Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Twitter virou rede pra agredir e lacrar, não conversar. Como reverter isso?
Levei uns dias para entender por que cinco potes de sorvete causaram tanta gritaria no Twitter. Também demorei pra entender qual era o problema de uma onça comer uma capivara, seguindo o fluxo da cadeia alimentar. Ri de gargalhar. O que está acontecendo com as pessoas? Nada contra problematizações, tenho até amigos que são e que acreditam que questionamentos e reflexões são fundamentais para a evolução da humanidade e da sociedade. Mas espera um pouco. Será que a gente não consegue mais só conversar sem atacar o outro pelo motivo que for? Relaxar e ouvir?
Se está todo mundo falando, falando, falando, falando, quem está escutando alguma coisa? "Silêncio, a Tatiana está descobrindo a essência da rede social". Estou ciente de que é feita para estimular as pessoas a falar qualquer merda e dar opinião e mais opinião, em uma cacofonia maluca. Mas a gente precisa obedecer o roteiro tão fielmente?
Quando estreei esta coluna queria trazer uma seção chamada "pensei, mas não postei". Porém, ironicamente, pensei um pouco e achei melhor não (até porque seria uma contradição pensar, não postar, mas publicar aqui). É algo que faço demais: chego a escrever, espanco o teclado. Apago. E vou cuidar da minha vida que eu ganho mais. Virou um bom exercício. E olha que eu gosto da interação nas redes, hein.
A gente tem confundido problematizar com agredir. É possível levantar uma conversa em vários prismas sem atacar o interlocutor, não é mesmo? Mas para isso precisa primeiro querer, porque na era da lacração, a agressão dá destaque.
Apenas vomite aqui sua opinião não solicitada, planificada, maniqueísta e proveniente do fígado. "Se toma sorvete caro, só pode ignorar a fome no planeta." Não há espaço para a complexidade, está em falta no mercado, o que torna tudo ainda mais difícil.
Depois de ter uma conversa absolutamente problematizadora com a Camila, editora desta coluna, chegamos à conclusão de que o diálogo está tão agressivo e, por isso, interrompido, que das redes sociais só vão sobrar as dancinhas e as dublagens. Lamento. Já conheci muita gente legal por causa de conversas nas redes.
Confabulo silenciosamente com os meus botões que as pessoas estão cada vez mais violentas, desavergonhadas de escancarar sua ignorância, que essa agressividade é também produto de um tecido social esgarçado pela economia deteriorada e pelos desgoverno e ódio de quem ocupa os cargos de poder político no país. Pronto, problematizei de novo e poderia me estender por muitas linhas levantando questões infinitas. Porém preferi desafiar o potencial treteiro de cada um no Twitter, lançando esse comentário:
Algumas das melhores respostas:
Dei muita risada. Por muito menos, em postagens bem mais inocentes, já recebi respostas como essas a sério. Desconfio até dos que aproveitaram para fazer parecer ironia algo que gostariam mesmo de dizer. Jamais saberemos. E nem me importa. Estou tão cansada da falação estridente que tive preguiça até mesmo de abordar esse tema aqui. Agora, duvido você problematizar este texto.
Para ouvir: "Não enche", Caetano Veloso; "Paz e arroz", Jorge Ben
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