Damares transforma filiação partidária em festa infantil de mau gosto

"Isso é montagem, não é?" Depois de ver o vídeo da filiação da ministra Damares Alves ao partido Republicanos, que aconteceu na segunda-feira (28), é impossível não fazer essa pergunta. Mas não, não é montagem.

Damares, vestida de rosa, decidiu entrar no evento como se fosse uma atração duvidosa de uma festa em um esquisito buffet infantil. Ela andou até o palco do evento ao som de uma música onde crianças pequenas cantavam: "cheguei, cheguei, cheguei chegando, tralalalala", com gritinhos e risadinhas infantis. A trilha sonora de parquinho foi executada enquanto ela assinava sua filiação. O cenário, todo em rosa e azul, complementou o tom da festa infantil estranha com gente esquisita.

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Damares Alves é uma mulher adulta, é uma ministra de Estado. E o que se diz é que ela se filiou ao partido para concorrer nas próximas eleições ao cargo de senadora da República. Um posto seríssimo. Uma ministra agir como uma menina de cinco anos não nos ajuda em nada. Pelo contrário, fica parecendo que mulheres são infantis, que falam a língua do "tatibitati".

Mas, no mundo de Damares, defender pautas das mulheres e de crianças é se vestir de rosa e se infantilizar. Podia ser só engraçado, mas é sério. Para além do circo, existe uma pauta extremamente conservadora por trás da música que era para ser fofinha e da atitude de animadora de buffet.

No evento, Damares disse o lema usado pelos integralistas, movimento de 1930 que foi influenciado pelo fascismo. "O projeto é Deus, Pátria, Família e Liberdade. Nós queremos uma nação conservadora, que defende a vida desde a concepção."

Damares, para quem não lembra, já tentou impedir que uma menina de dez anos tivesse acesso a um aborto (um direito que está resguardado pela Constituição). Esse é o tipo de conservadorismo que ela defende. E ela parece cada dia mais radical. No evento, ela repetiu a frase que causou escândalo em sua posse, em 2019, mas da qual ela se orgulha: "meninas vestem rosa, meninos vestem azul".

Pode até parecer folclórico e engraçado. Mas o tal projeto conservador que ela defende é perigoso e inclui, entre outros absurdos, terapia de "conversão" para gays, crianças estupradas sendo obrigadas a levar gravidez ao fim e outras crueldades que causam sofrimento e trauma.

A cortina de fumaça é cor-de-rosa. Nós, que não queremos perder direitos e defendemos uma sociedade igualitária, temos que ficar muito atentos.