Topo

Materna

Acolhendo a gestante em todas as suas vertentes


8ª semana - Nunca fiz exercícios, passou da hora de começar?

Camila Gray/UOL
Imagem: Camila Gray/UOL

Beatriz Zogaib

05/06/2024 23h07

Sempre estamos em tempo de começar a nos movimentar. Estando grávida essa questão física pode parecer cada vez mais difícil, mas se alongar e fortalecer é necessário para ajudar na mobilidade.

É preciso apenas checar se está tudo bem com você e com o bebê nesse início de gestação. A primeira atitude, então, é procurar um médico para te acompanhar nesse período tão especial e, assim que ele te liberar para a prática de exercícios, procurar um professor(a) de Educação Física capacitado para planejar e periodizar seus treinos, de acordo com seus limites e realidade.

"Vale lembrar que os objetivos nessa fase não devem fugir do foco preventivo, da saúde, do bem-estar da gestante e do feto. Portanto, reduzir a intensidade no primeiro trimestre, até a formação total do bebê, é o mais coerente, embora alguns achem conservador demais", orienta Cau Saad, especialista do movimento e responsável por estudos científicos com gestantes.

É possível começar a praticar algum exercício (com exceção da corrida), a partir de quatro semanas, com a devida liberação do obstetra. "É preciso estimular a atividade física para as gestantes sedentárias, mas antes é preciso entender os motivos pelos quais ela não se exercitava, e o que poderia ser apresentado para ela, como exercícios que podem trazer um melhor equilíbrio entre corpo e mente, não só pensando no condicionamento físico", comenta a ginecologista obstetra Ana Paula Junqueira.

O acompanhamento de um profissional especializado em gestantes é o ideal, mas não necessariamente em modalidades normalmente associadas à gestação, como hidroginástica (tem umidade e temperatura altas, o que nem sempre é confortável nessa fase). "Se for uma mulher saudável, a atividade física direcionada pode acontecer quase no mesmo ritmo que ela leva a vida. Tem muita atividade no dia a dia dela que é mais pesada do que o exercício. Se ela tem um filho mais velho, por exemplo, qual a chance de não pegar o filho no colo, dar banho, limpar?", lembra Juliana Calheiros, especialista em treinos femininos, que atua com mulheres gestantes até pós-menopausa. "Esse pode ser um momento especial para não deixar mais o hábito sair da rotina."

Para as até então sedentárias, a notícia é animadora: embora estudos científicos mais antigos sugiram o treino a partir do segundo trimestre, hoje há evidências dos benefícios da prática regular dos exercícios desde o início da gestação. Entre eles, é possível destacar o controle de peso da mamãe e o bebê, controle do risco de desenvolver pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, condicionamento cardiovascular e melhora de aspectos mentais, como controle da ansiedade, depressão e picos de stress.

Ideal iniciar com intensidade leve e volume menor, isto é, treinos mais leves e com sessões entre 20 a 40 minutos, de duas a três vezes na semana, além de dar preferência a movimentos educativos, posturais, alongamentos, mobilidades articulares e práticas de respiração, e ir progredindo à medida que o corpo for se adaptando.

"Durante esse período, eu valorizo muito ensinar a ex-sedentária a criar uma consciência do seu corpo para usá-lo com mais ativação muscular e articular em todos os seus afazeres diários. Incentivo os exercícios resistidos, que lhe darão melhor suporte postural, muscular e articular, colaborando para futuramente evitar a lombalgia advinda da alteração do centro de gravidade", explica Cau Saad. A especialista pontua que, no primeiro trimestre, a gestante deve evitar atividades que gerem impactos ou riscos de queda. O foco é observar o controle do movimento seja feito de maneira correta e que a prática esportiva deva ser adaptada às necessidades ao longo da gestação (dias mais sensíveis, enjoos, náuseas).

Newsletter Materna - Sem vergonha de perguntar Matéria -  -

De onde vem tanta vontade de fazer xixi?

Das mudanças pelas quais seu corpo está passando. "Tem mulheres que já no primeiro trimestre acordam à noite para fazer xixi, mas em geral, no terceiro trimestre não tem espaço na bexiga e aí não tem jeito, acordam mais de uma vez", comenta a ginecologista obstetra Denise Theodosio. Sim, já de cara, é normal a maior frequência urinária, pois você está com maior quantidade de líquido no corpo e seus rins estão atuando de forma mais eficiente com ajuda dos hormônios da gravidez, e o maior fluxo de sangue para ser filtrado. E, com o passar das semanas, vem o óbvio: o bebê cresce, o tamanho do útero acompanha e isso naturalmente pressiona a bexiga e diminui mecanicamente a capacidade de armazenamento de urina.

Newsletter Materna - Troca sincera Matéria -  -

FInanças: comece a guardar dinheiro

Se sua gravidez foi planejada, o ideal era ter começado a ter uma reserva para a cobertura do período gestacional e pós-parto, incluindo gastos com saúde. Mas, se ela não foi planejada ou se não deu para começar a guardar dinheiro antes, fique tranquila: é super possível começar a se planejar agora, separando uma quantia mês a mês. Só não perca mais tempo, combinado? E esteja atenta para benefícios que você pode já ter direito sem saber, como a licença-maternidade para microempreendedor individual (MEI) se estiver já pagando as taxas devidamente.

"Para as mulheres que são autônomas, empreendedoras e MEI, reforço a ideia das reservas e do pagamento do INSS, pois há um prazo de carência de dez meses e é preciso manter os pagamentos atualizados. Se você tem algum outro tipo de empresa, converse com seu contador, para garantir que está recolhendo o INSS", lembra a educadora financeira Dina Prates. Não está em dia com os pagamentos ou não contribui? Foque na reserva!

Quanto guardar? O ideal é pensar em somar um valor de no mínimo seis meses de cobertura de custos fixos e pelo menos parte dos seus custos variáveis e, para isso, será preciso listar ambos. A parcela a ser guardada mensalmente a partir de agora vai ser definida a partir do montante que precisa ser poupado para cobrir essas despesas de seis meses. Olhe para sua realidade e entenda sua necessidade.

Onde guardar? Em investimentos que não sejam de risco - afinal, vamos precisar dessa grana uma hora, não é? Pense em renda fixa, poupança ou conta corrente digital que tenha rendimento automático, onde você consegue acessar sua reserva a qualquer momento e com a preservação do valor investido. A palavra de ordem é segurança, não rendimento. Para as contratadas CLT, a dica é quase a mesma, mas vale pensar em renda fixa com liquidez, como CDBs (Créditos de Depósito Bancário) com liquidez diária ou tesouro SELIC. E se há um prazo maior para precisar da reserva, pense em um CDB com período sem retirada do valor (seis meses, um ano, dois anos?).

Newsletter Materna - Livro de cabeceira Matéria -  -

"O que esperar quando você está esperando": um dos livros mais famosos desde 2004, com respostas tranquilizadoras em um guia completo para a gravidez, desde a fase do planejamento até o pós-parto.

Newsletter Materna - Na minha pele Matéria -  -

karen - acervo pessoal - acervo pessoal
Karen Jabur, secretária executiva, 42 anos, mãe de Vinícius, 11 anos, Eduardo, 7, e Gabriela, 2
Imagem: acervo pessoal

"Após duas FIVs e três cesáreas de emergência, tive que confiar no corpo"



Uma breve pausa!