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Sua menstruação é normal? Talvez essa pergunta tenha feito você franzir a testa e se questionar: afinal, o que poderia haver de anormal em algo tão particular quanto o ciclo de cada mulher? Algumas mulheres menstruam por quatro dias, outras por sete; algumas têm fluxo moderado, outras intenso; algumas sentem cólicas e TPM, outras não experimentam nenhum desconforto. Mas há um consenso médico do que é normal ou anormal e ele passa pelo impacto do sangramento na vida cotidiana de cada mulher. "Várias sociedades médicas definiram que quando a menstruação impacta negativamente e de forma recorrente a qualidade de vida - faz com que ela cancele eventos, precise programar sua rotina pautada pelo sangramento, não consiga dormir ou socializar, se sinta fraca ou incapacitada, por exemplo - ela não é normal", explica a ginecologista Thais Ushikusa. Embora quase não se fale sobre isso, essa situação desconfortável tem nome e sobrenome: SUA - Sangramento Uterino Anormal.

Estima-se que uma em cada três mulheres seja afetada pelo SUA. Mas se ele é tão recorrente, por que ouvimos tão pouco sobre essa condição? "Porque existem muitos tabus em relação ao corpo feminino. Vivemos em uma sociedade tão machista e opressora que temos vergonha das potências e funcionalidades dos nossos corpos, sentimos vergonha de falar que estamos menstruadas e de conversar sobre menstruação até com as pessoas mais próximas", diz Vivi Duarte, CEO da ONG Plano de Menina que, junto com a ONG Crônicos do Dia a Dia, criou uma semana de conscientização para falar sobre SUA, corpos femininos, pertencimento e autocuidado. "As mentoras do Plano de Menina sempre levantam esses temas nos workshops, dizem para as meninas serem fiéis aos seus corpos e sentimentos, orientam a manter uma agenda com as fases do ciclo, como estão se sentindo em cada uma delas e as características do fluxo", explica Vivi.

Entre os dias 19 e 24 de outubro, a campanha, que visa esclarecer e ajudar na detecção da condição, reunirá virtualmente profissionais de diferentes segmentos que compartilharão conteúdos sobre o SUA sob a #NAOENORMAL.

O canal UNIVERSA faz parte da campanha e, nos dias 22 e 23, será palco do evento online "O Dia V", que reunirá especialistas para debater ao vivo a relação das mulheres com seu corpo: desde o reconhecimento da anatomia feminina à busca pelo prazer, passando por temas como tabus, feminismo, diversidade e aceitação.

Quebrar o tabu sobre assuntos relacionados à menstruação, olhar para o que acontece com nossos corpos e conversar sobre isso são passos essenciais para a saúde e o bem estar. "Uma pesquisa realizada em novembro de 2019 apontou que metade das mulheres com SUA não tinham diagnóstico correto; em média, as mulheres com a condição demoravam 3 anos para buscar tratamento e as que levaram mais tempo para procurar ajuda foram as mais jovens", diz a ginecologista. Parte dessa dificuldade de diagnóstico se deve à subjetividade da menstruação e à falta de diálogo sobre ela.

Dra. Thais explica que o considerado "normal" pelos critérios médicos é que a menstruação dure entre três e sete dias, que ocorra em um intervalo de 24 a 38 dias e que o volume seja de até 80 ml por ciclo menstrual. Mas quem contabiliza os mililitros de menstruação? Por isso, mais vale observar como você se sente em relação ao sangramento e quanto ele afeta sua vida cotidiana, que se apegar aos números. "Para algumas mulheres o sangramento excessivo não atrapalha a vida, para outras, o fluxo está dentro do que é considerado 'normal' pela medicina, mas impacta negativamente sua rotina. Independentemente do que se convenciona chamar de doença ou 'normalidade', a hora de buscar ajuda é sempre que você não se sentir bem", defende Bruna Rocha, Representante da ONG Crônicos do Dia a Dia (CDD), que lembra que esse tipo de desconforto pode afetar vários aspectos da vida da mulher, como sua profissão - imagine precisar encarar o trabalho e gerenciar um sangramento excessivo - e até a relação sexual. "Para algumas mulheres, o sangramento é tão intenso que pode causar deficiência de ferro e levar à anemia. Isso pode fazer com que ela se sinta cansada, fraca e pode haver até queda de libido, além, é claro, da dificuldade de manter relação pelo fluxo sanguíneo", explica a ginecologista Thais Ushikusa. A CEO da ONG Plano de Menina, Vivi Duarte, lembra que para realizar todos os nossos planos é importante estarmos atentas ao nosso corpo e cuidarmos dele. Não existe plano realizado sem estarmos com nossa saúde física e mental em dia.

Existem causas diversas para o SUA: desequilíbrios ou deficiências hormonais; problemas relacionados ao útero, como miomas, pólipos e até câncer; doenças ligadas à coagulação sanguínea; intercorrências relacionadas à gravidez ou parto; condições causadas por medicamentos; e em quase metade dos casos, os médicos não encontram motivo aparente para a condição. Assim como as causas são variadas, os tratamentos abrangem desde algo tão simples quanto usar pílula anticoncepcional ou colocar um DIU hormonal, até intervenção cirúrgica. Cada caso é um caso. Por tudo isso, procurar orientação médica diante de qualquer sinal de que algo não vai bem é sempre a decisão mais correta a se tomar. Mas se você está em dúvida se tem ou não SUA, a ginecologista Thais Ushikusa indica alguns sinais para ficar alerta:

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