Sem neura ou intimidação: como pais devem lidar com a masturbação infantil
Do UOL
28/01/2017 04h03
Por volta dos dois anos, crianças começam a explorar mais o ambiente e o próprio corpo. Uma parte natural do desenvolvimento dela, de acordo com Marisol Sendin, pediatra e psicoterapeuta do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP). "Ela começa a mexer mais nos pés, joelhos, cabelos. Essa manipulação inicial é uma tomada do corpo pela criança", explica a especialista.
Nesta exploração, em um dado momento a criança descobre seus órgãos genitais. E percebe que esta é uma parte do corpo mais sensível e que, ao ser manipulada, dá uma sensação prazerosa. "A masturbação infantil é algo natural, mas não tem toda aquela carga erótica que o adulto vê", diz o psicólogo Roberto Debski, de Santos (SP).
A forma que os pais lidam com esta descoberta define a forma que o pequeno vai se relacionar com sua própria sexualidade. Mas como orientar a criança da melhor forma possível? O UOL consultou especialistas e dá dicas:
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Encare a situação com naturalidade
Assim como a vida sexual na fase adulta, a descoberta dos órgãos genitais pela criança é algo que faz parte do desenvolvimento humano. "A reação dos pais tem que ser o mais natural possível", fala Roberto Debski. "Se houver uma reação tranquila, o desenvolvimento sexual também vai ser mais natural futuramente". É importante deixar os julgamentos em casa e encarar a situação sem moralismos. "A inocência da infância não acabou. A criança está tendo uma experiência própria da idade. A sexualidade infantil é normal e vai acontecer ao longo dos anos até a adolescência e a vida adulta", complementa Marisol Sendin.
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Não faça chantagem
Às vezes, os adultos ficam ansiosos e acham que a melhor maneira de evitar que as crianças se manipulem em público e demonizar o ato. "Eles falam que vai fazer mal, que vai deixá-la louca", comenta Sendin. Isto, no entanto, é o pior jeito de lidar com a situação. "Não demonize a sexualidade. Então não faça chantagens, não dê tapas, não brigue. Em vez disso, os pais precisam conversar com a criança e fazê-la entender porque aquilo não deve ser feito em público", diz Debski.
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Fale sobre privacidade
Já que reprimir é o pior caminho, é preciso orientar a criança que este é o tipo de coisa que se faz em um lugar seguro e privativo. "No quarto dela, no banheiro. Não na frente de outros adultos ou de crianças maiores", fala Sendin. Isto ajudará o pequeno a entender que o corpo é dele e ninguém mais, além dele, deve tocá-lo. "Ele, então, não fica tão exposto e é mais protegido contra abusos sexuais", observa Debski.
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Alinhe abordagem com a escola
Conversar com a escola sobre esta fase do desenvolvimento da criança é crucial para traçar uma abordagem saudável. "Se não o pequeno fica confuso, porque ele pode ser reprimido na escola e em casa não ou vice-versa", aponta Roberto.
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Fique ligado se não é algo compulsivo
Porém, por mais que seja algo natural do crescimento, se a manipulação se torna algo compulsivo é importante ficar atento. "A criança pode estar buscando no estímulo um pedido de ajuda?, explica Marisol Sendin. A causa pode ser desde ansiedade e depressão até um problema físico, como irritação nos órgãos genitais. ?As crianças têm outras fontes de entretenimento, além da masturbação", afirma Roberto Debski. Para tirar o foco dela da área genital, é importante criar vínculos com ela. "Chame-a para conversar, para brincar. Pergunte como foi o dia dela. Mostre que se importa e que é uma fonte de atenção", complementa Sendin.