Grupo de pais no Whatsapp integra, mas também gera saias-justas
Colaboração para o UOL, em São Paulo
25/08/2016 07h25
Um novo fenômeno de comunicação está adentrando as escolas: os grupos de pais no WhatsApp, aplicativo que conecta pessoas, possibilitando que conversem entre si virtualmente. Essa facilidade tem se revelado uma ferramenta prática para muitas famílias, já que permite trocar mensagens e combinar de alguém dar carona para o filho, por exemplo, em um dia que os pais terão de trabalhar até mais tarde.
Trata-se ainda de uma maneira de promover mais integração na comunidade escolar, pois as famílias podem marcar de se encontrar fora da escola para se divertir com as crianças. Por outro lado, surgem problemas. Muitos reclamam da postura invasiva e fofoqueira de alguns membros do grupo. Confira os depoimentos de cinco mães a respeito.
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Mariana de Freitas, 29, mãe de João Otávio, 8
"A comunicação entre os pais é muito importante, e a ferramenta facilita. Acho necessário conhecer quem são os amigos do meu filho e por meio do WhatsApp já promovemos encontros da turma e recorremos ao grupo para tirar dúvidas sobre o dia a dia da sala de aula. Mas já ocorreram situações desagradáveis, como quando algumas mães usaram o aplicativo para vender produtos, distorcendo a finalidade da reunião."
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Flávia Alves, 36, mãe de Giovana, 4, Felipe, 7, Gabriel, 12, Laura, 1
"Criei os grupos que reúnem pais das classes dos meus três primeiros filhos. Fui em busca dos contatos das mães e elas me elogiaram, porque não tinham pensado nisso antes. Montei os grupos para promover mais integração entre as crianças e entre os pais também, fazendo as famílias se conhecerem mais. Acho que essa é uma forma de comunicação fundamental, ainda mais para mim, que tenho quatro filhos e, às vezes, perco alguma reunião. O grupo funciona como uma rede de apoio: trocamos mensagens, por exemplo, quando surgem dificuldades com o dever de casa."
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Daniela Breveglieri, 39, mãe de João, 15, Cecília, 7, Alice, 6, Mozart, 1
"Sinceramente, não sou favorável a grupos dessa natureza, apesar de fazer parte de um. Para mim, o contato face a face é o ideal. Se o encontro presencial não é possível, existem outros meios, como telefone e e-mail, mais eficientes e pessoais a meu ver. Acredito que, em alguns casos, o grupo pode ser útil, mas na maioria das vezes é desnecessário e mal utilizado. Alguns pais recorrem ao WhatsApp para resolver questões que dizem respeito apenas aos alunos ou assuntos que expõem uma criança ou professor. Mas há quem se sinta mais confortável para fazer perguntas só porque está em um meio virtual e talvez não fizesse de outra forma."
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Luciana Felisbino, 39, mãe de José, 8, e Lorenzo, 5
"Falhas de interpretação de texto é um dos males que ronda esse tipo de comunicação entre pais, o que acaba ampliando certas conversas desnecessariamente. Além do mais, sinto que grupos de WhatsApp geram uma falsa intimidade. Algumas pessoas se consideram suas amigas só porque fazem parte do mesmo grupo, acabam achando que têm liberdade para escrever coisas que não seriam abordadas nem por amigos próximos. Outras conversam numa boa quando estão no ambiente virtual, mas nem olham na sua cara quando nos encontramos em festas das crianças e na porta da escola."
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Cynthia Ruy, 43, mãe de Giovana, 9, e Bruno, 16
"Algumas posturas são essenciais para fazer bom uso do grupo, como deixar assuntos particulares de fora e jamais usar o ambiente para promover negócios. Outra coisa importante é não julgar a escola ou algum professor nas mensagens sem saber a versão deles antes. Quando percebo que a conversa entre os pais está tomando um rumo equivocado, fico na minha, quieta. Não gosto de aproveitar a segurança aparente desses grupos virtuais para fazer algum tipo de fofoca, falar mal de quem nem sabe que está envolvido na conversa. Acho muito feio."