3 mulheres contam como é atuar em carreiras tidas como masculinas
Em pleno 2016, ainda há profissões que são consideradas masculinas. A seguir, uma engenheira civil, uma programadora e uma sommelier de cerveja contam como conquistam espaço --e destaque-- em suas carreiras.
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Rita Romero Vilar, 45, engenheira civil
"Trabalho há 23 anos na área de gás, petróleo e construção civil e, de vez em quando, penso que o mercado está melhorando para as mulheres, mas não está. Especialmente na área de gasodutos e obras grandes, a equipe de mão de obra é muito resistente a lidar com mulher. Para conquistá-los, é preciso meses. Já os homens conseguem isso em um ou dois dias. No começo, eles me ignoram, como se estivesse lá a passeio. Eles me observam, mas não dão importância. Tinha 24 anos quando precisei mandar um rapaz embora porque ele deu em cima de mim. Eram 250 funcionários de campo, entre pedreiros e ajudantes, sendo eu um dos gestores e a única mulher da equipe. Só assim passei a ser respeitada pelo time. Com o tempo, desenvolvi duas Ritas. A do lar, do dia a dia com a família, que é mais leve e suave, e a do trabalho, que é fria, seca e não sorri nunca. Hoje, trabalho como consultora para as concessionárias da área de gás e petróleo e minha batalha é para conseguir clientes. Nas reuniões, respondo a uma série de perguntas dos homens, para provar que sei tocar uma obra e prestar consultoria, mesmo já tendo ganhado dez prêmios em atividades de inovação em engenharia e construção."
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Paula Grangeiro, 28, programadora
"Quando terminei o ensino médio, como tinha fascinação por computadores e todos diziam que as profissões bem-sucedidas do futuro estariam envolvidas com tecnologia, optei por estudar sistemas de informação. Na época, havia poucas meninas na sala, mas só eu e mais uma outra aluna chegamos ao fim da faculdade, sem repetir nem precisar estender o tempo de curso. No início da carreira, tinha de me esforçar mais do que os homens da equipe para receber tarefas relevantes. Ainda assim, uma vez, durante uma discussão sobre arquitetura de informação, minha opinião foi totalmente descartada, mesmo tendo experiência com aquele tipo de aplicação. Meses depois, a solução aceita --sugerida por um homem-- mostrou-se inadequada para a situação. Para buscar um ambiente de trabalho que me respeitasse como profissional e me pagasse igual ou mais do que aos homens, precisei pedir demissão de um empreso estável e me arriscar um pouco. Na empresa onde estou hoje, já cheguei a trabalhar com uma equipe que tinha a mesma proporção de homens e mulheres. Lá, também há banheiro feminino com proteção para o assento do vaso sanitário e até embalagem para descarte de absorventes. Parece pouco, mas assim eu me sinto incluída no ambiente de trabalho e também valorizada. E não teria encontrado esse lugar se tivesse me conformado com a desigualdade."
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Fabiana Arreguy, 43, sommelier de cerveja
"Apresentei na rádio CBN, por seis anos, a primeira coluna de rádio do Brasil a falar de cerveja. Foi aí que decidi estudar o assunto, porque já gostava da área de gastronomia. Em 2010, eu me tornei sommelier de cerveja, ao me formar pela instituição alemã Doemens Academy. Logo que comecei a trabalhar na área, enfrentei piadinhas e olhares pouco profissionais vindos dos homens, afinal, era um ambiente predominantemente masculino. Hoje sou respeitada, mas durante muito tempo fui assediada em eventos profissionais, que frequentava sozinha. O maior desafio, porém, foi provar a minha capacidade. Precisei ser mais seca, mais distante e mais silenciosa para passar o recado de que estava ali para trabalhar com seriedade. É incrível como ainda existe esse pensamento de que a mulher que ri muito, sai sozinha, bebe e trabalha na noite não é digna de respeito."
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