Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Bolsonaro não contém machismo e dá show de ódio a mulheres em debate
É provável que o presidente Jair Bolsonaro tenha sido orientado por seus assessores a conter seu machismo no debate presidencial de ontem (28), realizado por UOL, Band, Folha e TV Cultura. Afinal, Bolsonaro precisa ganhar votos de mulheres, parcela onde ele tem o maior número de rejeição (por que será?). Mas o presidente não conseguiu conter a misoginia que mora dentro dele. E, em relação às mulheres, deu mais um show de horror e desrespeito às mulheres na noite de ontem.
O ataque mais marcante foi contra a jornalista Vera Magalhães. Bolsonaro tem um fetiche todo especial em atacar a nós, mulheres jornalistas. Ele parece não aceitar que mulheres o questionem, mesmo as que têm como trabalho principal fazer isso (questionar, seja quem for). Após Vera fazer uma pergunta sobre vacinas, Bolsonaro disse: "Vera, eu não podia esperar outra coisa de você. Você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão contida por mim. Você não pode tomar partido em um debate como esse. Fazer acusações mentirosas [não era o caso]. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro".
Vergonha é ter um presidente que acha que pode destratar uma profissional em um debate. Mas essa prática é comum no caso do presidente, basta procurar vídeos dele destratando jornalistas mulheres. São muitos.
Apesar de comum, essa atitude é inaceitável. E não, Bolsonaro, não é o senhor que decide quem é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. Ser homem e presidente não te dá esse poder.
Detalhe importante: enquanto o presidente atacava a jornalista, Ciro Gomes, que comentaria a resposta de Bolsonaro e dividia com ele a tela de TV, ria debochado, o que aumentou a sensação de horror causada por esse momento.
Fica um toque para os homens que querem ser aliados das mulheres. Na hora em que estivermos sofrendo ataques machistas, se revolte. Nos ajude. Agressão machista não tem graça alguma.
"Vitimismo"
Um presidente misógino como esse não conseguiria também não atacar mulheres candidatas (como elas ousam?). Por isso, ataques foram deferidos também contra a candidata Simone Tebet.
Simone, muito assertiva, perguntou para o presidente por que ele demonstrava tanta raiva das mulheres. A sua resposta foi uma prova clara de que ela tinha razão ao fazer essa pergunta.
"O que a senhora [Simone Tebet] fez? Vem com discurso barato, que eu ataco, que agrido as mulheres. Não cola mais, não cola isso. Hoje uma mulher se porventura faz algo errado, ela tem que responder por isso e não ser defendida só porque é mulher. Chega de vitimismo. Somos todos iguais" (sic).
"Vitimismo". Essa palavra gera arrepios em qualquer pessoa que defenda os direitos das minorias e é uma das expressões preferidas de quem, como Bolsonaro, não só não consegue reconhecer a luta das parcelas mais vulneráveis da sociedade, mas também as trata com ironia e deboche.
Mas o presidente parece não ter noção da realidade. Apesar de todos esses ataques, ele disse que "grande parte das mulheres do Brasil o amam" porque ele "defende a família".
Mas que família? Em algumas áreas do Brasil, as famílias são majoritariamente comandadas por mulheres. Ao falar sobre essa parcela, Bolsonaro as chamou de "mães sem marido". Assim, ele conseguiu ofender mais de 11 milhões de mulheres, Resumir toda essa população a "mães sem marido" parece expressão usada nos anos 50, quando mulheres "sem marido" eram mal vistas.
Mães solo são diversas. Mas uma coisa podemos dizer com certeza: elas são fortes. E não, não é "marido" que falta, mas pais presentes, homens menos covardes e políticas públicas, vindas de presidentes empáticos e informados.
Todo esse horror não causa nenhuma surpresa em qualquer pessoa que acompanha a trajetória de Bolsonaro, famoso no mundo todo por seu machismo. Mesmo assim, é sempre revoltante ver mais um show de ódio às mulheres sendo dado pelo presidente da república. Mas o misógino não consegue se conter.
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