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5 mães contam como educam os filhos para não serem machistas

Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL

13/05/2017 04h00

Nem sempre é fácil criar um filho, seja um menino ou menina, para não ser um adulto machista. Muitas vezes é preciso desconstruir o próprio modelo de criação que recebemos dos nossos pais e se desvencilhar de uma cultura propagada ao longo de séculos. A seguir, cinco mulheres contam como tentam fazer isso no dia a dia, e como a participação do pai é essencial nesse desafio.
 

  • Regras iguais

    A administradora de comércio exterior Marinalva Campos de Gouveia, 55 anos, é mãe de Vinícius, 19. Ela e o marido, conscientes de que haviam recebido uma criação machista, decidiram fazer diferente com o filho. Eles também são pais de Carla, 23 anos, e se esforçaram para criar os dois com as mesmas regras. "Sempre fomos contra os discursos que diziam que mulher não pode beber, que tem que ser virgem, que não pode chegar tarde em casa como o homem ou que é dela o dever de cuidar da casa", diz. "Derrapamos como pais algumas vezes, mas o Vini não faz distinção de tarefas de homens ou de mulheres. Se às vezes ele não lava louça, é porque é preguiçoso mesmo", diz. "Formar meninos não machistas é uma tarefa árdua das famílias. Acho que o papel da mãe é importante, pois o machismo não reside só nos homens, mas nas mulheres também. Precisamos ficar atentos para desconstruir o modelo que recebemos durante a vida", diz.

  • A divisão das tarefas domésticas é igual

    Mãe de Caio, 10 anos, dos gêmeos Tom e Gael, 3, e madrasta de Pedro, 16, a publicitária Flavia Arcangelo de Oliveira, 37, precisar estar sempre com o radar ligado para captar sinais de comportamentos machistas em casa. "Assistimos muitos filmes juntos e eu sempre comento as cenas que não devem ser replicadas na vida real, incluindo as machistas. Como quando há um marido sentado no sofá, pedindo cerveja para a esposa que está lavando louça", conta. Na casa dela, os mais velhos reproduzem o comportamento do pai, que divide as tarefas domésticas com a mãe. "Eles lavam louça numa boa. Os mais novos me entregam pregadores enquanto eu penduro as roupas no varal", diz.

  • Cores e brincadeiras são para todos

    Quando descobriu que estava grávida de Leandro, hoje com 5 anos, a atendente de telemarketing Tabata Garcia, 29, não pensou sobre os desafios de criar um menino. Mas foi só ele crescer para a mãe perceber que Leandro seria enquadrado em determinados padrões, por conta de seu gênero. "Uma vez, ele veio me falar que não queria mais ter a cor roxa como a preferida, porque alguém disse a ele que era de menina. Eu precisei explicar que todos podem gostar de qualquer cor e que isso não vai mudar quem a pessoa é. Eu, por exemplo, gosto de azul e laranja", conta. Ela também ensina que as brincadeiras são para todas as crianças, independentemente do gênero. Mas precisa reforçar essa informação sempre. "Eu percebi que os presentes que ele ganhava eram estereotipados: sempre carrinho, bola ou boneco de luta. Pedi, então, para começarem a dar jogos para ele." Flavia viveu algo parecido em casa. Um dos gêmeos foi repreendido pelo irmão mais velho ao dizer que seria a personagem feminina do filme Trolls, durante uma brincadeira. "Com naturalidade, falei que ele podia, sim, ser a menina. Mas é preciso sempre chamar atenção de quem diz o contrário e isso ainda acontece muito", conta.

  • Palavrão não é coisa de menino

    Um dia Tabata soltou um palavrão na frente do filho. Então, ouviu: "Mamãe, você não pode falar isso. Só menino que fala palavrão". Coube a ela pedir desculpas pela falha, mas também explicar que palavrão não deve ser dito por criança nenhuma, seja menino ou menina. E que convém até aos adultos evitar esse tipo de vocabulário. "Meu irmão estava perto e explicou que era feio dizer aquilo, mas não porque eu era mulher. Que para ele também não era legal falar palavrão", diz.

  • Respeito acima de qualquer coisa

    "Uma vez, o Caio voltou comentando de uma menina da escola que usava calça transparente, que mostrava toda a calcinha. Foi o meu gancho para dizer que, independentemente da roupa, temos que respeitar as meninas", conta Flavia. A analista de RH Kelly Regina Rodrigues da Silva, 28 anos, é mãe de Davi, 7, e de Mateus, 3. Ela começou a pensar em machismo quando os meninos passaram a frequentar a escola. Recentemente, precisou interferir quando o pai das crianças incentivou que eles não deixassem ninguém 'folgar' com eles. "Me deparei com ele dizendo ao mais velho que, se recebesse qualquer provocação, deveria revidar, fosse de uma menina ou menino" conta. Ela percebeu que era o momento de intervir e explicar que a violência não é legal e, principalmente, não é a única forma de resolver uma desavença. Ela também reforçou que bater em meninas não é admissível em nenhuma idade.

  • Garanhão não tem vez

    Quando o pai da enfermeira Cléia Ramos de Oliveira, 31 anos, veio contar que o neto Miguel, na época com 3, queria namorar uma amiguinha, a mãe entendeu que precisava ter uma conversa com o filho. "Foi preciso dizer que criança apenas brinca, estuda e passeia. Namorar é coisa de gente grande", diz. A fala do avô é a reprodução de um machismo bastante comum em famílias com homens. Espera-se que o garoto prove a sua masculinidade ao dizer que vai destruir o coração das menininhas. "Já expliquei para o Caio que não é correto ter muitas namoradas, porque não tem graça nenhuma enganar ou mentir para alguém. E que isso não é ser esperto, como dizem por aí. É preciso respeitar o outro", conta Flavia.

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