Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Felipe Neto presta serviço de utilidade pública ao falar de sua depressão
"Depressão é frescura," "Homem não tem essas coisas." Essas frases parecem coisa de antigamente, mas aposto que todo mundo tem na família pelo menos um homem que pensa desse jeito. E aposto também que toda leitora já teve algum namorado que, apesar de nitidamente precisar, se recusava a fazer terapia. Esse é um clássico da masculinidade tóxica que faz com que os homens sofram em silêncio por anos, desenvolvam vícios e que pode até matar. Sim, os dados são tristes: 76% dos suicídios no Brasil são cometidos por homens.
O youtuber Felipe Neto, o maior influenciador do Brasil, com cerca de 42 milhões de assinantes no Youtube e quase 15 milhões de seguidores no Instagram, veio publicamente falar que sofre de depressão. Nesse fim de ano, ele teve uma crise. Pela sua rede social, Felipe contou que caiu no fundo do poço. E que está se cuidando com a ajuda de amigos e de especialistas. Além de se abrir e mostrar que depressão não é frescura e que homens sofrem, sim, da doença, ele ainda mandou um recado para os fãs.
"A depressão é uma doença da mente, como a gastrite é uma doença do estômago. Amigos e família fazem você se sentir melhor, mas sem remédio, você não vai curar essa gastrite. Enfim, o resumo é: busque ajuda. Não enfrente sozinho."
De acordo com uma pesquisa feita pela Pfizer no Brasil, 29% dos homens ainda acham que depressão está ligada à fraqueza. Segundo pesquisas e especialistas, os mitos da masculinidade tóxica, junto com falta de informação e de busca por profissionais adequados são alguns dos grandes responsáveis por essas tristes estatísticas.
Não, depressão não é coisa de fraco de forma alguma. E também não tem gênero. Essa é uma doença que atinge quase 12 milhões de brasileiros.
Entre eles, algumas pessoas famosas.
É triste que Felipe esteja passando por uma depressão porque quem já chegou perto disso sabe o quanto é difícil. Mas não tem como não admirar e reconhecer o serviço de saúde pública que ele presta ao assumir sua doença e dar esses conselhos. Em alguns casos, influência pode ser um serviço e tanto.
Felipe não é o único influenciador a cair no fundo do poço, assumir e ajudar a popularização o tema. No fim do ano, o humorista EsseMenino, de 25 anos, o garoto que viralizou com o vídeo da "Pfizer", (aquele onde a "vacina" manda uma carta para Bolsonaro) publicou um vídeo no Instagram no dia 29/12, avisando que iria se ausentar para cuidar da saúde mental.
Em um momento que impressiona quem já passou por crises de pânico (sou dessas) ele fala que, enquanto um vídeo seu viralizou, ele estava no consultório de uma psicóloga implorando por ajuda. Ele também conta que seu primeiro cachê bom foi usado para pagar um psiquiatra, já que cuidar da saúde mental no Brasil ainda era "um luxo".
É verdade. Ter um atendimento adequado, com um bom médico, comprar remédios e fazer terapia é um privilégio no Brasil. Mas não devia ser e temos que lutar para que isso mude. Afinal, estamos falando de uma doença que faz sofrer e que mata. Mas que pode ser controlada.
Se você ou alguém próximo estiver com sintomas de depressão, faça como Felipe e Esse Menino, busque ajuda. É sério.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.