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Acolhendo a gestante em todas as suas vertentes


10ª semana - Algumas semanas, muitas escolhas e muitos exames

Camila Gray/UOL
Imagem: Camila Gray/UOL

Beatriz Zogaib

05/06/2024 23h06

Temos uma cultura de realizar muitos ultrassons no Brasil, o que não é necessário do ponto de vista médico, mas - atenção - uma quantidade mínima desse tipo exame é sim necessário, pois é através dele que o obstetra terá informações importantes sobre a evolução da gestação. Sem contar que é ali, naquela telinha preta e branca (que a princípio parece não nos deixar ver nada!) que podemos conhecer nosso bebê antes mesmo que ele nasça, inclusive ouvindo as batidas daquele pequeno coração.

"Existem ultrassons relevantes e outros que acontecem pelo lado social e familiar. Costumo incentivar que essa comunicação com o bebê seja de outra ordem, como perceber os movimentos, que é uma percepção que só a mãe tem inclusive, e é o mais importante para saber que está tudo bem", comenta a ginecologista obstetra Julia Freitas, especialista em pré-natal de alto risco e parto humanizado.

Precisa fazer todo mês? Não. Mas é preciso fazer todo o trimestre. "O primeiro ultrassom do primeiro trimestre é muito importante, em torno de sete semanas, especialmente quando precisa definir uma idade gestacional para o parto, ou quando tem uma doença de base que vai precisar induzir com 39 semanas, por exemplo, e a data da menstruação não é tão bem lembrada. Aí tem o ultrassom morfológico do primeiro trimestre, importantíssimo por vários aspectos, porque dá pra ver basicamente todos os principais órgãos, serve para ver aqueles parâmetros de síndromes genéticas, como a translucência nucal, além de avaliar o risco de pré-eclâmpsia, permitindo que o obstetra oriente sobre como reduzir as chances dessa doença potencialmente grave na gestação", explica a médica.

> No primeiro exame (feito, preferencialmente, entre a 7ª e a 10ª semana da gestação), além de verificar a idade gestacional, ainda é possível constatar se é uma gestação gemelar, enquanto a segunda ultrassonografia - feita entre 11 e 13 semanas e 6 dias de gestação, via transvaginal - identifica por exemplo a síndrome de down.

> No morfológico do segundo trimestre, entre 18 e 24 semanas, é hora que a grávida deve poder ver o sexo do bebê (se for sua vontade) - o que o pode ser detectado a partir da 16a semana - mas, principalmente, para analisar a possibilidade de malformação, condições da placenta e líquido amniótico. "É quando a gente avalia todos os órgãos e todas as medidas, porque é uma fase melhor em que o bebê está maior para ver as estruturas. E tem como realizar como complemento nesse exame a ecocardiografia fetal, que é uma avaliação só do coração", exemplifica a doutora Julia. Neste mesmo período, a gestante deverá fazer, via transvaginal, a avaliação do colo do útero, para avaliar o risco de parto prematuro. Uma nova lei, sancionada em 2023, inclusive, estabelece que as grávidas na rede pública de saúde devem ter acesso a pelo menos dois ultrassons transvaginais nos primeiros quatro meses, e ao ecocardiograma fetal.

> No terceiro trimestre, chega a hora que as grávidas mais gostam, quando podemos ver aquele bebê maiorzinho! "É uma avaliação para acompanhar o crescimento mesmo, e a frequência desse acompanhamento vai depender de doenças de base. Para uma gestante de risco habitual, indico esse ultrassom em torno de 36 semanas", diz a obstetra.

>>> E as consultas? São realizadas uma vez por mês. Diferentemente dos exames de sangue e urina, realizados uma vez por trimestre. A partir de 28 semanas, em geral, reduz-se o intervalo entre consultas, para a cada duas ou três semanas. E a partir de trinta e seis ou trinta e sete semanas, as visitas médicas são semanais. "A partir de 28 semanas, é interessante também realizar ultrassom mensal e, nesse finalzinho, depois de 34, 35 semanas e especialmente 36 semanas, você precisa do monitoramento fetal, com ultrassom casado com a cardiotocografia, que é um mapeamento da frequência cardíaca do bebê e da atividade uterina", explica Ana Paula Junqueira, ginecologista obstetra.

