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1ª semana - Dois tracinhos no teste, descobrindo que sou mãe

Camila Gray/UOL
Imagem: Camila Gray/UOL

Beatriz Zogaib

05/06/2024 23h13

Engravidar é uma surpresa. Você pode ter planejado por meses ou ter só notado que a menstruação atrasou, mas os minutos que esperamos o resultado do exame inundam o corpo de ansiedade e milhares de pensamentos brotam na cabeça na velocidade da luz.

E agora? O que muda? Como vai ser? Meu peito inchou? E dinheiro? Médico? Tenho lista de nomes? Imagina se são dois? Antes que o cérebro consiga processar alguma das respostas, os tracinhos aparecem no teste e você tem sua resposta: Grávida.

Se você quer ser mãe, a torcida é que a notícia faça os olhos marejarem e que você não veja a hora de contar para quem tem por perto que a família vai crescer. Mas calma que tudo tem seu tempo e Materna está aqui para te ajudar com alguns pontos que são importantes ter em mente antes do chá revelação.

"A gente tem uma ilusão de que a gravidez está no nosso controle, mas costumo afirmar que não engravidar está um pouco mais em nossas mãos do que engravidar. As mulheres precisam estar um pouco mais conscientes disso, porque o controle do quando engravidar pode não estar nas nossas mãos", orienta a psicóloga existencial Maria Silvia Logatti. Abrir mão do momento perfeito ou até mesmo de ser perfeita por ter confirmado a gestação é o melhor caminho para lidar com uma possível frustração, ansiedade ou medo - isso, sim, podemos controlar.

Um bom começo é respirar e saber que, se você engravidou, seu corpo está mais do que apto a gerar uma vida. "A consulta pré-concepcional é quase uma utopia, e está tudo bem, a gente vai dar todas essas orientações a partir de agora, incluindo iniciar a ingestão de ácido fólico. No entanto, começar o ácido fólico pelo menos um mês antes da concepção é melhor", explica a ginecologista obstetra Julia Freitas, especialista em pré-natal de alto risco e parto humanizado.

Os primeiros mil dias do bebê valem por uma vida toda (e que eles incluem as primeiras semanas da gestação até o segundo ano de vida), mas a informação não deve ser aprisionante. "Calma, vamos fazer a nutrição adequada a partir de agora. Não necessariamente você vai ter um grande impacto por descobrir a gravidez depois, o importante é que você tome uma atitude assim que souber", tranquiliza a nutricionista e pesquisadora Daniela Bicalho.

É simples: aposte em uma alimentação baseada em alimentos in natura (frutas, verduras e legumes), de preferência sem agrotóxicos, junto a alimentos minimamente processados, como o arroz e o feijão. E a tal da atividade física? Se é sedentária, espere a consulta para, junto com o obstetra, planejar como e quando começará a se exercitar. Se já pratica exercício, mantenha, mas pegue leve até a consulta.

Na carreira, a dica é começar a se preparar para transformações. "Parar de ter um olhar romântico para a empresa que você trabalha é um primeiro passo, caso esteja empregada", aconselha Rita Monte, terapeuta somática fundadora da Escola de Mulheres Criadoras. Isso porque, segundo Rita, há sempre chances de demissão após o retorno da licença-maternidade. Triste, mas um ponto importante para se preparar com uma reserva financeira. Caso você trabalhe como autônoma, a certeza de meses afastada deixa mais clara a necessidade de organização com o dinheiro desde já.

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O teste de farmácia deu positivo, preciso fazer o de sangue?

Segundo a obstetra Julia Freitas, em geral não é necessário. Testes comprados em farmácia só mostram resultado positivo na presença do hormônio Beta-HCG e ele diz tudo: você está oficialmente gestando.

O exame de sangue seria bem-vindo em caso de negativo (os de farmácia podem dar falso negativo se tiver baixa quantidade do Beta-HCG no comecinho da gestação) ou caso seu médico solicite.

Duas listas aparecem no visor depois do famoso xixi no palito? Parabéns mamãe! Pode agendar sua primeira consulta de pré-natal - ela pode acontecer entre a quinta e sétima semana (conte as semanas a partir do primeiro dia da sua última menstruação).

Já conto para a família?

Costumam pedir para aguardar 12 semanas, tempo que acabou se tornando padrão pelo período em que é mais comum passar por uma perda gestacional. Mas vai de você entender se gostaria de ter apoio desde o comecinho, na alegria ou na tristeza.

