Pais e especialistas dão dicas para enfrentar dez dramas da volta às aulas
Do UOL, em São Paulo
26/07/2015 08h10
Dormir tarde, passar mais tempo em frente à TV, jogar videogame durante horas, comer besteiras e ir à casa dos amigos. No recesso do meio do ano, as crianças se sentem livres para fazer tudo o que não podem durante o período escolar, que as obriga a ter horários rígidos e uma alimentação mais equilibrada. Depois de semanas de farra, voltar à rotina não é fácil para os filhos, e fazê-los retomar alguns hábitos é um desafio para os pais. Veja quais são os dez maiores dramas domésticos desta época do ano e como fazer para superá-los:
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Conseguir fazer o filho dormir e acordar cedo
Ir para a cama mais tarde e acordar quase na hora do almoço é uma transgressão comum nas férias, mas que precisa ser corrigida pelo menos uma semana antes de a criança voltar à escola. A gerente de varejo Fabiana Pacheco, 32 anos, apostou em uma estratégia eficiente para conseguir ajustar o horário do filho Arthur, de três anos: ela passou a levá-lo ao parque, no período da tarde, nos últimos dias de férias. "Ele gastava bastante energia, chegava cansado em casa, jantava e logo batia o sono", conta.
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Ter hora certa para tomar café da manhã, almoçar e jantar
Comer fora de hora não é um problema tão grande no período de férias, mas é algo incompatível com a rotina escolar. O melhor é não deixar as refeições acontecerem em horários muito distantes do habitual. "Nas primeiras férias do meu filho mais velho, ele fez tudo o que queria. Porém, quando o recesso acabou, foi muito difícil fazê-lo voltar ao ritmo. Agora, permito uma variação máxima de duas horas para cada refeição. Assim, fica mais fácil ajustar depois", diz a estudante Paula Hammermeister, 32, mãe de Gabriel, 7, e Rafaela, 2. Na semana antes da volta às aulas, a dica de Paula é ser ainda mais rigoroso na aplicação dessa regra.
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Voltar a oferecer refeições com comidas saudáveis
Quando não precisam ir à escola, os filhos aproveitam para comer pipoca, sorvete e pizza numa frequência maior que em dias normais. E, de acordo com o pediatra Felipe Monti Lora, do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo, não há problema em comer uma besteira ou outra, desde que a criança não seja alimentada só com guloseimas, todos os dias. "Corrigir o mau hábito adquirido nas férias é simples: ao término desse período, os alimentos que foram liberados nos dias de folga devem sumir dos armários da casa", diz.
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Diminuir as atividades em casa com os amigos
Esse hábito está longe de ser ruim, mas é pouco funcional no dia a dia. Afinal, para ter uma quantidade maior de crianças em casa, a rotina dos adultos também precisa sofrer adaptações, já que eles precisarão redobrar a atenção e os cuidados com elas. Por isso, na última semana de férias, vale a pena ir reduzindo as visitas, pouco a pouco, até que o clima da casa se normalize. É importante explicar que os amigos poderão ser vistos na escola ou nos fins de semana e que os dias úteis devem ser reservados para a família.
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Estipular uma hora certa para tomar banho
Nas férias, as crianças passam tanto tempo brincando, que o horário da chuveirada pode ser postergado inúmeras vezes e, em alguns casos, até esquecido. No entanto, com o retorno das aulas, é preciso voltar a cobrar o banho e, de preferência, sempre no mesmo horário. "Se os pais explicarem, as crianças entenderão que, nas férias, as atividades mudam a cada dia. Por isso, não há uma hora exata para o banho. Mas, com a rotina escolar, o banho precisa ser tomado no horário determinado pelos pais, para não atrapalhar os outros compromissos", diz o pediatra Felipe Lora.
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Limitar o tempo em frente à TV e o uso de celular e tablet
Sem aulas nem lição de casa para fazer, sobra muito tempo livre para as crianças aproveitarem os recursos de seus aparelhos eletrônicos. Mas é preciso impor limites aos pequenos, mesmo nas últimas semanas de férias. "É claro que eles podem jogar videogame, mas não o dia todo", diz a psicopedagoga Renata Yamasaki, especializada em orientação familiar pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo. Ela dá uma dica importante: para tirar o filho da frente de um dispositivo digital, não adianta apenas passar sermão. É mais eficiente apresentar outras opções de programas, passeios e brincadeiras, de preferência ao ar livre.
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Evitar o choque da criança ao retomar a agenda cheia
Ao passar do ócio das férias à vida corrida do dia a dia, a criança pode sentir bastante a mudança na rotina. Se ela der sinais de que está se desgastando demais para cumprir todos os compromissos, será preciso repensar a agenda. "Não é bom para ninguém viver nos extremos, sem tempo para nada ou sem nada para fazer. O melhor é equilibrar estudo, lazer e descanso", afirma o pedagogo Lino de Macedo, coordenador do Laboratório de Psicopedagogia da USP (Universidade de São Paulo).
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Voltar a manter a casa limpa e arrumada
De acordo com o pedagogo Lino de Macedo, com a proximidade da volta às aulas, não é preciso banir as brincadeiras com tintas ou a farra na cozinha, se a criança tiver vontade de ajudar em uma receita, por exemplo. Mas é fundamental ensinar os filhos a arrumarem a bagunça que fizeram. O compromisso deve ser encarado com mais seriedade ainda quando a criança está se preparando para retomar as atividades escolares, e o mesmo precisa mantido durante o período letivo. "É importante que os filhos aprendam a colaborar com os trabalhos domésticos. Isso vai prepará-los para o futuro, principalmente se não tiverem as mesmas facilidades que têm hoje, quando podem contar com um adulto que sempre ajeita tudo", fala.
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Ajudar o filho a ter os hábitos de estudar e ler
Não é porque não há dever de casa que a criança não pode nem pegar em um livro durante as férias. Pelo contrário, esse é o momento de ajudar o filho a desenvolver o gosto pela leitura. Se ele relaxou nesse período, antes das férias terminarem, é aconselhável estimulá-lo a retomar o hábito de ler. "Os pais podem procurar, junto com o filho, títulos que sejam interessantes para ele. Depois, devem se sentar com a criança, para lerem juntos. Se deixarem os filhos escolherem sozinhos o que querem fazer, é provável que a tecnologia chame mais a atenção", diz Renata Yamasaki.
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Não deixar a criança sentir falta da convivência próxima com os pais
É nas férias que muitas crianças podem curtir mais os pais e redescobrir o prazer que a companhia deles proporciona. Por isso, o início do novo período escolar pode trazer choro e manha. Para a gerente de varejo Fabiana Pacheco, convencer o filho a voltar para a escola foi um desafio que exigiu jogo de cintura. "Usei uma estratégia que funcionou bem: nos primeiros dias, eu o deixava escolher alguns brinquedos para levar para a escola. Aí, ele ficava todo animado para mostrá-los para os amiguinhos e ia embora sem chorar", conta.