Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
'É como mudar o cabelo': Anitta é irresponsável ao banalizar plásticas
A popstar Anitta já fez várias cirurgias plásticas e isso não é segredo para ninguém. E também não é problema nosso, já que ela tem direito de fazer o que quiser com o seu corpo.
Mas, em entrevista para a revista "The Wall Street Journal Magazine" (WSJ), onde estrela a capa da edição com o tema "inovadores" , a cantora cruzou a linha que separa a escolha pessoal da irresponsabilidade.
Ao ser indagada sobre suas cirurgias, Anitta deu a seguinte resposta: "Não tem nada a ver com o fato de eu não estar feliz comigo mesma. Para mim, é como mudar o cabelo. Mesmo que eu não goste do resultado final, gosto do processo, gosto da adrenalina"
É possível que Anitta esteja sendo totalmente sincera. E tem muita gente que, de fato, se vicia na "adrenalina" que a plástica dá. Alguns, não conseguem mais parar e como resultado ficam deformados. Esse é um distúrbio sério, estudado por especialistas.
Não estou falando que Anitta seja viciada em plástica, mas sim que esse tipo de procedimento é coisa séria. Muito séria. E é um assunto que jamais pode ser tratado como "mudar a cor do cabelo". Simplesmente porque não é. Plástica envolve anestesia geral, cortes, centro cirúrgico e recuperações doloridas.
Tudo fica mais grave pelo fato dessa declaração ter sido dada por ela, Anitta, a pop star mais importante de sua geração, uma mulher com a capacidade de influenciar milhares de meninas jovens como ela.
No caso do Brasil, os riscos são até maiores, já que o país é um dos campeões mundiais em número de cirurgias plásticas. No momento, estamos em segundo lugar, atrás somente dos Estados Unidos. Esse não é um posto do qual a gente deva se orgulhar, já que isso significa que as plásticas são vendidas por muitos profissionais como "cortar o cabelo" e também que a pressão estética é gigante.
Segundo dados da Sociedade de Cirurgia Plástica, mais de 1,5 milhão de procedimentos estéticos são feitos no Brasil. Desses, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, 60% são plásticas.
A banalização é perigosa e a plástica vendida, muitas vezes, como um processo indolor ("tipo mudar o cabelo"), que pode ser parcelado a perder de vista e é feita muitas vezes, por profissionais despreparados.
Resultado: essas mulheres arriscam suas vidas. Apenas entre janeiro e fevereiro deste ano, quatro mortes em decorrência de plásticas foram registradas no país. E falo das que viraram notícia, já que muitas dessas mortes nem vão a público.
E mesmo quem é rica como a Anitta se arrisca ao tratar plástica como ir ao cabeleireiro. Repito: plásticas são cirurgias, incomparavelmente mais complexas e arriscadas do que fazer mechas coloridas no cabelo.
Uma mulher como ela, que inspira tantas mulheres no Brasil, não devia fazer esse tipo de declaração. Anitta é uma moça inteligente, informada, que deveria pensar sobre os riscos de uma cirurgia ao invés de se juntar ao coro da banalização.
Repense, Anitta, seus fãs merecem mais responsabilidade. E um conselho: está tudo certo com você. Você não precisa de mais plásticas.
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