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Como lidar com o medo do aborto espontâneo

Não é fácil, a gente sabe, especialmente se a perda gestacional for tema familiar para você. "Em uma primeira gravidez espontânea, o medo de perder dificilmente vai ter um lugar de protagonismo, mas vai ocupar um lugar interessante porque vai fazer a gestante se cuidar, ir ao médico, fazer o pré-natal.. Mas se esse medo vem depois de uma perda gestacional , ou se vem em uma história familiar em que todas mulheres sofreram muitas perdas, esse medo vai ter um lugar no horizonte um pouco mais aceso. Se esse medo a paralisa ou a deixa fixada nessa questão, isso pode ser ruim e talvez seja importante buscar uma escuta especializada, para que essa mulher não viva a gestação em sofrimento psíquico sem suporte emocional", analisa a psicóloga Arielle Rocha Nascimento, que atua no acompanhamento de gravidez, infertilidade, reprodução assistida, parto e puerpério.

Nesses casos, é interessante falar do assunto com um terapeuta e tentar entender que essa probabilidade não é uma certeza, e mais: se acontecer - não será culpa sua! "Aborto é um tabu na nossa sociedade. Quando a mulher vai sofrer um aborto, ela pode abortar independente do que ela fizer. Uma gestação é forte, quando ela tem que acontecer, ela acontece, em situações de guerra inclusive. O aborto traz uma tristeza imensa, mas não é de responsabilidade da mulher segurar um bebê que seria abortado de qualquer forma", analisa a psicóloga existencial Maria Silvia Logatti. Segundo ela, algo que pode ajudar a entender que não está no seu controle é pensar que, ao invés de jogar para o universo, precisamos aceitar que essa é uma questão do universo. "A gente acha que tem o poder sobre tudo e não tem, não está no seu controle."

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Exercícios para o assoalho pélvico: quando, como e por que fazer?

O assoalho pélvico, como o nome diz, é uma espécie de piso formado pela musculatura dentro da nossa pelve óssea, a famosa "bacia", no quadril - sendo responsável pelo suporte dos órgãos do baixo ventre. "Ele forma uma redinha de sustentação das nossas vísceras pélvicas, sustentando a bexiga, o reto e o útero, com bebê ou não. Então olha só a importância dele na gestação", pontua a fisioterapeuta pélvica Carla Campos.

É com ele também a função de continência urinária e fecal, fechando o canal da uretra, do ânus e da vagina. "Quando está enfraquecido, o que é comum com o aumento do peso sobre a pelve, a gente pode ter a incontinência urinária, e a parte anal também comprometida. Além da sensação de frouxidão da vagina, queixa de algumas mulheres no pós-parto." Quer saber como e quando fazer os exercícios? Anote aí:

  • Comece agora (a partir de 12 a 15 semanas com a liberação do seu obstetra), e leve essa rotina de exercícios para a vida; eles sempre serão bem-vindos para sua saúde pélvica, especialmente depois dos trinta anos de idade
  • Você pode fortalecer a musculatura antes de engravidar, durante a gestação ou depois (mas se está lendo agora, não tem desculpa para deixar pra depois - é só esperar a décima segunda semana e falar com seu médico!)
  • Para ficar fácil, pense que os exercícios pélvicos são nada mais do que contração e relaxamento dos músculos dessa região, feitos de forma voluntária
  • O ideal é procurar uma fisioterapeuta pélvica, mas você pode começar em casa (depois de falar com o médico) alguns exercícios iniciantes: contraia como se fosse parar o fluxo de xixi (nunca durante a micção), e relaxe. Conte até dez repetições, descanse dois minutos e faça mais três séries de dez repetições (com intervalo de dois minutos entre as séries). Se preferir, espace as quatro séries durante o dia

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"Tudo bem não estar bem": convida a comportar a dor e não tentar negar o vazio da perda. Referência no apoio às pessoas enlutadas a partir de uma nova perspectiva, que ignora conselhos ineficazes e honra o amor.

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bianca - acervo pessoal - acervo pessoal
Bianca Fernandes, 31 anos, enfermeira, é mãe de Henrique, 2 anos e 5 meses
Imagem: acervo pessoal

"Fui enfermeira grávida na linha de frente da covid e ter fé me ajudou"



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