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Seu filho ficou de recuperação? Saiba o que não fazer

Pais devem acolher filho e ajudá-lo a montar rotina saudável de estudos, mantendo tempo para lazer e descanso - Getty Images
Pais devem acolher filho e ajudá-lo a montar rotina saudável de estudos, mantendo tempo para lazer e descanso Imagem: Getty Images

Do UOL

08/12/2016 07h00

Receber a notícia de que o filho ficou para recuperação não é fácil e, para muitos pais, pode gerar dúvidas sobre como agir nesse momento. Se uns tentam minimizar o problema, impedindo que o filho aprenda com seus próprios erros, outros pecam pelo excesso, impondo longas jornadas de estudo que só pioram o estado emocional da criança ou do jovem. Veja a seguir uma série de condutas da família consideradas inadequadas por Edimara Lima, vice-presidente da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia) e Viviane Rossi, psicóloga especialista em criança e adolescente.

  • Confundir dificuldade real com desleixo

    Para diferenciar um quadro de dificuldade real de aprendizagem da falta de interesse ou de empenho do estudante é necessário acompanhar de perto seu rendimento durante todo o ano. Isso inclui verificar lições de casa, resultados de provas e apresentação de trabalhos. Quando fazem isso regularmente, os pais percebem se um novo conteúdo é assimilado com facilidade ou dificuldade e podem, inclusive, oferecer ajuda antes, diminuindo os riscos de uma recuperação. O mau rendimento também pode ser resultado do estresse causado por uma morte na família, separação dos pais o outro tipo de trauma. Nesses casos, apenas o reforço escolar é insuficiente, sendo necessário o acompanhamento psicológico.

  • Menosprezar os sinais

    Dificuldades não surgem de uma hora para outra e alguns comportamentos podem denunciar que o quadro já não anda bem. Atitudes como resistência ao lidar com a matéria difícil, choro, esconder as provas e as notas não devem ser desprezadas. Assim como problemas para organizar a rotina de estudos, descanso e diversão. Muito tempo no celular, videogame e nas redes sociais fatalmente irá refletir em pouca atenção aos estudos, é preciso colocar limites e estabelecer horários. Quando os sinais passam despercebidos, a recuperação surge como um último recurso, mas, na maioria das vezes, torna-se ineficaz.

  • Exigir resultados espetaculares

    Em um mundo competitivo como o nosso, muitos pais exigem resultados escolares excelentes de seus filhos, principalmente daqueles se aproximam da época de prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o vestibular. As cobranças excessivas podem causar o efeito contrário, pois geram estresse, que prejudica a assimilação do conteúdo. Em casos de dificuldades de aprendizagem, a abordagem deve ser diferente e a expectativa dos pais, menor. É preciso lembrar que algumas crianças entram em recuperação mesmo estudando bastante e sendo responsáveis. Por isso, conversar com professores e coordenadores e buscar orientações sobre como lidar com o problema pode fazer uma grande diferença. Há também casos em que, apesar de saber o conteúdo, o jovem vai mal em uma tentativa inconsciente de chamar a atenção dos pais. É preciso avaliar caso a caso.

  • Fazer chacotas, piadas e comparações

    Alguns pais acreditam que, ao fazer piada sobre o fato de o filho estar de recuperação, tiram o peso da situação. Mas ao se tornar alvo desse tipo de brincadeira, o filho se sente desrespeitado, embora, muitas vezes, finja não ligar para o julgamento dos pais. As piadas frequentes funcionam como bullying e abalam profundamente a autoestima. A situação se agrava se houver comparações com o desempenho de irmãos ou colegas de turma. Outro comportamento inadequado é culpar o filho por atrapalhar as férias da família, voltando todas as opiniões contra ele e transferindo para a criança ou o adolescente a própria frustração. No caso de uma viagem programada, a decisão de cancelar ou não deve ser dos adultos e isso não pode ser um fardo emocional para o filho. É importante lembrar que, quando não encontram apoio, adolescentes ficam mais vulneráveis ao envolvimento com álcool e drogas. O acolhimento é fundamental.

  • Impor longas horas de estudo e cortar a diversão

    Quando não percebem com antecedência as dificuldades do filho na escola, alguns pais entram no "modo desespero" e criam uma jornada de estudos muito pesada para tentar correr atrás do prejuízo. São tardes inteiras dedicadas a aulas de reforço, acompanhadas da proibição de tudo o que gera prazer e diversão. A postura radical da família leva o jovem a associar estudo com punição e o desestimula ainda mais. É preciso haver uma hierarquia de tempo, criando uma agenda que contemple o descanso e o lazer.

  • Superproteger filho e brigar com a escola

    Não dar importância nenhuma à recuperação, brigar com professores ?sobretudo na frente do filho-- é uma falha grave dos pais, principalmente quando ela significa que não houve comprometimento do aluno com os estudos. Isso também vale para faltas, atrasos e não cumprimento de prazos na entrega dos trabalhos. Quando os pais não dão respaldo à escola, ensinam os filhos a não respeitarem as regras. É preciso haver um diálogo entre as partes para que todos assumam suas responsabilidades.