8 respostas sobre diabetes gestacional; problema nem sempre gera sintomas
Colaboração para o UOL
28/09/2016 15h27
Qualquer gestante corre o risco de desenvolver diabetes gestacional. A doença atinge entre 3% e 8% das mulheres e torna a gravidez de alto risco. Podem ocorrer complicações para a mãe e para a criança, como parto prematuro (o risco é seis vezes maior), pré-eclâmpsia (hipertensão arterial específica da gestação), macrossomia fetal (quando o feto ganha muito peso), desenvolvimento de síndrome de angústia respiratória no recém-nascido e risco de o bebê apresentar cardiopatias.
Por conta de tudo isso, é preciso acompanhamento desde o início da gravidez, ainda mais no caso de mulheres que têm casos de diabetes na família. Conheça melhor esse mal, que muitas vezes é silencioso, saiba como preveni-lo e como o pré-natal deve ser encaminhado.
Consultoria: Carlos Eduardo Czeresnia e Rodrigo Rocha Codarin, ambos ginecologistas e obstetras do Hospital Israelita Albert Einstein; Alberto d’Auria, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, e Anderson Nascimento, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz - unidade Anália Franco, todos de São Paulo.
-
O que é diabetes gestacional?
É uma intolerância a carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez. Mudanças hormonais que ocorrem nesse período alteram a ação da insulina, dificultando a entrada de glicose nas células. Para a maioria das mulheres, o corpo compensa esse desequilíbrio com o aumento da insulina, mas se ele não for suficiente, a taxa de glicose sobe e aparece o diabetes gestacional. Nesse caso, a glicose sanguínea elevada ultrapassa a barreira placentária podendo, se não for controlada, causar complicações.
-
Quais as consequências do diabetes gestacional para a criança?
No ambiente uterino, o problema é que a criança passa a viver em um ambiente com nível de glicose acima do normal. É possível também que o feto cresça mais que o desejado, apresente hipoglicemia neonatal, obesidade e desenvolva diabetes na vida adulta, além de problemas cardiovasculares.
-
Como identificar o quadro diabético na gestação?
Não há um consenso a respeito. A maioria dos especialistas leva em consideração níveis de glicemia em jejum e a presença de fatores de risco (gestação em idade avançada, maior peso corporal e história familiar de diabetes mellitus). Glicemias de jejum realizadas no início do pré-natal inferiores a 85 mg/dl (miligramas por decilitro) e sem fatores de risco são consideradas como rastreamento negativo para diabetes gestacional. Gestantes com glicemia de jejum entre 85 mg/dl e 125 mg/dl, com ou sem fatores de risco, ou com glicemia em jejum menor que 85 mg/dl, mas com fatores de risco, devem ser consideradas casos de rastreamento positivo para a doença. Nesse último caso é importante fazer o exame de curva glicêmica com sobrecarga de glicose na 24ª semana de gestação.
-
Quais fatores predispõem a mulher a desenvolver o diabetes gestacional?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, há alguns fatores de risco: idade materna avançada, ganho de peso excessivo durante a gestação, sobrepeso ou obesidade, síndrome dos ovários policísticos, histórico de diabetes gestacional em gestações anteriores, de diabetes em parentes de primeiro grau e de diabetes gestacional na mãe da gestante, hipertensão arterial durante a gestação e gestação de gêmeos.
-
Quem desenvolve diabetes gestacional se torna diabética depois do parto?
As mulheres com diabetes gestacional têm entre 20% e 50% de chance de desenvolver diabetes tipo 2 após o parto e desenvolver o mal na gravidez seguinte. Após a alta hospitalar, será preciso ainda fazer controle e até uma nova curva glicêmica. É fato que muitas das mulheres que permanecem diabéticas após o parto tinham a doença não diagnosticada antes da gravidez.
-
Quem tem diabetes gestacional terá de passar por uma cesariana?
Não, é possível ter parto normal desde que o diabetes esteja sob controle e que o bebê não esteja muito maior do que o esperado.
-
Como prevenir o diabetes gestacional?
Além de não ganhar muito peso durante a gestação, é importante cuidar da alimentação: não exagerar no consumo de carboidratos (arroz, pão, batata, macarrão e outros pratos que contenham farinha branca), já que eles induzem o corpo aumentar a produção de insulina, e praticar atividade física com regularidade, com conhecimento e aval do obstetra.
-
A mulher com diabetes gestacional precisa tomar algum medicamento?
Em cerca de 80% dos casos não é necessário, basta controlar a dieta e fazer exercícios físicos. O ideal é que a glicemia em jejum se mantenha abaixo de 90 mg/dl e que a glicemia duas horas depois do almoço seja menor que 120 mg/dl. Essas são as metas de controle que devem ser mantidas para diminuir o risco de complicações. Os casos que não se resolvem com alimentação e atividade física são submetidos ao uso de insulina injetável ou de hipoglicemiantes orais (substâncias que ou estimulam a produção de insulina ou tornam a pessoa mais sensível a ela). Por serem uma medicação recente, o uso dos hipoglicemiantes ainda é discutível, pois não se sabe se podem provocar má formação fetal.