Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Fim de semana de 3 dias e licença-pé na bunda: e se eu fosse líder mundial?
Ontem, quinta-feira (24), foi aniversário da conquista do voto feminino no Brasil. A primeira eleitora brasileira foi Celina Guimarães, de Mossoró (RN), graças a uma lei do estado que determinava que não haveria diferença de gênero no exercício do sufrágio, do processo eleitoral. Era 1927. Mas foi só em 1932 que o Código Eleitoral brasileiro passou a contemplar as mulheres como eleitoras. E só dois anos depois, em 1934, o direito das mulheres ao voto passou a ser previsto na Constituição.
Aproveito essa data para celebrar o nosso direito, reivindicar mais espaço para mulheres no sistema político e para lançar a minha candidatura virtual a presidente do mundo. Vem comigo conferir minha plataforma de governo, que visa o bem-estar social.
Antes que empresas e governos preocupados com pessoas, como o da Nova Zelândia (comandado por uma mulher, claro) cogitassem ou adotassem esse modelo, eu já defendia nas redes os benefícios de se adotar três dias de descanso na semana. Sou uma defensora do descanso, até para que a gente volte a produzir bem. Ter ideias. Energia. E, convenhamos, parece justo trabalhar quatro dias e descansar três. Por isso, vamos implementar o fim de semana de três dias. Trabalhadores vão poder negociar com as chefias se a sexta ou a segunda-feira vão virar fim de semana no seu calendário. Já há experiências com resultados animadores, inclusive econômicos.
Nesse mesmo sentido, não parece adequado ao modo de vida do século 21 um regime de trabalho que prevê 11 meses de produção e um mês que é considerado descanso, mas na verdade é um mês de: marcar todas as consultas médicas a que você não conseguiu ir durante o ano, marcar todos os exames de todas as especialidades, voltar em todas as médicas, viajar, se divertir e, se der tempo, descansar. Não dá tempo de descansar. Por isso, quando eu for presidente do mundo, teremos um mês de férias e uma semana de descanso das férias com o objetivo de reequilibrar vida social e profissional de acordo com as demandas atuais.
Na era das relações tão intensas quanto efêmeras, que começam em uma tela e terminam num desaparecimento repentino, urge um programa que ampare as frustrações amorosas e os corações partidos. É a "licença-pé na bunda".
Será uma semana de ausência do trabalho para chorar em posição fetal até dormir, juntar seus pedaços, escorregar pela porta ao som de "All By Myself" e dar tempo de os olhos desincharem. Corações partidos podem ser pouco produtivos. Vamos dar esse empurrãozinho para ele começar a se recompor, ainda que o tempo e o processo de recuperação sejam pessoais e intransferíveis.
O programa "Meu divã, minha vida" vai oferecer terapia compulsória para geral. Uma vez por semana, todo mundo vai ter de se ver consigo, com o lugar que ocupa no mundo, com as suas caquinhas e lindezas e lidar com elas. Como seria uma sociedade em que todo mundo tivesse mais consciência de si? Por mais que seja dolorido.
Nossa comunicação pública será baseada no diálogo com a população e em valores como caráter público, firmeza, nitidez, gentileza, não-violência, cooperação. E um pouco de beleza também.
Já enviamos essa demanda pro nosso comitê de tecnologia avaliar a viabilidade do fim dos pedidos dos sites para você provar que não é um robô.
Essa não é a primeira vez que algo parecido chega para nós. Lamentavelmente não poderemos acatar a sugestão, pois o Corinthians não está merecendo.
Finalmente, incluiremos churros e bilhete de cinema na cesta básica. Porque os clichês só são clichês porque são verdadeiros. E a verdade é que a gente quer comida, diversão e arte. Entreguem o comando do planeta para as mulheres! Saúde e paz para o mundo.
Música: "Podres Poderes" - Caetano Veloso
Filme: Li "Recaptcha" e pensei em "Kamtchatka", com a maravilhosa Cecília Roth
Livro: "Vozes de Chernobyl" - Svetlana Aleksiévitch
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