Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Qual foi a última vez que você comeu algo que te deixou maravilhada?
Talvez uma hora eu queira trazer assuntos mais sérios e complexos pra essa digna coluna, mas por enquanto quero encher esses espaços de escapismos. Desses que por alguns instantes fazem a gente se sentir melhor e até arriscar um sorriso cheio de verdade em meio ao caos - vamos falar de filmes e séries leves, vamos falar de música, sexo, jogos de tabuleiro e comida.
Essa semana um bolinho de chuva da minha mãe me trouxe uma reflexão sobre como eu tenho me relacionado com a alimentação, as refeições e as comidas que eu adoro. Comer sempre foi um dos meus grandes prazeres, amo cozinhar, amo provar novos sabores e me chamem se o papo for bons vinhos, bons drinks e boas cervejas também.
Entendo que tratar comida como prazer é privilégio numa sociedade gordofóbica, onde pessoas gordas recebem olhares de julgamento por cada bolacha de àgua e sal que colocam na boca em público - resposta ridícula, cruel e ainda naturalizada por nós, que aprendemos desde muito cedo a vilanizar alimentação alheia.
Porque alguns comem muito, outres comem pouco, tem gente vegana, vegetariana, frugívora, crugivora, onívora e cada um com a alimentação que quer, que conhece e que precisa. E que a gente não peça desculpas por gostar do que gosta e comer o que e quanto quer/precisar.
Em 2020 a ansiedade me fez comer muito e coisas que eu normalmente não abusaria. Foi tóxico, foi triste, mas encontrei nas comidas gordurosas e na cerveja uma forma de lidar com trabalho, o homeschooling das crianças, a incompetência do governo, o luto do nosso povo sendo morto de tantas e diversas formas. Não era a alimentação que eu gostava, que me dava prazer, mas era o que eu "precisava" naquele momento.
E eu coloco entre aspas essa pseudo necessidade, porque na real eu precisava descansar, precisava trabalhar sem crianças pulando em volta e me chamando a cada 10 segundos, abraçar meus pais, ser ouvida, terapia. Mas assim como acontece com mais de 9,3% da população mundial (segundo a OMS) que sofre de ansiedade -crônica ou eventual - o corpo busca estratégias para lidar com emoções através das ferramentas que tem a mão, por exemplo, o iFood e suas opções.
Não acredito que a demonização nem do mais junk dos alimentos seja a solução, prefiro pensar que informação, educação e o autoconhecimento podem fazer maravilhas pela nossa relação com a comida e a forma como nutrimos nosso corpo.
Muita informação sobre alimentação e nutrição ainda é elitizada e embora seja sim possível se alimentar com uma comida mais rica sem gastar muito, a informação não chega de forma fácil e acessível à população mais pobre. Cabe a gente questionar aqui a quem interessa manter as classes mais baixas desnutridas, consumindo alimentos que pouco garantem as vitaminas, os nutrientes e a energia necessária para o bem viver.
E eu encho a boca para falar em BEM VIVER, por mais que entenda que a preocupação de grande parte da população ainda tem sido sobreviver. Mas comer é vida, é uma celebração da nossa conexão ancestral com a terra que provê.
O convite hoje por aqui, é para que você use seus momentos de escapismo para praticar o Mindful eating , comer com atenção plena, concentrar-se nos sabores, nas texturas, na delícia que é comer. Qual foi a última vez que você comeu uma coisa que realmente te deixou maravilhada? Quer ideias? Seguem algumas sugestões de lugares aqui em SP qque eu adoro:
- Bark'n Crust - você merece essas carnes
- Churras delas - congelados com amor e super práticos
- Fatia Pães Artesanais - assinatura de pães de fermentação natural
- Jantar Secreto- kits com jantares prontos pra você só finalizar em casa
- Fitó - comida brasileira com borogodó
Vale também se arriscar na cozinha e investir naquela receita de família. O que não faltam são sites e canais de culinária que ensinam o passo a passo de receitas deliciosas pra gente pegar pelo menos uma vez por semana e meter aquela playlist, abrir um bom vinho ou sua cerveja favorita e cozinhar sem pressa e cheia de amor.
E que a gente se permita desfrutar de uns chocolates, boas pizzas, deliciosos hambúrgueres. São tempos atípicos, onde é fundamental sentir sabores e embarcar nas emoções que uma boa comida traz.
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