10 dicas para fazer do seu corpo um lugar de prazer, poder e possibilidades
"Cuidar de mim mesma não é auto-indulgência, é uma autopreservação e isso é um ato de guerra política." A frase é de Audre Lorde e esse é o segundo texto dessa série em que conversamos sobre autocuidado, termo descrito pela maravilhosa Audre.
Na última coluna, falamos sobre como autocuidado é uma forma de resistência e um desafio ao patriarcado, principalmente para mulheres negras designadas ao cuidar desde muito cedo, passando a vida cuidando dos familiares, dos filhos, da casa em duplas e triplas jornadas não remuneradas.
Uma moça me chamou no direct do meu Instagram na segunda-feira passada, emocionada com o texto que escrevi aqui, contando sobre como a mãe havia morrido aos 58 anos de um ataque fatal do coração e sobre como nessa quarentena ela havia passado por eventos de ansiedade. Descreveu também alguns remédios que tem tomado para dormir e trabalhar. Longe de mim questionar a eficácia e a necessidade dessas medicações, mas será que essa deve ser a primeira alternativa apresentada?
Pensar com carinho na relação que temos com nosso corpo é urgente. Um corpo constantemente silenciado e agredido por padrões, um corpo feito para o prazer do outro, em constante tensão e alerta. Um corpo que ao sinalizar dor é calado por medicações para continuar produzindo, sendo útil ao capitalismo de muitas formas: através do consumo de produtos estéticos e cirurgias, do trabalho, do agir.
"O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe." Michel Foucault já disse em seu livro "Vigiar e Punir" que quando descobriu-se que o corpo poderia ser tão útil quanto sujeitável, ele se tornou alvo do poder a fim de ser moldado, rearranjado e treinado.
Pensar no autocuidado como uma articulação para romper essa lógica, assim como outras práticas que vamos descrever aqui e em textos seguintes, exige disciplina e hábito (mas garanto que vai ser gostoso).
O desafio desta semana para pensar autocuidado numa dimensão física é separar no mínimo 15 minutos por dia para cuidar, mexer e estar com seu corpo. Seguem 20 sugestões que eu amo, que são baratas (ou de graça) e vão fazer toda diferença:
- Beba mais água: sim, o velho clichê, mas tem muita gente que não faz. Pode ser 2 litros, pode ser mais, dependendo da sua alimentação e o quanto de água você ingere indiretamente de frutas e sucos. Água ajuda seu corpo a funcionar melhor por dentro e por fora, mas isso já sabemos.
- Alongue-se: nessa quarentena eu descobri a yoga através do canal da Pri Leite e logo depois a Yoga Kemética e, que delícia minha gente! 10 minutos e pronto, seu dia fica muito melhor.
- Coma melhor: a oferta de alimentos ultraprocessados é tão grande que fica complicado fugir deles na rotina corrida que levamos, mas vale a pena cozinhar mais, incluir legumes, verduras, ou ao menos tirar um dia da semana para uma dieta frugívora.
- Faça as pazes com o ócio: essa dica vai especialmente para minhas irmãs pretas, que tem especial resistência ao 'dolce far niente' aquele momento de simplesmente não fazer nada, gostoso e relaxante. Tente, é só 15 minutos e é ótimoooo.
- Feche os olhos, respire profundamente e com consciência: repita várias vezes ao dia.
- Escalda-pés - Você pode utilizar óleos essenciais (lavanda é maravilhoso), ervas, ou só água quente mesmo. Dá para fazer enquanto assiste TV ou trabalha no computador.
- Escovação a seco: esse ritual que você pode fazer antes do banho é um poderoso relaxante além de ser ótimo para as suas vaidades também. Tem vídeo mostrando como eu faço, bem detalhado.
- Exercício físico: pode dançar, pode praticar musculação, o importante é encontrar o que te dá prazer e mexer o corpo. Eu vou na yoga mesmo, mas adoro correr também.
- Sexo: vale com outras pessoas ou com você mesma. O importante é ser seguro, consensual e sem pressa.
- Durma bem.
Com certeza você tem mais um monte de ações ótimas para acrescentar a esta lista e pode ir somando as ações conforme o hábito se instaura. O importante é começar - devagar, um passo por vez. Semana que vem, vamos conversar sobre autocuidado numa dimensão emocional. Sigamos em frente.
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