"Quem é você? Como você gosta de viver as questões da sua intimidade? Compartilhando com os outros ou sozinha? Quem é a sua família? Pessoas que vão trazer acolhimento ou comentários indesejados?", sugere como reflexão a psicóloga existencial Maria Silvia Logatti. Escolha o que te deixe confortável.

E quando contar nas redes sociais?

Também depende. Sua conta é pública ou privada? Quem te segue? Como se sentiria se essas pessoas soubessem? Leve em conta como você gosta de viver experiências pessoais: sozinha, com pouca gente sabendo delas ou sem filtro?

Segundo a terapeuta integrativa Michelle Occiuzzi, especialista em comportamento materno, postar sobre a gestação é simplesmente expor socialmente a notícia.

"É natural compartilhar com o parceiro antes de tudo e depois com a família, mas tem mulheres que se sentem confortáveis em lidar coletivamente tanto com a alegria quanto com a frustração, caso o feto não se desenvolva. A questão é como é para você?."

Michelle lembra que a perda gestacional pode não acontecer, ou acontecer em qualquer momento, tanto da gravidez quanto da vida, e que você não deixará de ser mãe. A diferença é a amplitude da exposição: como, quanto e onde se sente melhor vivendo essa maternidade?

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  • Preciso parar a atividade física se der positivo? Não, pelo contrário. Se já fizer parte da sua rotina, continue. Estudos mostram que o exercício não aumenta o risco de aborto. Só é recomendado conversar com seu educador físico para adequar o ritmo.
  • Meu parceiro precisa participar do pré-natal? Não e sim. Não é obrigatório, mas essa jornada ajuda o casal a se conectar, o parceiro a entender a gestação, e contribui na hora do parto.
  • Posso continuar usando óleo essencial? Sim e não. Uso tópico sem problemas, mas não é recomendado a ingestão, pois não há estudos científicos que garantam a segurança ao ingerir.

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Será que são dois? O que muda na gravidez de gêmeos?

Há algumas mudanças sim, e a gente vai explicar. Se você se sentir mais preocupada logo de cara, fique em paz, é comum, é um susto pensar em passar por tudo em dobro. Mas você já viu muitos gêmeos por aí, não é mesmo? Dá tudo certo, tem quem diga que é bom que assim já tem irmãos e não é preciso embarcar em uma nova gestação.

Tentativas de calmaria a parte, saiba que as diferenças para uma gestação única começam cedo mesmo, pelo simples fato de termos maior quantidade de hormônio Beta HCG no sangue da gestante - o que pode trazer mais enjoo do que o esperado e até desembocar em uma hiperêmese gravídica (condição que requer mais cuidados devido à muitas náuseas e vômitos com risco de desidratação).

Porém, embora mais frequente, não é uma regra para toda gravidez gemelar - assim como também pode acontecer em uma gestação não gemelar, como foi o caso da apresentadora Tatá Werneck, que falou sobre isso publicamente após dar à luz sua filha Clara. E, sim, você pode estar grávida de gêmeos e ter aquele enjoo "tradicional", que passa feito mágica depois de 12 a 14 semanas.

Uma curiosidade: Muito se fala sobre os chamados gêmeos univitelinos ou monozigóticos (formados por um único óvulo e um único espermatozóide que, em algum momento, se dividem e geram gêmeos idênticos), e sobre os bivitelinos ou dizigóticos (formados por dois ou mais óvulos, fecundados por dois ou mais espermatozóides, formando indivíduos geneticamente distintos). Mas temos outras classificações pelo número de placentas e bolsas amnióticas.

Quando gêmeos dividem a mesma placenta, são monocoriônicos (o que só acontece com gêmeos univitelinos), e isso traz alguns pontos a mais de atenção durante o pré-natal. O que não acontece quando são duas placentas (bebês dicoriônicos) que podem dividir a mesma bolsa (monoamnióticos) ou ficar em bolsas separadas (diamnióticos). "Na gestação em que há uma placenta só para dois bebês, uma das preocupações é o crescimento seletivo, que é quando um dos bebês cresce mais que o outro", exemplifica a ginecologista obstetra Denise Theodosio.

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"Enquanto isso": Fernanda Witwytzky compartilha a história de suas trinta e duas tentativas de engravidar: um convite para refletir sobre o fato de que as melhores coisas da vida precisam ser cultivadas.

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