Mariano tem "alguém aqui fora". Cadê responsabilidade afetiva com a Jake?
Eu não sou muito de reality show, mas eles são maravilhosos para gente discutir as ações dos participantes e as nossas aqui fora né? Então, lá vamos pra mais polêmica:
Ontem o cantor sertanejo Mariano foi eliminado da Fazenda depois de 3 meses confinado. 10 dias depois do começo do reality, ele e a modelo Jakelyne Oliveira começaram um romance que durou até agora. Ou seja, quase 3 meses literalmente vivendo sob o mesmo teto. Na saída o peão foi questionado sobre o futuro da relação ele se dignou a responder que não tinha como dar uma perspectiva e sempre tinha deixado muito claro isso pra ela. E ainda disse que "não tinha um relacionamento, um namoro, mas eu nunca tô sozinho, na verdade. A gente sempre tem alguém."
Precisamos falar sobre responsabilidade afetiva
Esse parece ser a bola da vez, mas o que é isso? Na teoria é você deixar claras suas intenções e desejos pro outro, jogar limpo. Mas na hora do "vamo ver", fica difícil entender quando está faltando responsabilidade afetiva.
Tudo bem que Mariano usou o clichê que todos nós já escutamos de que "não estou pronto pra relação", mas convenhamos que os atos não correspondiam às palavras. Não dá pra gente achar que só porque verbalizou que não queria nada sério que tudo bem tratar a pessoa como se fosse namorada. Tem uma série de expectativas que são geradas pelo nosso comportamento e no fundo a gente sabe o que a gente quer com essa pessoa?.
Aqui entra o maior problema, porque em um reality tudo fica gravado. Em outubro, um mês depois do começo do affair, Mariano estava altinho em uma festa solta a seguinte pérola: "Mas o carinho, isso é importante até pra sobrevivência aqui. Ele lance da carência, de ter alguém pra confortar, pra dar colo... eu sou muito carente velho."
Ou seja, Mariano estava confessando algo que todo mundo já fez: ficar com alguém apenas para aplacar a carência. Ir em busca do outro para ser confortado, pra ganhar um cafuné, um colo? (Freud se revira na cova!). Mas o outro nessa história? Reparem que no discurso não tem coisas do tipo, "a gente está se curtindo" ou "to curtindo ela". Tem alguém com uma falta interna se apoiando em outra pessoa pra "sobreviver". A empatia manda beijos!
Consumismo afetivo
Todo esse movimento da responsabilidade surgiu de uns anos para cá porque as relações ficaram mais líquidas, sem tantos rótulos ou regras. É uma área cinzenta onde você não sabe o que esperar nem quais seus deveres. E toda essa liberdade gerou um precedente para não dar satisfações nem se preocupar com o coleguinha, afinal de contas, "não temos nada sério" (como se alinhar expectativas fosse algo exclusivo das relações "oficiais").
Ao mesmo tempo, a lógica do consumismo chegou à vida amorosa: compra, usa e quando não serve mais, descarta. A gente passou a objetificar as pessoas e o valor delas passou a ser sobre o quanto elas nos são úteis naquele momento. Pense nos aplicativos de relacionamento, de alguma maneira estamos nos colocando em uma vitrine como frutas esperando ser escolhidas antes de apodrecer. Tinha como dar certo?
Óbvio que não. Deu ruim: muitos corações machucados e quase ninguém se sentindo responsável por essa dor. E não adianta só apontar o dedo para os outros não. Todos nós, em maior ou menor grau, já usamos o coleguinha para nos dar prazer ou pra aplacar a carência em um dia chuvoso, ou não? Então, antes de sair em busca do outro, que tal a gente ter mais responsabilidade afetiva e administrar a carência?
Manual de administração de carência:
1. Autoconhecimento: Primeiro passo é o que Mariano apontou, depois de alguns drinks: saber que está querendo alguém porque estamos carentes. Reconhecer que estamos em busca de alguém para aplacar essa falta.
2. Não pense com fome: É preciso não tomar decisões precipitadas. Sabe fazer compras com fome? Você bota um bando de coisa no carrinho que se arrepende quando chega em casa.... Então primeiro tente forrar o estômago mas como?
3. Se resolva sozinho: Se for tesão, parta pra masturbação! Às vezes tudo que a gente precisa é gozar, mas não precisa usar o coleguinha pra isso. É mais fácil, rápido, prático e em tempos de pandemia, mais seguro pra saúde de ambos.
4. Foque no que te dá prazer: Se for uma carência afetiva, comece a pensar se você se dá afeto ou se busca isso exclusivamente no outro. Quais são teus momentos em que você sente que está fazendo algo por si? Pode ser uma aula de yoga, tirar um tempo pra ler um livro na rede, cozinhar uma macarronada que você ama. Faça o que te faz bem.
5. Diversifique as fontes de afeto: por último, lembre-se que o amor não é exclusividade dos crushes, ele pode vir de amigos, familiares e até dos dogs. Talvez você esteja sentindo falta de trocas afetivas. Nesse caso, fortaleça seu vínculo com aqueles amigos que faz tempo que você não fala ou vá passear um sábado com sua irmã e sobrinha. São laços que nos confortam e que só têm consequências positivas.
Espero que tenha sido uma leitura útil, repasse para incentivar a responsabilidade afetiva dos amigues. Todo mundo tem seus buracos, vamos nos conhecer e ter respeito com as emoções alheias. Lembre-se: eu não sou seu bibelô!
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