8ª semana - Nunca fiz exercícios, passou da hora de começar?
Sempre estamos em tempo de começar a nos movimentar. Estando grávida essa questão física pode parecer cada vez mais difícil, mas se alongar e fortalecer é necessário para ajudar na mobilidade.
É preciso apenas checar se está tudo bem com você e com o bebê nesse início de gestação. A primeira atitude, então, é procurar um médico para te acompanhar nesse período tão especial e, assim que ele te liberar para a prática de exercícios, procurar um professor(a) de Educação Física capacitado para planejar e periodizar seus treinos, de acordo com seus limites e realidade.
"Vale lembrar que os objetivos nessa fase não devem fugir do foco preventivo, da saúde, do bem-estar da gestante e do feto. Portanto, reduzir a intensidade no primeiro trimestre, até a formação total do bebê, é o mais coerente, embora alguns achem conservador demais", orienta Cau Saad, especialista do movimento e responsável por estudos científicos com gestantes.
É possível começar a praticar algum exercício (com exceção da corrida), a partir de quatro semanas, com a devida liberação do obstetra. "É preciso estimular a atividade física para as gestantes sedentárias, mas antes é preciso entender os motivos pelos quais ela não se exercitava, e o que poderia ser apresentado para ela, como exercícios que podem trazer um melhor equilíbrio entre corpo e mente, não só pensando no condicionamento físico", comenta a ginecologista obstetra Ana Paula Junqueira.
O acompanhamento de um profissional especializado em gestantes é o ideal, mas não necessariamente em modalidades normalmente associadas à gestação, como hidroginástica (tem umidade e temperatura altas, o que nem sempre é confortável nessa fase). "Se for uma mulher saudável, a atividade física direcionada pode acontecer quase no mesmo ritmo que ela leva a vida. Tem muita atividade no dia a dia dela que é mais pesada do que o exercício. Se ela tem um filho mais velho, por exemplo, qual a chance de não pegar o filho no colo, dar banho, limpar?", lembra Juliana Calheiros, especialista em treinos femininos, que atua com mulheres gestantes até pós-menopausa. "Esse pode ser um momento especial para não deixar mais o hábito sair da rotina."
Para as até então sedentárias, a notícia é animadora: embora estudos científicos mais antigos sugiram o treino a partir do segundo trimestre, hoje há evidências dos benefícios da prática regular dos exercícios desde o início da gestação. Entre eles, é possível destacar o controle de peso da mamãe e o bebê, controle do risco de desenvolver pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, condicionamento cardiovascular e melhora de aspectos mentais, como controle da ansiedade, depressão e picos de stress.
Ideal iniciar com intensidade leve e volume menor, isto é, treinos mais leves e com sessões entre 20 a 40 minutos, de duas a três vezes na semana, além de dar preferência a movimentos educativos, posturais, alongamentos, mobilidades articulares e práticas de respiração, e ir progredindo à medida que o corpo for se adaptando.
"Durante esse período, eu valorizo muito ensinar a ex-sedentária a criar uma consciência do seu corpo para usá-lo com mais ativação muscular e articular em todos os seus afazeres diários. Incentivo os exercícios resistidos, que lhe darão melhor suporte postural, muscular e articular, colaborando para futuramente evitar a lombalgia advinda da alteração do centro de gravidade", explica Cau Saad. A especialista pontua que, no primeiro trimestre, a gestante deve evitar atividades que gerem impactos ou riscos de queda. O foco é observar o controle do movimento seja feito de maneira correta e que a prática esportiva deva ser adaptada às necessidades ao longo da gestação (dias mais sensíveis, enjoos, náuseas).
De onde vem tanta vontade de fazer xixi?
Das mudanças pelas quais seu corpo está passando. "Tem mulheres que já no primeiro trimestre acordam à noite para fazer xixi, mas em geral, no terceiro trimestre não tem espaço na bexiga e aí não tem jeito, acordam mais de uma vez", comenta a ginecologista obstetra Denise Theodosio. Sim, já de cara, é normal a maior frequência urinária, pois você está com maior quantidade de líquido no corpo e seus rins estão atuando de forma mais eficiente com ajuda dos hormônios da gravidez, e o maior fluxo de sangue para ser filtrado. E, com o passar das semanas, vem o óbvio: o bebê cresce, o tamanho do útero acompanha e isso naturalmente pressiona a bexiga e diminui mecanicamente a capacidade de armazenamento de urina.
FInanças: comece a guardar dinheiro
Se sua gravidez foi planejada, o ideal era ter começado a ter uma reserva para a cobertura do período gestacional e pós-parto, incluindo gastos com saúde. Mas, se ela não foi planejada ou se não deu para começar a guardar dinheiro antes, fique tranquila: é super possível começar a se planejar agora, separando uma quantia mês a mês. Só não perca mais tempo, combinado? E esteja atenta para benefícios que você pode já ter direito sem saber, como a licença-maternidade para microempreendedor individual (MEI) se estiver já pagando as taxas devidamente.
"Para as mulheres que são autônomas, empreendedoras e MEI, reforço a ideia das reservas e do pagamento do INSS, pois há um prazo de carência de dez meses e é preciso manter os pagamentos atualizados. Se você tem algum outro tipo de empresa, converse com seu contador, para garantir que está recolhendo o INSS", lembra a educadora financeira Dina Prates. Não está em dia com os pagamentos ou não contribui? Foque na reserva!
Quanto guardar? O ideal é pensar em somar um valor de no mínimo seis meses de cobertura de custos fixos e pelo menos parte dos seus custos variáveis e, para isso, será preciso listar ambos. A parcela a ser guardada mensalmente a partir de agora vai ser definida a partir do montante que precisa ser poupado para cobrir essas despesas de seis meses. Olhe para sua realidade e entenda sua necessidade.
Onde guardar? Em investimentos que não sejam de risco - afinal, vamos precisar dessa grana uma hora, não é? Pense em renda fixa, poupança ou conta corrente digital que tenha rendimento automático, onde você consegue acessar sua reserva a qualquer momento e com a preservação do valor investido. A palavra de ordem é segurança, não rendimento. Para as contratadas CLT, a dica é quase a mesma, mas vale pensar em renda fixa com liquidez, como CDBs (Créditos de Depósito Bancário) com liquidez diária ou tesouro SELIC. E se há um prazo maior para precisar da reserva, pense em um CDB com período sem retirada do valor (seis meses, um ano, dois anos?).
"O que esperar quando você está esperando": um dos livros mais famosos desde 2004, com respostas tranquilizadoras em um guia completo para a gravidez, desde a fase do planejamento até o pós-parto.
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