Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Carta aberta às novas gerações: vamos ser menos Cinderelas e mais felizes?
Queridas meninas e mulheres, já que hoje é dia da mulher, quis trazer aqui uma carta aberta compartilhando meus desejos para todas nós. Ainda que eu ache que todo dia é "dia da mulher", sou partidária das ritualizações e acho que podemos aproveitar a data (mesmo que questionável) para nos fazermos um convite e um pacto: que de hoje em diante todas nós queiramos ser menos Cinderelas e mais felizes. Ou melhor, que a nossa felicidade não esteja condicionada à nossa Cinderela interna.
Talvez a imagem da Cinderela já soe demodé para algumas jovens que me leem aqui, mas sinto que a lógica dela ainda está enraizada na forma como somos educadas e como aprendemos a nos colocar no mundo e a desejar. O tempo inteiro tem alguém nos aconselhando "na melhor das intenções": mulher tem que ser delicada, mulher tem que ser feminina, mulher tem que ser forte, mulher tem que ser guerreira... E a gente vai se esfolando querendo cumprir o tal papel social do que é esperado de uma menina, jovem e mulher contemporânea.
É essa obrigação de agradar e de se sentir valorizada a partir do olhar dos outros que desejo que possamos desconstruir. Eu nasci em 1984 e como muitas mulheres da minha geração, passei anos querendo ser uma princesa que seria "feliz pra sempre" ao ser escolhida por um príncipe. Sim, hoje já existem mais Fionas, Frozens e Valentes para trazer novos exemplos de trajetória feminina, mas ainda sinto que, como diz a maravilhosa Valeska Zanello, professora do departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília "Por mais que a gente fale de empoderamento e liberdade, a verdade é que as mulheres foram educadas a se colocarem na "prateleira do amor". Elas aprendem que têm valor - ou mais valor - conforme são escolhidas e validadas tanto pelos homens como pelos grupos sociais em que estamos inseridas".
Ou seja, não adianta abrir mão do papel da princesa e se aprisionar no papel da super-mulher valente, não caiam nessa, meninas!!
Meu desejo e convite no dia de hoje pra vocês (e pra mim também, confesso) é que possamos ser livres para experimentarmos ser muitas. Ser princesa um dia, guerreira no outro, bruxa no terceiro e por aí vai. E que essa experimentação seja guiada pela nossa vontade e não pelo desejo de pertencer ao grupo das mulheres descoladas ou das namoradas em potencial.
Ser mulher não é fazer um ponto sobre o que é ser mulher. É apenas se permitir ser.
A vontade de agradar não pode ser maior do que a de ser feliz. E pra isso, meninas, o grande exercício diário que tenho tentado fazer, e proponho que vocês façam também é: cultivem o amor-próprio e o autoelogio. Só vamos deixar de ser reféns dos elogios da família, das amigas ou dos boys, quando aprendermos que nossa validação para nossos próprios desejos e conquistas vale tanto (ou mais) que a dos outros.
Parece piegas mas ter um caderninho onde você anota suas qualidades e conquistas mas, garanto, é de um empoderamento sem tamanho. Não sei vocês mas eu sinto que sou mega generosa nos elogios com Deus e o mundo e super carrasca comigo mesma. Hora de mudar!
Aproveita que é segunda-feira, o dia oficial da mudança dos hábitos e, quando for lavar o rosto, se elogia sem dó em frente ao espelho. Elogie o que quiser: sua teimosia, a compra do seu vibrador, o jeito que você sorri com os olhos... Não tem que fazer sentido. Tem que fazer conexão. Abraça seu caos, suas incoerências, suas dúvidas.
Intimidade se constrói. E acho que a relação mais bonita que podemos cultivar é a de intimidade com nós mesmas. Se escute, se permita mudar, experimentar ser incoerente, ser muitas, ser cíclica, ser quantas você quiser.
Termino não desejando um "feliz dia da mulher" e sim um "feliz dia de ser você". Que seja uma jornada linda, única e conectada. E um beeijo par as caixinhas e bandeiras.
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