"Agressão assistida"
A estudante paulistana Nathalia Gomes, de 19 anos, teve seu bebê aos 14. Dois meses antes do nascimento, por causa de um deslocamento da placenta, precisou ser internada. No hospital-escola onde ficou - e que prefere não dar o nome - testemunhou agressões verbais e psicológicas de profissionais da saúde às gestantes. "Vi até médico derrubar bebê no chão!", lembra. "Quando minha bolsa vazava, por causa de complicações, os estudantes de medicina me olhavam com nojo, duvidavam de mim e diziam que eu tinha urinado", descreve a estudante, que nomeia as cenas como "agressões assistidas". Além disso, Nathalia diz que alunos a tocavam com frequência para estudá-la "mesmo sendo menor de idade e sem acompanhante". Na hora, você deixa rolar. Mas depois, percebe o quanto foi humilhante. Era um descaso total". Diante das dificuldades da gravidez, os médicos tentaram induzir seu parto durante três dias. Ao final, fizeram uma cesárea. Ela descreve cenas de horror: "minha mãe foi proibida de presenciar o nascimento do neto e tive tanto medo que nem conseguia respirar. E pior: senti o corte sendo feito na barriga, porque a anestesia demorou para fazer efeito e, quando pedi para o médico parar, ele ignorou".