3 sinais de que você está viciado em drama na paquera. E como mudar isso
Eu sempre disse que adoro aquela montanha russa nos relacionamentos porque sou escorpiano, mas a verdade é que provavelmente eu sou viciado em drama na paquera. Por mais que pareça irracional, eu sinto um prazer na volatilidade e no risco, quase como se estivesse jogando em um cassino do amor.
Sabe quando a gente sempre fica atrás de quem não dá bola pra gente, vive inseguro do que o outro sente e ao menor sinal de um amor tranquilo, a gente acha que a relação tá "morna" e pula fora? Se você se identificou um pouco, talvez você deva pensar em se unir ao D.A. (Dramólatras Anônimos).
Sangue latino
Outro dia eu escutei de um solto que a cultura é uma prisão invisível, que nos prende sem que a gente se dê conta. E pensando em cultura brasileira, quantas novelas você já assistiu de amores intensos e impossíveis, recheados de ciúmes, arroubos românticos, transas tórridas de reconciliação? A gente entende que amores "de verdade" são intensos e que se as coisas estão calmas demais, deve ser porque o fogo da paixão baixou. Ficamos viciados em intensidade e há uma resposta científica por trás desse comportamento.
Segundo Holly Richmond, psicóloga somática e sexóloga clínica, o nosso sistema nervoso não consegue diferenciar muito bem entre a excitação e o perigo no amor. A cada briga ou crise de insegurança, liberamos uma grande quantidade de neurotransmissores que produzem um estado de agitação semelhante ao da paixão. Ou seja, posso dizer que sou viciado em drama real oficial: meu cérebro me manipula pra fazer barracos (reais ou imaginários) só pra ele conseguir os tóxicos dele. Então vamos aos sintomas da dependência de drama nas relações, tá preparade?
1. Relação ioiô
Relações saudáveis são estáveis. Se você percebe um certo padrão de que sempre entra em rolos onde a insegurança bomba e vocês alternam períodos intensos de paixão seguidos de momentos de frieza ou raiva... Atenção! Nas relações ioiô há um exagero tanto nos altos quanto nos baixos: quando estamos bem o mundo é um lugar maravilhoso, fazemos planos de viagens e só importa o amor que sentimos. Mas quando a coisa azeda...você bota uma lente de aumento em todos os podres da outra pessoa, fica se sentindo a pessoa mais miserável do mundo e solta os cachorros. Essa montanha russa faz com que a gente fique chapado de dopamina nos altos, que é uma recompensa química que é liberada durante as paixonites.
E o drama nem precisa ser real, o barraco pode ser totalmente mental. Olhando pra trás nas minhas relações, eu roteirizava brigas inteiras na minha cabeça: desde a arapuca até o grande final apoteótico. Há um sentimento constante que o fim pode estar próximo (o que muitas vezes era uma profecia auto realizável). Isso me gerava gastrites, mas também momentos de muito prazer, quando eu (momentaneamente), tinha certeza do amor do outro. Nessas relações a gente nunca se sente autorizado a externalizar nossas angústias e inseguranças - até porque o grande barato é o drama inventado e se a gente se vulnerabilizar, as luzes do nosso cinema particular são acesas e o filme acaba.
2. A síndrome do pelo em ovo
Sabe quando você começa a sair com alguém que acha é seu tipo, a pessoa é legal, deixa claro que está a fim (até faz planos a médio prazo), mas você sente falta de alguma coisa? Nesses momentos já começo a minha tradicional "caça ao pelo em ovo": acho que ele não é tão interessante assim ou de fato não estou tão apaixonado. E por que eu tinha essa sensação?
Clarice Lispector escreveu em A paixão segundo G.H.: "Eu não sabia ver que aquilo era amor delicado. E me parecia o tédio. Era na verdade o tédio." Somos uma geração que cresceu com medo da mediocridade e do morno. Queremos tudo intenso e vibrante, em cores fluorescentes e com luzes estroboscópicas. Muitas vezes confundimos o amor tranquilo com falta de paixão.
3. O amor é cego
E quando você começa a sair com alguém que está totalmente indisponível, nossos amigos ou família desenham na nossa cara que não vale investir nessa relação, mas a gente insiste? Aí, cada 14 dias, quando o fulano te responde, as borboletas no estômago ficam em polvorosa achando que "agora vai"... (E a coisa nunca foi pra lugar nenhum!)
A verdade é que geralmente quando pessoas de fora da situação apontam que tem algo de errado, melhor acreditar neles! Mas, em vez de ouvir quem realmente se importa com a gente, entramos no autoengano básico de "ninguém entende o que eu sinto". E aqui, de novo, mais altos e baixos, para o deleite do nosso pobre cérebro viciado em drama e neurotransmissores. Mas como faz pra sair dessa novela?
Dramólatras Anônimos, há luz no fim do túnel
Agora que você já entendeu que talvez seja um ratinho de laboratório comandado pelo seu cérebro, as coisas ficam mais clara e possíveis de mudar. Não que vá ser fácil, precisa de muito autoconhecimento e análise, mas entender que você é parte do problema FACILITA MUITO.
O primeiro passo é aceitar que, apesar da sofrência, pode haver um prazerzinho oculto nesses dramas com a liberação de tantos químicos. Precisamos entender que dá pra conseguir os mesmos neurotransmissores em outras situações, como esportes, meditação e (por que não?) a masturbação. Também ajuda muito aprender a diferenciar entre paixão e amor. Como diz a psicanalista Vera Iaconelli "entender que o amor é mais tranquilo, menos idealizado, vai rolar um desencanto, um certo luto pra viver o amor." E por último, observar relacionamentos que admiramos e entender como as partes se tratam é um bom mecanismo pra construir o nosso modelo de relação ideal, que provavelmente vai ser mais tranquilo que as suas últimas relações.
Vamos sair juntos dessa: dá para mudar nossos padrões e escolher ter uma vida afetiva que nos dê prazer pra além da montanha russa emocional.
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