Até onde você vai?
Negra, trans e da periferia, Linn sabe bem o que é cruzar com o preconceito diariamente.
"Ser travesti, assim como ser mulher, é um conjunto de dificuldades", afirma. Ela conta que muitas vezes a batalha começa ainda na frente do espelho. Depois, passa por humilhações dentro de casa, na escola, no mercado de trabalho e na rua.
"É como se houvesse um jogo pré-estabelecido, sem que a gente soubesse, e daí nos dessem as mínimas condições de sobrevivência. Então jogam a gente nesse jogo, falando assim: 'Vamos ver até onde você vai'".
Linn não é de desistir: encarou quem lhe apontava o dedo e escolheu o funk para protestar. "Por não encontrar nas novelas, nas revistas, na música nada que eu me enxergasse, que falasse diretamente comigo, tive a necessidade de eu mesma fazer".
Decidiu, então, que não viveria nos bastidores: quis ser artista e lutar por igualdade no palco. "Quais são as travestis que admiramos? A gente precisa ocupar esses espaços. Não é questão de ego, apenas. É para que saibam que nós existimos, que é possível ser travesti e ser feliz".