época do lançamento do seu filme "Democracia em Vertigem". Sua voz também foi julgada o tempo todo. O que tem na voz feminina que a torna tão "irritante"? Ou é o preconceito mesmo que está dentro da gente? Já pararam para pensar nisso?
Quando o celular vira uma arma
O sucesso sempre veio acompanhado de cobranças e perda da privacidade. Deve ser assustador ser muito famoso. Mas nunca houve tanto ódio. Afinal, todos têm um celular na mão, que podem virar uma arma para atacar alguém. Antes, a crítica, mesmo que preconceituosa, viria de um jornalista musical machista, por exemplo. Agora, vem de milhares de pessoas em todo canto.
Isso tem feito com que mulheres, de fato, repensem se vale a pena fazer sucesso. E se eu falar algo errado e for atacada por isso?" Esse pensamento fez a vencedora do BBB, a influenciadora e cantora Juliette, ter ataques de ansiedade quando ficou famosa. "Tenho medo de tudo", disse na época. "Tenho receio de usar uma palavra errada. Eu me assusto com o poder da minha opinião e as consequências dela."
É saudável que se repense o sucesso e todos os problemas que ele traz. Mas não é justo que mulheres talentosas não consigam nem ficar felizes quando conquistam o sucesso em suas carreiras. Já é tão difícil uma mulher ter sucesso. E quando conseguimos ainda nos xingam até que a gente desista? Não é justo.
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