Vida melhor como refugiada
"Minha vida é melhor aqui em Azraq, mesmo antes da guerra começar", afirma Bashira. Parece difícil de acreditar. Em 2013, ela fugiu da Síria com o marido e os três filhos para o campo de Zaatari, o maior da Jordânia e seu primeiro refúgio fora de seu país. Lá, nasceu a filha mais nova, que hoje tem quatro anos. No entanto, ela conta que o marido a agredia e foi nesse lugar que teve ajuda para o divórcio. Após a intermediação, se mudou com as quatro crianças para Azraq. "É muito difícil para a mulher sozinha lidar com a falta de dinheiro e cuidar dos filhos. Eu não tenho ninguém: nem pais, nem irmãos. Mas a segurança não é um problema aqui no campo", conta.
Bashira teme que a família do marido tome suas crianças, por isso desistiu da ideia de um dia voltar para a Síria, mesmo que a guerra acabe. "Aqui, eu encontrei descanso. Sou mais independente. Se eu voltar, os problemas vão retornar", diz. Ainda que ache o campo de Zaatari melhor, pois lá é possível expandir as moradias e há mais oportunidades para que os refugiados criem seus próprios negócios, ela afirma ser feliz em Azraq. "Moro sozinha com as crianças e me sinto confortável".
Segundo Bashira, o marido não oferece nenhum tipo de suporte e ela conta com o auxílio mensal do Programa Mundial de Alimentos (agência da Organização das Nações Unidas - ONU) para as despesas. Há um supermercado no campo de refugiados, onde eles fazem compras com os vouchers recebidos. São 20 dinares jordanianos por mês para cada pessoa (cerca de US$ 28) e todos os dias uma porção de 240 gramas de pão é distribuída para cada morador. Para complementar sua renda, ela também trabalhou como recepcionista por três meses dentro do campo, em uma das oportunidades criadas lá. Como o sistema é rotativo, agora ela deve aguardar na fila por outra chance.