Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Fala de Ciro Gomes é prova de que não só os bolsonaristas são machistas
"Ele roubou a tua mãe ou comeu ela?" Essa frase não foi dita em uma escola por meninos sem educação que foram parar na sala da diretoria, mas por um candidato à presidência da república, Ciro Gomes. Ciro tem fama de não levar desaforo para casa e falar o que pensa. Até aí, tudo bem. Não temos nada com isso. Mas precisava recorrer a uma das maneiras mais machistas de "homem xingar homem?"
O entrevero aconteceu em Ribeirão Preto, depois que o candidato foi vaiado e provocado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. No local, Ciro respondeu assim a outro homem que o xingava: "vai tomar no c#."
Não estou falando que Ciro era o único errado da história. De forma alguma. Ele teria sofrido, inclusive, tentativa de agressão física e xenofobia, o que é absolutamente condenável. Mas isso lá é maneira de um homem adulto, presidenciável, reagir?
Algo justifica falar "comeu a sua mãe" em uma discussão?
Xingar a "A mãe" (que em cem por cento dos casos não tem nada a ver com a briga) é um xingamento antigo, usado muito entre homens. Para eles, essa é a grande maneira de ofender alguém. Afinal, mãe é santa. Falar que mãe "foi comida" ou que a mãe é "put@" seria a maior das ofensas.
Isso era comum no meu tempo de colégio nos anos 80. Mas estamos em 2022. Não é possível que homens pensem que ainda é ok que eles se tratem dessa maneira, enfiando mães (sempre sobra para mulheres) em entreveros que pertencem só a eles.
Esse tipo de atitude de machão não é novidade no caso de Ciro Gomes, que já foi filmado chamando pessoas de "filhos da put@" , de babaca e, por aí vai. Seu jeito de "macho", inclusive, costuma fazer sucesso entre seus apoiadores.
Ciro é um oponente de Jair Bolsonaro, talvez o presidente mais machista da história do Brasil. Vai continuar usando de machismo para combater o bolsonarismo, misógino por essência?
Na tarde de quinta-feira (28), Ciro Gomes e sua equipe pediram desculpas pela sua atitude, que ele considerou "veemente". "Ciro Gomes visitava a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, a Agrishow, em Ribeirão Preto, quando foi insultado e sofreu tentativas de agressão física por militantes bolsonaristas.
Os agressores agiram com violência e com profundo preconceito contra nordestinos, atacando com forte conotação racista a sua criação no Ceará. Ciro reagiu à altura e lamenta ter sido forçado a agir com veemência. Mas entende que esse tipo de comportamento fascista deve ser enfrentado, ou as milícias Bolsonaristas se sentirão no direito de atacar a todos, Inclusive a quem não consiga se defender.
Xenofobia contra nordestinos é, de fato, inaceitável. Mas o machismo também é. E, pelo que está escrito na nota, Ciro nem sequer percebeu que falar "ele come a sua mãe" para um oponente, ou para quem quer que seja, é machismo e uma ofensa a todas nós, mulheres. É assim mesmo. O machismo está tão entranhado na nossa sociedade que eles nem percebem. Triste.
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