'Será o fim da monarquia': por que Camilla ser rainha é tão polêmico?

"A escolha pode significar o fim da monarquia". A notícia, publicada em um jornal inglês na última segunda-feira (7), não falava sobre um plebiscito onde a população da Grã-Bretanha vai escolher se quer ou não viver em um estado monárquico. Mas ao fato de a rainha Elizabeth, em carta de intenções escrita para seu jubileu de 70 anos de reinado, ter dito que era seu desejo que Camilla Parker, esposa do príncipe Charles, se tornasse rainha consorte quando o filho for rei.

Quem assiste à série "The Crown", da Netflix, sabe muito bem que príncipe, rei ou rainha consorte não têm, na prática, poder algum. Eles só têm esse título, vão a festas e têm alguns compromissos reais. Mais nada. Mas só a possibilidade de Camilla ser chamada de "rainha" no futuro já gerou uma onda de ódio e críticas. Segundo alguns, essa declaração seria uma prova de que Elizabeth, 96 anos, perdeu a sanidade.

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Mas o que tem Camilla para provocar um terremoto desses? Bem, ela é odiada por boa parte do mundo ocidental há 25 anos, desde quando vazou que ela teria um caso com o Príncipe Charles, então marido de Diana.

Ela virou a "destruidora de lares reais". O casal se separou. E o resto a gente já sabe: em 1997, Diana morreu de maneira trágica junto com o namorado (sim, ela tocou a vida dela) e oito anos depois, em 2005, Charles e Camilla se casaram.

Mas o mundo continuou a odiar Camilla. Ela sempre foi considerada (e ainda é) a responsável pelo fim do casamento de Charles e Diana. Mas... e o príncipe? Ele foi obrigado por Camilla a ficar com ela? Não, mas como a gente sabe, mulher sempre leva a pior nesses casos.

E até nós repetimos na vida real o mito da "destruidora de lares". Por exemplo, quem nunca detonou uma mulher que ficou com um homem casado e, sem perceber, poupou o cara das críticas?

Sim, mulheres "malvadas" levam a culpa desde os contos de fadas, onde, por sinal, mulheres como Camilla, eram retratadas como bruxas.

Quer dizer, ainda são. Parte do ódio a Camilla (e o temor de que a monarquia não aguente) vem do fato de ela ser o contrário do que se espera de uma princesa.

Camilla é fora do padrão de beleza, não demonstra fragilidade e também não é jovem e cheia de "graça". Tampouco parece ser adepta do botox e outros tratamentos de "rejuvenescimento". Atualmente ela tem 74 anos, é seis meses mais velha que o príncipe Charles. Como uma mulher assim pode ser rainha?

Bem, na verdade, acham que não pode. Essa mudança de padrão poderia até acabar com a monarquia.

E Charles? Ele, além de ter traído a esposa, também está longe de ser um "príncipe da beleza". Mas quem liga?

Falar que uma monarquia pode acabar por causa da escolha da rainha consorte chega a ser engraçado (e nem duvido que isso aconteça, o que é mais bizarro ainda).

Mas também é meio triste que na onda de ódio a Camilla que ressurgiu nos últimos dias, a maior parte dos comentários raivosos venham de mulheres.

"Ela jamais será rainha! Rainha era a Diana", dizem os fãs de Lady Di nas redes sociais, enquanto comparam fotos das duas.

Bem, Diana era linda e carismática mesmo. Mas, infelizmente, ela morreu em 1997, há 25 anos. Os fãs vão continuar mantendo para sempre uma rivalidade entre duas mulheres, sendo que uma delas nem está aqui para dizer se quer ou não participar disso?

Menos, gente. Não vale a pena ajudar uma mulher a carregar fama de "bruxa".