Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
'Vou lutar pelo garoto': ex-goleiro Bruno se fazer de vítima é revoltante
"Quero me aproximar do Bruninho. Como pago pensão, tenho direito…. Chegou a hora de lutar pelo garoto". Essas afirmações parecem ter sido feitas por alguém que é vítima de uma armação perversa ou por uma mãe ou pai que foi afastado injustamente do filho. Mas não, a declaração é de Bruno Fernandes de Souza, conhecido como goleiro Bruno, condenado por assassinato de Elisa Samudio, morta em 2010. E o garoto de quem ele fala é seu filho com a mulher que ele foi condenado por matar.
Bruno cumpre prisão domiciliar e fez uma live no fim de semana para celebrar o cancelamento do pedido de prisão contra ele, por falta de pagamento de pensão ao filho com Eliza. O pedido foi revogado depois de Bruno quitar o valor decidido pela justiça. Parte do dinheiro foi conseguido graças a uma vaquinha feita com seus fãs. Sim, ele tem fãs.
É surreal que Bruno queira "lutar por Bruninho", Inclusive porque um dos motivos do crime seria justamente o fato de Eliza querer que Bruno assumisse a paternidade do filho, nascido poucos meses antes do crime.
É tudo tão terrível nesse crime que o corpo de Eliza nunca foi encontrado, mas, segundo testemunhas, ela teria sido esquartejada e seus ossos dados para cachorros.
Para piorar, o bebê estava com a mãe no sítio onde ela foi assassinada e foi encontrado em uma favela. Desde então, a responsável por sua guarda é Sônia Fátima Moura, mãe de Eliza.
Há anos ela luta para que Bruno pague pensão alimentícia para o garoto. Nos últimos tempos, Bruno tem pedido para fazer um teste de DNA (como se ele fosse vítima). Um fato que ele esconde é que quando estava preso ele se negou a fazer o teste.
No momento, o ex jogador tenta fazer um trabalho para mudar sua imagem e posa de pai de família e, pasmem, de "vítima". Em seu perfil no instagram, onde tem mais de 100 mil seguidores, várias pessoas dizem que o que fazem com ele "não é justo". Ele seria um coitado, vítima de duas mulheres más (Elisa e sua mãe).
Impossível não pensar na dor da mãe de Eliza, avó de Bruninho. Ela perdeu uma filha assassinada de maneira cruel. Cuida sozinha do neto. E ainda tem que lidar com esse tipo de "ameaça".
Sim, Bruno falar que quer voltar a ter contato com o filho é uma ameaça. Já pensou você achar que pode ter que mandar seu neto passar o fim de semana com o homem condenado pelo assassinato da mãe dele, sua filha? Ela deve viver um pesadelo sem fim.
Na declaração de Bruno, pesa também a arrogância dos homens que acham que "podem tudo" porque pagam pensão, como se isso fosse um favor, algo especial que eles fazem. Pagar pensão é apenas a obrigação prevista pela lei.E não, não são só assassinos como Bruno que agem desse jeito. Muitos homens, depois de anos de abandono, quando pagam pensão para "não serem presos", se acham caras especiais, cheios de direitos sobre as crianças que foram abandonadas por ele e criadas por mulheres, seja mães, avós, tias.
Espero que a justiça não permita essa barbaridade que seria Bruno com acesso ao filho da mulher que ele mandou assassinar. Seria cruel demais. Mas só ver a arrogância do feminicida, que se acha cheio da razão e dos direitos, já é revoltante. E sim, muitas pessoas o apoiam, o que aumenta só aumenta a revolta...
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