Pandemia no meu guarda-roupa: como você quer se vestir na vida pós-vacina?
Como você se vestiu durante 2020? Um ano em que boa parte das pessoas antes adaptadas às formalidades de um ambiente corporativo pode se reconectar diariamente com aquilo que realmente nos deixa confortáveis, aquilo que gostamos de usar tanto em cores, tecidos e estilos de roupas.
O desejo de uma mudança concreta no meu guarda-roupa chegou aqui ainda em janeiro do ano passado. Meu guarda-roupa, assim como as peças que gosto e me sinto confortável em usar, não mudou muito nos últimos 20 anos: apesar de todos os padrões que o etarismo, os fiscais da maternidade alheia e o patriarcado gritam, eu me sinto confortável com roupas curtas, decotes e justas - se uma peça for as 3 coisas, eu me sinto confortável também.
Tenho camisetas, calças, blusas com mais de 15 anos ainda em uso. Isaac Silva, Mateus Couto, Ana Paula Xongani, Alex Santos, Claudete Santos e outros estilistas maravilhoses que tive a oportunidade de conhecer (e vestir) nos últimos anos mudaram muito minha visão e relação com a moda, que é sim uma forma de expressão artística das mais concretas porque, literalmente, se vive uma vida dentro dessas peças - algumas até obras de arte.
E veio essa necessidade muito íntima de mudar o que eu uso, as cores que me abraçam, a forma que eu me mostro para sociedade. Não foi difícil chegar a Farage.inc e sua metodologia que em nada parece com Esquadrão da Moda ou qualquer outro desses programas de moda que tudo que fazem é expor seus participantes fazendo com que eles se sintam inadequados. E também não tem aquele lance de regras pré-estabelecidas para determinado tipo de corpo, como uma cartilha sobre o que você deve ou não usar para se "sentir bem" que quase sempre lê-se sentir-se mais alta e magra.
Nem vou falar aqui sobre como anda esse processo da consultoria porque em meio a homeschooling, reforma de casa e demandas do trabalho nem os exercícios eu fiz ainda, mas quero sim, falar sobre 3 coisas que têm me ajudado nesse processo de redescobrir com muita honestidade o que eu gosto de usar e dentro de que roupas eu quero viver, passear, brincar e levar a vida pós-vacinação.
- Agradeça e se despeça: Algumas peças de roupa me acompanharam pela vida por muito tempo, muitas histórias, muitos anos. O processo foi ser muito honesta sobre as peças que eu não usava há mais de um ano ou aquelas pelas quais eu simplesmente perdi o interesse, agradece-las (bem Marie Kondo isso), encaminhar para doação as que ainda estavam boas, dispensar as furadas, rasgadas, etc.
- Buscar novas combinações: Eleger uma peça e montar com ela 3 a 5 opções de looks diferentes, combinando com outras peças, variando acessórios, testando outras formas de uso. Ganhei uns 6 looks diferentes nessa brincadeira.
- Brincar com as cores: Amo preto e branco mas sempre fui muito segura na hora de combinar cores. O desafio foi testar novas combinações que antes eu nunca ousaria e perceber como eu me sentia nelas. E não é que estou adorando esse exercício: laranja e vermelho, pink e verde, roxo, azul marinho e rosa e outras combinações que eu nunca imaginei e estou adorando usar. E a palavra "brincar" se encaixa muito bem aqui já que o desafio é se levar menos a sério e permitir-se vestir aquilo que quer.
Esse processo de renovação do guarda-roupas me trouxe para um lugar do autoconhecimento que eu ainda não tinha explorado, já que a dimensão física do conhecer-se é frequentemente escanteada às pessoas sedentárias como eu. Observar o corpo, curtir o toque dos tecidos, observar o efeito das cores... adorando tudo. Em breve volto para contar progressos nesse processo e mostrar alguns novos looks do que chegou aqui de dentro pra fora, sem medo e cheia de ousadia.
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