Até Drew Barrymore vai dar um tempo nos dates, por que não fazer o mesmo?
Recentemente a pantera Drew Barrymore disse que nunca mais ia se casar e que achava o casamento um modelo falido. Mas além de não acreditar mais na família "propaganda de margarina", ela disse que cansou de tentar os dates depois que levou uma série de ghostings - um fenômeno contemporâneo quando o crush some na nuvem de fumaça sem maiores explicações. (Viu? Acontece até com atrizes de Hollywood.)
Bom, depois dessas furadas, é natural que ela fique um pouco desacreditada, mas será que precisa jogar a toalha? Fiquei tentando entender de onde surge esse cansaço na vida amorosa, a obrigação de estar sempre tentando e proponho algumas saídas.
Exaustos há milênios
Vamos recorrer à mitologia grega. Já ouviu falar de Sísifo? Ele enganou os deuses e foi condenado por toda eternidade a rolar uma grande pedra até o cume de uma montanha e toda vez que ele alcançava o topo, a pedra rolava ladeira abaixo...(qualquer semelhança com a vida solta é mera coincidência). É um jeito que os gregos encontraram de representar esses esforços repetitivos e inevitavelmente fadados ao fracasso.
Na vida amorosa em tempos de likes parece que, por mais que a gente se esforce, o crush sempre rola de volta pra base da montanha (e a gente senta e chora). Mas por que mesmo que temos que levar essa bola do amor até o cume? Quem jogou esse castigo em nós?
Coração bitolado
De fato, nós mudamos, mas nossas expectativas em relação ao amor continuam iguais. Recentemente entrevistamos a profa. Valeska Zanello, e ela fala sobre o dispositivo amoroso que afeta principalmente as mulheres. Dispositivo é um conjunto de crenças, mídias e costumes que nos leva a pensar de certa forma. Ou seja, entra desde os filmes de Hollywood que vendem a idéia do final feliz até a tia Cleide te perguntando dos namoradinhos.
Essa máquina de moldar subconscientes faz a gente acreditar que a "verdadeira felicidade" só será alcançada quando levarmos o crush até o alto da montanha, que no caso é o namoro ou casamento.
E como faz pra sair dessa montanha?
Já que o Google Maps não funciona muito bem entre nossa cabeça e nosso coração, proponho dois caminhos possíveis pra manter a sanidade mental.
Saída 1: Desistir de subir a mesma montanha que todo mundo
Segundo a psicanalista Louise Cardosos "queremos dramaticamente uma companhia e desesperadamente a nossa liberdade: a conta não fecha". É preciso entender que desejamos duas coisas que muitas vezes são antagônicas. Por mais que a gente não perceba, muitas vezes nós estamos indisponíveis e deixamos a pedra cair e rolar montanha abaixo meio sem querer querendo, já pra não dar certo ( a boa e velha autosabotagem).
A própria Drew Barrymore disse que nunca mais quer mais ficar amarrada a uma pessoa nos modelos de relacionamento antigo antigo. Mudar de montanha, pra uma mais baixa, e entender que queremos relações com mais autonomia e liberdade pode nos fazer sair do tal ciclo repetitivo de esforço e frustração
Saída 2: Descansar e curtir o processo
Outra coisa que pode ajudar a nossa sanidade mental é deixar a bola na base da montanha e tomar um sol, relaxar um pouco. Daqui a pouco vai dar vontade de empurrar a bola de novo! Quando voltar pro jogo a gente tem que saber que sempre vai ter a gravidade jogando contra e que é bem possível que ela volte a rolar. E tudo bem:se você conseguiu levar ela até o meio da montanha, já fez um exercício!
O importante é aprender a curtir essa suadeira. Pensa na academia: tem uma diferença entre gostar de malhar e odiar malhar mas ir a academia cheia de desgosto porque se sente obrigado. Se você não gosta da academia, procure um outro esporte que te anime ou uma dança bem louca. Com certeza você vai encontrar algum jeito de movimentar teu corpo que te dá prazer. E se estiver doendo, repouso absoluto. A mesma coisa com o amor, vá descobrindo o seu jeito de paquerar, seus limites e aonde dói. E se estiver exausta, só descansar. Ninguém precisa ficar insistindo eternamente.
Manda um beijo para os gregos e se joga na vida solta.
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