Polemizamos com Tatá Werneck: amor-próprio vale menos que amor de marido?
Semana passada Tatá Werneck fez o post acima com um trecho do livro "500 dias sem Você", de Samantha Silvany. E na mesma velocidade em que o upload da foto foi feita, vieram as chuvas de comentários no Instagram da atriz já interpretando a frase como um indício de que ela estava se separando. "Hum tá solteira rs..." escreveu um dos muitos seguidores palpiteiros e urubuzeiros de plantão. A especulação sobre o tal fim do casamento foi tanta que Tatá teve que responder:
"Estou casada. Amor próprio não é só para solteiras não, é para todo mundo"
Obviamente concordo com essa diva solta, mas o auê todo ao redor da postagem e das interpretações equivocadas me fez questionar o quanto grande parte das pessoas ainda olha o exercício e discurso do amor-próprio como uma espécie de recalque. Cada vez mais se fala da importância do autoamor, do autocuidado e do autoconhecimento mas a verdade é que muita gente ainda encara essas práticas como uma espécie de "prêmio de consolação" para quem não tem o amor de um parceiro. E é triste perceber que esse olhar torto está presente principalmente nas mulheres.
O amor do boy vale mais que o autoamor?
Já recebemos alguns relatos no inbox dos Soltos de mulheres confessando coisas como "estou aprendendo a lidar com minha própria companhia e fazer as coisas sozinha, mas quero muito encontrar um grande amor e sinto que só serei feliz de verdade quando puder engatar um relacionamento e construir algo legal com alguém". Nessa lógica, o exercício do amor-próprio e da autossuficiência surge como uma espécie de muleta ou de remédio paliativo para aplacar a tal falta do amado, que trará a real completude e o amor que "vale de verdade".
Chega de amor-próprio de mentirinha!
Percebo como muitas vezes o discurso e o exercício do amor-próprio ainda é usado de forma errada. Sabe aqueles conselhos cafonas de tia Cleyde "pare de olhar as borboletas e cuide do seu jardim, aí as borboletas aparecerão"? Momento da verdade aqui: quem já tentou aplicar o discurso ou a prática do amor-próprio como "fisga bofe"? Na pura lógica de "vou gostar de mim pra que finalmente um crush maravilhoso goste também e, aí sim, eu serei feliz!". Essa lógica dá match naquelas mensagens das Soltas que citei no começo. E na minha opinião, exercitar o amor-próprio assim, não vale.
O enrosco é que nós mulheres aprendemos que nosso valor está diretamente ligado ao fato de sermos escolhidas por um homem. E se a percepção de autovalor só sobe quando rola um match ou um casamento, é natural que o amor-próprio seja visto como menos valioso do que o amor do cara, né? "Na nossa cultura os homens aprendem a amar muitas coisas e as mulheres aprendem a amar os homens. É preciso tirar o amor do centro da identidade feminina. Ele é só uma das coisas da vida" comenta a psicóloga e psicanalista Valeska Zanello.
Bora exercitar essa descentralização de verdade?
Como disse Tatá, amor próprio é pra todo mundo e deveria ser cultivado todos os dias, independente do nosso status do Facebook. Eu sei, foram décadas de lavagem cerebral cultural valorizando mais o amor do outro. Foram anos de desenhos da Disney e filmes de Hollywood nos deseducando a entender que o "felizes para sempre" só chegaria depois do príncipe. Momento choque de realidade (e também libertação): não vai ter príncipe, não vai ter "felizes pra sempre" e nós não somos as princesas indefesas no castelo. Ou seja, cabe a nós sermos felizes hoje com ou sem companhia. Já que estamos em um ano de rever tudo, por que não mandar um beijo para essa lógica do recalque e começar a entender que esse amor por nós mesmos vale tanto ou até mais do que o amor pelos outros?
Amor próprio não é uma afronta aos relacionamentos, não é prêmio de consolação para aplacar a solidão, não é textão pra anunciar superação de divórcio. Amor-próprio é só amor. Por alguém maravilhoso: você! Quando a gente olha pra ele assim, estar ou não em uma relação passa a ser uma escolha e não um livramento.
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