Look de Secco não devia ser assunto em Copa em país misógino e lgbtfóbico

"Essa roupa é muito sexy". "Isso não é adequado". "Isso é o contrário do empoderamento". Todas essas frases, e muitas outras, estão sendo usadas desde ontem, segunda-feira, para falar da atriz Deborah Secco e do modelito escolhido por ela na sua estreia comentando a Copa na Globo, no programa "Tá na Copa".

Sim, estamos em 2022 e a conversa sobre a roupa de uma mulher ser "adequada' ou não está em pauta. Parece piada de mau gosto, mas essa discussão acontece justamente no início da copa do Qatar, país onde mulheres precisam se vestir "modestamente".

No Brasil, a realidade é diferente. Teoricamente, podemos nos vestir como queremos Mas mesmo assim, é preciso cuidado com o assédio e para não levar a culpa em caso de agressão por usar uma "roupa muito curta".

E, claro, uma mulher sempre pode virar a "Geni" (aquela que é boa de cuspir) por causa da roupa que está usando, que é exatamente o que acontece com Deborah no momento. É importante lembrar também que Deborah é uma atriz, e foi chamada para ser comentarista justamente por isso. Ela não estava indo dar aula em um colégio ou indo trabalhar em um hospital, mas apresentar um programa de TV.

O tal modelito tão criticado é uma roupa que parece... uma roupa da Deborah Secco. Ela usou uma calça super baixa com a lingerie à mostra, em uma versão sexy do uniforme usado por jornalistas e comentaristas para apresentar o campeonato. Ou seja, ela foi vestida dela mesma.

Não precisamos achar o modelito bonito. Apenas respeitar sua escolha. A atriz é uma mulher bonita, sexy e gosta de usar roupas ousadas. E ela tem todo o direito de fazer isso.

Absurdo é que a gente ainda tenha que escrever uma coisa dessas. Tudo fica mais grave quando lembramos que todos decidiram julgar a roupa que uma mulher está usando em uma Copa que acontece em um país LGBTfóbico e que também desrespeita os direitos humanos de imigrantes e mulheres. Temos mais assuntos importantes para comentar, não? Mas, sempre sobra para uma mulher.

A querida atriz e escritora Maria Ribeiro resumiu: "A gente tá vendo a Copa do Mundo num país como o Qatar, torcendo pra um jogador que apoiava um sujeito misógino, racista e homofóbico, e a questão é a roupa da Secco? Pois eu tô achando o máximo. Tanto a roupa, quanto o fato de uma atriz poder falar de futebol. Sete a um pra você, minha amiga. Prontinha aqui pra te assistir"

Déborah não é boba e muito menos é uma mulher que se dobra fácil a críticas. Sua resposta a toda essa polêmica ridícula foi postar uma nova foto no Instagram usando a camisa do uniforme como vestido, junto com uma bota, bem sexy no Instagram. Na legenda, ela escreveu: "sendo quem eu quero ser".

Certíssima.